Lili entrevista | Silvio Almeida

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Lili Schwarcz
Lili recebe o jurista, professor e presidente do Instituto Luiz Gama, Silvio Almeida, autor do livro...
Video Transcript:
[Música] eu tenho aqui é imensa honra alegria de está com um grande intelectual silvia almeida possível medida é diretor dá certo do instituto legião as leis grana é tem a formação dele em direito e em filosofia da aula na fgv e uma 15 e é autor deste livro fundamental para nós o racismo estrutural que fala dessa desse grande nó brasileiro e como o ciro sempre diz não vamos ter nunca uma democracia no brasil se nós não tivermos também se nós admitirmos a existência do racismo como agente admite então vou começar pelo bê abá quanto aqui
pra gente o que é racismo estrutural título do seu livro este conceito não foi por mim criado obviamente é um conceito que tem uma certa tradição anos estudos das relações raciais é que o racismo ele ele mais do que ser produzido pelos indivíduos ele produza os indivíduos de produtos sujeitos portanto acima e se configura como um fenômeno que está atrelado a outras condições como por exemplo as condições políticas as condições econômicas e é e as condições também da própria constituição da subjetividade ou seja o racismo é um processo então esse conceito pouco de certa forma
é deslocar análise da da questão da raça para os elementos é da política das relações de poder do direito da economia e das relações subjetivos bem nessa linha é pra você existem diferenças entre não ser racista e ser uma pessoa anti racista sinto uma diferença fundamental não é você não ser racista simplesmente quer dizer que você é não se sente compactuando né com esse processo é de sindh e interiorização de violência contra certos grupos agora isso não é suficiente para que a gente possa entender é o máximo se reproduz porque se eu começar a perguntar
para as pessoas é fazê lo acho que agora nós mas vai dizer que não como uma pessoa famosa pesquisa que teve aqui nos anos 90 enquanto ceasa no brasil - racista mas o brasil assista brasil é então vai sentindo então tem a ver com a questão racial cultural seja pra que nós possamos de fato é lutar contra o racismo é fundamental que nós temos uma postura anti racista o que significa jogar a questão do nível das estruturas ou seja eu tenho a seguinte como funciona direito como é que o direito à ajuda é reproduzir de
ajuda reproduzir também como a política relações de poder estão configurados mesmo que você não seja racista jogar parado significa você tá no interior de estruturas que vão reproduzir essa loja e tá né e do ponto de vista econômico também eu sei como é a própria lógica da economia organizada de tal sorte que você possa você perceba que a desigualdade econômica estruturado em bases racionais também quem é que está a questão muito importante e me chama muito atenção que como toda vez que a gente fala de racismo a as pessoas alocam o problema das populações negras
ou afro-descendentes racismo é um problema só negou receio é fundamentalmente um problema de brancos de branco também fundamentalmente porque ôôô o branco é uma grande contradição é porque o branco é o seguinte ele só isso funciona enquanto branco se ele negar o próprio pertencimento a um determinado grupo ele tem que ser ele tem que se considerar ser considerado como um padrão universal sendo que todos os outros são brancos são exceções branca critério né o barça de pep por isso que o teto fosse um livro é muito duro ser um branco na periferia do capitalismo é
muito difícil porque você só consegue porque você é branco dentro é das suas relações no interior do seu país né dentro de um determinado contexto quando você vai para os contextos do capítulo desenvolvidos da europa nos estados unidos você não é branco então quer dizer mas é muito duro né assim esse na verdade é o fato do homem branco na periferia do capitalismo é para fazer um clipe você precisa mesmo tempo ficar abaixo na cabeça né pelos brancos tudo isso entre o capitalismo e por outro lado você precisa também ficar oprimindo aqueles que estão próximos
de você então é uma grande contradição e por isso que eu digo você não tem nenhuma luta política por uma transformação social é nos países é subdesenvolvido da periferia do capitalismo se a gente não quebrar essa estrutura é que reproduz as relações raciais dessa maneira você dar mais um exemplo dizer para você me dizer se reproduz ou não que muitas vezes agora com o crescimento da ti vizta em do movimento negro que é um filme em teu nome na minha opinião da maior importância nessa sacudindo as estruturas por exemplo até da academia da universidade que
são estruturas estão tão rígidas mas começa uma conversa toda de racismo reverso que é também é exatamente isso ou seja o problema não sou eu é o que o outro está me causando se falarem um pouco a sua opinião sobre rádio no reverso ou nenhuma brinca quando chegou pela cobra é que ninguém faz o menor sentido ea idade raça mudança é tão engraçada porque olha só como se falasse no reverso reversa porque está reconhecendo alguma coisa que tá tá errada ao contrário então quem maioria não é o certo o racismo o racismo lugar certo racismo
