meu nome é Ana Maria dos Santos Tenho 79 anos e sou uma sobrevivente do Sertão cresci em um lugar onde o chão rachado pela seca era mais comum do que um sorriso minha história é feita de muita luta muita dor mas também de fé e esperança aos 10 anos perdi meu pai para a seca e minha mãe precisou ser mais forte do que qualquer mulher deveria ter que ser lembro como se fosse ontem das Noites em que dormíamos com fome das roupas que eram sempre remendadas e dos olhares de pena ou zombaria na escola Mas
acima de tudo lembro da força que encontrei na terra seca do Nosso Quintal foi ali naquele chão estéril que comecei a plantar meus sonhos hoje eu olho para trás e vejo que tudo valeu a pena tenho filhos netos e uma família que é meu maior orgulho mas mais do que isso eu me tornei alguém que conseguiu mudar a realidade ao seu redor Esta é a minha história a história de uma menina que enfrentou a seca e transformou o nada em abundância quando penso na minha infância o que me vem à mente primeiro é o som
do vento assobiando entre as árvores secas eu nasci e cresci no sertão nordestino num pedaço de terra onde parecia que Deus tinha esquecido de mandar a chuva nossa casa era de Barro batido coberta com palha e ao redor tudo o que se via era um Horizonte de chão rachado e arbustos espinhentos eu era a segunda filha de cinco irmãos meu pai Seu Antônio era um homem de poucas palavras mas de mãos calejadas pelo trabalho ele fazia de tudo para sustentar a gente cortava lenha criava umas poucas cabras e plantava milho que quase nunca vingava por
causa da seca já minha mãe dona Rosa era a fortaleza da família ela levantava antes do sol nascer e só parava Quando a Noite chegava nunca vi reclamar AOS 7 anos eu já entendia o que era a vida dura carregava latas d'água na cabeça por quilômetros junto com meus irmãos e ajudava minha mãe a catar gravetos para fazer o fogo do fogão apesar de tudo minha mãe nunca deixava faltar um pouco de esper quando a comida era pouca ela dividia o que tinha e dizia um dia isso vai mudar minha filha Deus sempre dá um
jeito mas a seca daquele ano foi cruel meu pai ficou doente ele passava dias toindo e mal conseguia levantar nós não tínhamos médico nem remédio a única coisa que minha mãe podia fazer era ferver umas ervas que ela colhia no mato e rezar para que ele melhorasse só que ele não melhorou lembro como se fosse ontem do dia em que ele partiu Minha mãe estava sentada ao lado dele segurando sua mão Ele olhou para nós que estávamos amontoados num canto do quarto e disse com a voz fraca cuidem uns dos outros e nunca desistam depois
que ele se foi nossa vida ficou ainda mais difícil minha mãe fazia de tudo para colocar um pouco de comida na mesa mas muitas vezes íamos dormir de barriga vazia foi nessa época que comecei a sentir um aperto no peito um desejo de mudar aquilo eu não sabia como Mas alguma coisa me dizia que eu precisava fazer algo uma tarde enquanto eu buscava água no poço vi uma árvore carregada de frutas no quintal de um vizinho era um buseiro forte resistente à seca com os galhos cheios de pequenos frutos verdes fiquei fascinada e Se a
gente pudesse ter algo assim no nosso quintal pensei foi nesse dia que minha ideia nasceu mal sabia eu que aquela pequena Esperança seria o começo de uma mudança para minha vida inteira depois daquele dia em que vi um buo cheio de frutos minha cabeça nãoa de pensar na ideia de plantar alguma coisa no nosso quintal era um pensamento ingênuo para uma menina de 10 anos que mal sabia o que era possível fazer numa Terra tão seca mas eu sentia que precisava tentar voltei ao poço no dia seguinte e reparei nas margens da estrada ali no
Meio do pó e das Pedras vi umas plantas pequenas teimosas tentando crescer peguei algumas sementes que pareciam ter caído das plantas maiores e as guardei no bolso do vestido Meu Coração batia rápido era a primeira vez que eu sentia que estava levando um pedaço de esperança para casa quando cheguei fui direto para o quintal o chão Era duro seco quase impossível de cavar peguei um pedaço de madeira que usávamos como enchada e comecei a raspar a terra minha mãe que estava perto lavando roupa olhou para mim e perguntou o que você está fazendo Ana quero
plantar essas sementes mãe vai que elas crescem e dão alguma coisa ela me deu aquele sorriso cansado mas cheio de carinho e disse pode tentar filha mas não se desanime se não der certo foi assim que comecei plantei as sementes no quintal debaixo de um sol escaldante E usei a pouca água que tínhamos para molhá-las cada gota era preciosa mas eu achava que valia a pena o sacrifício nos dias seguintes comecei a cuidar daquele pedacinho de terra como se fosse um tesouro meus irmãos Riam de mim diziam que eu estava perdendo tempo que nada crescia
ali mas eu não ligava todos os dias eu regava conversava com a terra e olhava ansiosamente para ver se algo brotava foi só depois de semanas que vi um pequeno sinal de vida uma das sementes tinha germinado e um brotinho Verde saía da terra fiquei tão feliz que comecei a gritar mãe nasceu Olha só nasceu minha mãe veio correndo e viu o pequeno broto ela sorriu me abraçou e disse Você tem um coração grande minha filha continue cuidando dele aquele broto foi minha primeira vitória ele me deu força para continu depois disso comecei a prestar
ainda mais atenção nas margens das estradas e nos Terenos baldios PES ghos eudo o que aa que podia vezes meu irmão mais velho João me auda carrear água para o quintal mesmo zombando de mim também comeou a torcer pelos meus brotos com o tempo nosso quintal ganhou pequenos pontos verdes eram só mudas mas eu já conseguia sonhar com árvores carregadas de frutas e um lugar onde a sombra não fosse um luxo aquela Esperança começou a transformar a minha forma de ver o mundo foi nesse período que entendi algo importante Às vezes a gente só precisa
plantar a primeira semente minha felicidade com os brotos no quintal Não durou muito O Sertão é cruel e eu logo aprendi que nada na vida vem sem dific depois de algumas semanas o sol castigante começou a secar minhas plantinhas mesmo regando com o pouco de água que tínhamos elas não conseguiam resistir à força da seca certa manhã foi ao quintal e vi que a maioria dos brotos tinha morrido só sobrou aquele primeiro o mais forte mas até ele parecia estar lutando para se manter vivo senti um nó na garganta era como se minha esperança esse
secando junto com aquelas plantas minha mãe me viu chorando e veio me consolar ela se ajoelhou ao meu lado olhando para o último broto que ainda resistia e disse filha a terra precisa ser preparada para receber a vida do mesmo jeito que o coração da gente precisa de força para enfrentar as dificuldades não desista agora você já conseguiu mais do que muita gente consegue aquelas palavras me deram ânimo eu limpei as lágrimas e Prometi a mim mesma que não ia desistir se a terra estava dura eu a amolecer se o sol era forte demais eu
encontraria uma forma de proteger as plantas no dia seguinte comecei a juntar pedaços de madeira e tecidos velhos que encontrei pela casa fiz pequenas proteções para as plantas usando as sombras improvisadas para tentar reduzir o calor direto do sol meu irmão João vendo minha determinação resolveu me ajudar ele trouxe mais Galhos e até fez um pequeno cerca para proteger as mudas das Galinhas que ficavam soltas pelo quintal mas nem todos tinham a mesma paciência ou fé alguns vizinhos começaram a rir da gente vocês acham que vão fazer uma floresta no Sertão e um deles disse
a menina devia estar é ajudando a mãe em vez de perder tempo com isso outro comentou cada vez que eu ouvia essas palavras meu coração doía Mas em vez de desistir elas me faziam querer provar que eles estavam errados era como se minha vontade de vencer ficasse ainda maior foi nessa época que comecei a colecionar mais sementes sempre que encontrava uma fruta eu guardava as sementes em uma lata velha minha mãe começou a fazer o mesmo quando ela ia ao mercado trocar farinha por outras mercadorias trazia sementes de abóbora melancia e até feijão aos poucos
meu pequeno Jardim começava a ganhar mais vida apesar dos avanços o caminho continuava difícil muitas vezes a fome apertava e eu sentia culpa por usar par da água para regar as plantas mas minha mãe sempre me dizia essas plantas são o nosso futuro um dia elas vão alimentar a gente e foi nessa fé que continuamos dia após dia o Jardim crescia mesmo que dev e cada broto que resistia era uma vitória eu sentia que não estava apenas plantando sementes na terra estava plantando sonhos no meu coração ainda não sabíamos mas aquele pequeno quintal estava prestes
a se tornar algo muito maior do que poderíamos imaginar Depois de meses de esforço suor e esperança algo mágico aconteceu o um broto que tinha sido o primeiro a nascer começou a crescer de verdade ele ganhou folhas mais fortes e resistentes e um dia para minha surpresa Eu vi algo pendurado em seus Galhos pequenos frutos verdes olha mãe ele tá dando fruta gritei correndo para dentro de casa minha mãe veio correndo e ficou olhando para o Umbuzeiro com os olhos brilhando ela tocou os frutos com delicadeza como se estivesse segurando algo precioso eu te disse