em que o branco o prêmio negro reverso porque porque está fora de lugar é porque não está no lugar certo né você quando o negro é o primeiro branco a irreverência o racismo na verdade ele só pode existir se você tem uma estrutura social que é coloca e se identifica esses grupos que cria suas subjetividades dentro desse grupo e que estabelece as relações de prover que independem inclusive do propósito do indivíduo se vão aqui pousar no brasil nós estamos em um país que foi o último a abolir a escravidão que recebeu quase a metade de
todos os africanos e africanas que saíram compulsoriamente do seu continente nós temos aqui uma situação que o que esse quanto de passado existe nosso presente tem uma coisa pessoa que eu gosto muito de evidenciar é eu tenho muito problema com essa ligação direta com as pessoas fazem entre escravidão e racismo dizendo que a senhora entre a escravidão eu estou vivendo escravidão hoje porque isso dá dá dá azo a que nós falamos que o racismo é um resto de escrever e fiquei fã é e aí qual seria a solução um choque de modernidade no shopping uma
isso seja o que houve é uma cerveja o racismo e foi reconfigurado dentro das novas a nova institucionalidade brasileira pós abolição o fim da abolição você tem a escravidão ea escravidão ela ela se é ela se o jeito que os negros eram tratados do prédio da escravidão se reconfigura para tratar os negros no período no período pós abolição como racismo seja o racismo é o resultado de uma reconfiguração estrutural no período pós abolição fazendo com que áreas novas e adicionais e é isso é importante vencer porque não dizê e quem fala isso é o bar
ele fala não existe racismo sem teoria o assunto será tema teoria do sus que o sustente então tem que ter a escola assim como o senhor como ninguém escreveu isso no seu livro o espetáculo das raças e tem que ter é e intelectuais têm que ter faculdade de direito tem que ter mudança natural tendência porém são as instituições que convencem reproduzam a subjetividade para funcionar parte dessa lógica da desigualdade tanto que como é que se combate o racismo com política tem que usar política então se você precisa o o o combate ao racismo é é
uma fã e depende de uma reorientação ecológica e política da sociedade até e precisa de narrativas históricas vezes o que você não vai fazendo não é coisa da áfrica né não foram não foram os portugueses foram os próprios africanos ficou lá ver naquela linha e aí o que acontece e você precisa também destruir a dissidência todo mundo pensa o contrário se você tirar da universidade você precisa desmoralizar o jornalista então jornale ver o que acontece com paulo freire assim é uma loucura né mas assim mas é uma loucura mas o aluguel mas é uma loucura
projetada tal porque você fica parado porque o paulo freire daí você vai começa entendendo o que o assunto vai falando se daquele jeito todo até indignação era doce não falou e provedor da adenosina vamos dar a educação dos adultos da see pensa num de vez e ele o inimigo não é então a quando fala do simbólico é o símbolo muito legal né mas ele precisa disputar o simbólico também eu sempre te ver everton e edu quem fala é que o time fala é é a eficácia simbólica do poder político eu acho que a gente tem
que discutir a eficácia política no poder sem baixo então vamos falar de do que as pessoas muitas vezes confundem cotas com ações afirmativas políticas em prol da igualdade racial social vamos lembrar um pouco essas coisas você podia falar um pouquinho da sua posição toda vez que você foi em toda uma política de ação afirmativa tem que pensar em três coisas parecem que têm só uma questão ética política nosso objetivo é de político a segunda coisa é pensar nas questões técnico jurídicas ou seja como você em quadra qualquer medida de promoção da ação afirmativa dentro do
arcabouço jurídico legal no brasil eo terceiro ponto é a questão de natureza administrativa ou se aí você vai entrar com eficiência qual é a forma mais eficiente de você promover o resultado se for cota e da cota só agora se eu for e se essa cota às vezes não for suficiente para promover o resultado esperado com menor esforço e com o tempo reduzido eu sou contra cotas eu sou a favor a pergunta tem que tem que ser feito é outra você você é contra ou a favor da promoção o melhor você é contra ou a
favor da igualdade igualdade aí eu posso responder porque aí já o o o discurso o debate ético se a cota for mais eficiente você tem que ser porque não faz sentido a pessoa fala assim eu sou a favor do poço em igualdade mas sou contra cotas não tem que ser posto em igualdade se a cota for a medida técnica mais eficiente não é uma questão lógica racional tem sanfona escola das contas em si uma pergunta que está muito no nosso ambiente contemporâneo porque a gente tá falando aqui basicamente de raça não é como um marcador