minha filha que o esforço nunca é em vão Esse é só o começo aquela árvore se tornou um símbolo de resistência e esperança paraa gente cada fruto que ela dava era dividido entre todos nós E era como se estivéssemos comendo o primeiro pedaço de um sonho que estava começando a se realizar mas não foi só um buzeiro que trouxe alegria algumas das sementes que havíamos plantado começaram a dar sinais de vida também de um pedaço de terra tão seco que mal dava para andar descalço começamos a colher pequenas porções de abóbora feijão e até melancia
era pouco mas era nosso a primeira vez que conseguimos preparar uma refeição com aquilo que plantamos Foi um momento inesquecível Minha mãe fez um ensopado simples com as Abóboras que havíamos colhido mas para nós era um banquete sentamos todos juntos ao redor da mesa e minha mãe antes de servir fez uma oração Senhor obrigada por nos dar força e por nos abençoar com essa colheita que seja a primeira de muitas Depois da oração comemos em silêncio saboreando cada pedaço como se fosse um tesouro foi ali que entendi o verdadeiro significado da palavra gratidão mas o
sertão ainda nos colocava à prova Nem sempre as colheitas davam certo muitas vezes as plantas não resistiam à seca e tínhamos que recomeçar tudo do zero e foi durante um desses períodos de dificuldade que um homem chamado seu Zé um vizinho distante veio nos visitar seu Zé era conhecido por ser um dos poucos no vilarejo que tinha experiência com plantações maiores ele viu o que estávamos fazendo no quintal e disse vocês T futuro aqui mas precisam aprender a lidar com a terra posso ensinar algumas coisas se que minha mãe aceitou na hora e eu fiquei
tão empolgada que comecei a fazer perguntas antes mesmo de ele terminar de falar seu Zé me ensinou aar o solo a escer as melores ses e até a usar o esterco das cabas como adubo foi como seess aberto nov P para nós o tempo nos quint comeou a se transformar não era mais apenas um pedaço de terra dura e seca agora era um lugar onde a vida florescia onde os frutos começavam a ser mais constantes e onde eu podia sonhar com algo maior Eu sabia que ainda tínhamos um longo caminho pela frente mas a primeira
colheita me mostrou que tudo era possível com trabalho fé e coragem com as lições de seu Zé e a ajuda incansável da minha mãe Nosso Quintal foi tomando uma forma que eu nunca poderia imaginar antes até terra que antes era apenas um pedaço seco e estéril agora tinha fileiras organizadas de plantações o Umbuzeiro seguia firme crescendo a cada dia como uma sentinela protegendo nossa pequena horta Mas além das plantas outra mudança começou a acontecer os olhares dos vizinhos as mesmas pessoas que antes Riam do meu esforço agora passavam na frente do nosso quintal e paravam
para observar alguns comentavam entre si quem diria que ia dar certo parece que essa menina tem o dedo verde uma tarde uma vizinha chamada Dona Sida apareceu na nossa porta com um cesto vazio nas mãos ela olhou para minha mãe e disse Rosa você acha que poderia me ensinar a plantar umas coisinhas no meu quintal também não quero mais depender só do que compro no mercado minha mãe sorriu olhando para mim e respondeu que podemos Sida a Ana tem cuidado de tudo ela pode te ensinar foi assim que começou o que eu chamava de troca
de sementes a cada semana alguém do Vilarejo aparecia pedindo dicas ou querendo levar uma muda para começar sua própria plantação em troca eles traziam sementes diferentes ou até pequenos presentes como ovos farinha ou artesanatos feitos em casa Nosso Quintal já não é apenas nosso ele estava começando a transformar a vida de outras pessoas também mas nem tudo eram flores enquanto o Jardim ganhava raízes nossa vida ainda era marcada pela luta diária o dinheiro era escasso e a fome ainda batia à porta de vez em quando minha mãe mesmo Exausta continuava fazendo pequenos trabalhos para os
vizinhos costurando ou lavando roupas para ganhar algumas moedas Eu sabia que ela precisava de ajuda mas ao mesmo tempo sentia que o quintal podia ser a resposta para aliviar parte daquele peso então comecei a pensar em maneiras de expandir o que já estávamos fazendo lembrei que seus Zé tinha comentado sobre a importância de ter mais árvores no quintal especialmente aquelas que poderiam dar frutos e sombra então comecei a juntar mais sementes de árvores frutíferas como manga Caju e goiaba eu não sabia quanto temp levaria para elas crescerem mas estava determinada a plantar agora pensando no
futuro foi durante essa fase que algo inesperado aconteceu um senhor que morava em outra comunidade veio até nossa casa dizendo que tinha ouvido falar do nosso quintal ele nos trouxe uma muda de maracujá e disse ouvi dizer que vocês têm feito Milagres por aqui quero ver se conseguem fazer essa crescer também peguei aquela muda como se fosse um troféu plantei perto de uma cerca que meu ir mão tinha construído e comecei a cuidar dela com o mesmo carinho que tinha dado ao um buzeiro aos poucos o maracujá começou a crescer subindo pela cerca e dando