de diferença ea gente sabe que há uma questão que está explodindo agora que é justamente a como é que dialogam tensamente marcadores com raça e gênero nessa intersecção e tem todo um movimento negro feminino feminista como você quer chamar que tem incluído na tensão no interior do próprio movimento negro como é que você vê esse momento contemporâneo primeiro eu acho que as mulheres negras lideram um movimento negro 5 ponto e nosso no brasil e no mundo inteiro os grandes nomes do movimento negro hoje eu falo não apenas o convidado da ação política e de ativismo
político mas também da produção intelectual são as mulheres negras os brasileiros tiveram a condição isso por conta vejam só mulheres negras e hoje não as mulheres negras eu acho que historicamente elas foram constituindo formas de resistência né e de aprimoramento política e depois se revelaram hoje cruciais porque a gente está vendo no mundo de hoje é a posição dos amigos né e agora exatamente os homens negros ele está numa posição muito complicada porque porque os homens negros eles são eles foram vitimados pela armadilha da masculinidade a masculinidade ela ela também é constituída estruturalmente de tal
sorte que a mobilidade é também de certa maneira certamente sinônimo de poder e submissão então a mostra é construída sem o homem o homem se faz homem naturalmente porque por conta do domínio que ele tem sobre as mulheres têm uma questão essencial a questão política mesmo então ser homem é ser você e afirmar diariamente o seu domínio sobre as mulheres seguras do mundo só que a masculinidade negra e branca é diferente o homem branco ter essa oportunidade ainda partido que a partir de um poder que é natural poder inclusive é quase que um assento marcado
às instituições na representatividade política no imaginário social né aquele homem que manda o que inteligente está sempre vem à mente a figura do advogado a figura do homem branco então vejo e desde criança o milho branco falava com seu lindo como ela é bonitinha ou isso aí vai constituindo portanto a masculinidade pode ler-se lugar e poder público cativo o homem o homem negro tem a sua masculinidade construída a partir de um outro lugar porque o lugar da mocidade negra era um lugar de domingo sobre as mulheres negras é a partir desse lugar que construído sem
poder está no lugar onde o homem branco está agora ou seja as mulheres nem mesmo a mais aceita é sempre coisa os homens negros estão deslocados os homens negros estão eles não têm eles não estão demonstrando a capacidade de conversar inclusive por conta da masculinidade conversar e dialogar entre si e dialogar com os mulheres negras é esse o problema e ao mesmo tempo você tem um contexto de extermínio da juventude negra e que é uma juventude negra masculina jovem é você já pesquisou muito jovens é por um áudio das fêmeas de libidinal nega essa energia
queda do 7o da transformação do mundo também estão sendo assassinados então esse processo todo o processo político que tem a discussão da masculinidade com um ponto central né mas não se discute uma solenidade a pena do ponto de vista ético do ponto de vista psicanalítico só é a discutir mais qualidade e desconcertante é discutir como é as estruturas sociais e políticas molda o ser homens e mulheres ser negro uma maneira cruzado eu costumo dizer para as minhas irmãs negras é uma coisa que eu falo um livro é você não tem como você desvincular raça de
gênero assim é impossível porque a construção da raça passa necessariamente pelo controle da sexualidade das mulheres negras e brancas também porque a construção da raça é a construção também do imaginário e também de uma prática em que você tem a idéia da pureza racial em algum erro algum tipo de dispositivo seja dá cor à pele a pertencimento cultural e religioso ou coisa do gênero então é necessário é necessário que você controle a sexualidade das mulheres negras e também controla a sexualidade e outro das mulheres brancas também para que elas não se misturem com raças diferentes
então todo o projeto de construção do racismo é um projeto também de construção do domingo sobre a liberdade das mulheres o rascunho prejudica todo mundo ele prejudica os negros fundamentalmente mas ele também pole e se diminui todas as possibilidades assistenciais das pessoas brancas sua luta contra o racismo em uma luta por um mundo se parado então dúvida disso no mundo mais inclusivas urubu bom vocês vou vir aqui o grande professor silva meira eu recomendo muito o livro que eu se inscreveu racismo estrutural e volta a uma série de temas que nós tratamos aqui e eu
vou terminar como eu comecei porque aprendi isso com o filme que nós não teremos um brasil mais republicano mais democrático se nós não enfrentarmos esse nokia é a questão racial no brasil no mundo que estão ligadas à célula do filme de gagá dos bons galera
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