seus primeiros frutos meses depois quando colhemos o primeiro maracujá foi como um sinal de que estávamos no caminho certo aquele quintal não era mais apenas um lugar para plantar era um símbolo de superação resiliência e fé no futuro Eu ainda era só uma menina mas algo dentro de mim já dizia que aquele Jardim era só o começo de algo muito maior com o passar do tempo o Umbuzeiro cresceu tanto que sua sombra já cobria uma boa parte do quintal aquele era o lugar preferido da minha mãe para descansar depois de um dia de trabalho e
também virou meu refúgio sentávamos ali lado a lado enquanto ela costurava ou remendava nosas roupas e eu observava cada detalhe das plantas ao redor o Jardim já não era apenas uma horta era um lugar vivo cheio de cores e cheiros as flores começavam a atrair borboletas e as abelhas zumbiam pelo quintal polinizando as plantas para mim aquilo era mágico mesmo em meio ao Sertão árido a vida estava Floro as visitas dos vizinhos se tornaram frequentes e mais gente começou a pedir ajuda Foi aí que minha mãe teve uma ideia Por que a gente não junta
o que sobra das nossas colheitas e troca por outras coisas na feira assim podemos trazer mais sementes ou até comida para complementar o que temos naquele sábado eu e meu irmão João pegamos uma cesta com algumas abóboras feijões e folhas de couve e fomos para Feira da Vila era a primeira vez que eu sentia que nosso esforço tinha um valor real na feira as pessoas nos olhavam com curiosidade muitos achavam difícil acreditar que aquelas abóboras tinham vindo de um quintal no meio do Sertão uma senhora se aproximou e perguntou de onde vocês tiraram essas abóboras
tão bonitas do Nosso Quintal respondi com orgulho ela olhou para mim com admiração e trocou a abóbora por um pedaço de carne seca foi a primeira troca que fizemos e eu nunca vou esquecer a sensação de levar aquele pedaço de carne para casa Minha mãe quase chorou quando viu você está fazendo mais por essa casa do que imagina Ana ela disse me abraçando mas o Jardim não só trazia alegria ele também começou a atrair os desafios da vida a seca naquele ano foi mais Severa do que o normal e a pouca água que tínhamos mal
dava para o básico lembro de Noites em que minha mãe ficava acordada pensando em como faríamos para manter as plantas vivas Nossa previv foi então que seé apareceu de novo dessa vez trazendo uma ideia queia vocês fazer degu daa não auds como eesg esri doado quando Mesmo Sem Entender direito eu e João começamos a juntar os materiais necessários quando a primeira chuva veio semanas depois vimos os tambores se enchendo e parecia que tínhamos encontrado um tesouro com a água coletada conseguimos manter as plantas vivas durante os meses mais difíceis e mais do que isso aprendemos
que no Sertão cada gota conta aos poucos o Jardim continuava crescendo assim como minha fé na sombra do eu sonhava com um futuro onde aquele pedaço de terra seria muito mais do que um quintal eu não sabia como mas sentia que estávamos construindo algo que duraria para além de nossas vidas a notícia do nosso quintal começou a se espalhar além da Vila as pessoas ouviam falar de uma família que tinha transformado um pedaço de terra árida em um espaço cheio de vida e cor o que começou como visitas de vizinhos se formou em encontros maiores
alguns vinham buscar sementes outros pediam para aprender as técnicas que tínhamos usado e havia até quem aparecesse só para ver o Umbuzeiro que já era o maior da região eu com meus 14 anos comecei a me sentir responsável por ensinar tudo o que sabia explicava como preparar o solo Como plantar em épocas de seca e como fazer a água render o máximo possível mas na verdade o que eu queria mesmo era mostrar as pessoas que com esperança e esforço elas também poderiam transformar suas vidas foi em um desses encontros que conheci Dona Júlia uma senhora
que morava em uma comunidade Ainda Mais afastada ela veio com o marido um homem magro e calado carregando uma sacola cheia de sementes ouvi dizer que você faz milagre com sementes menina será que pode me ajudar nossa terra é tão seca que nada vinga peguei as sementes dela e Prometi ajudá-la a plantar no quintal da casa dela naquela semana foi com minha mãe e João até a comunidade de Dona Júlia o caminho era longo e difícil mas quando chegamos entendi o porquê do desespero dela a terra era ainda mais seca do que a nossa no
início passei horas explicando o que fazer mostrando como cavar buracos mais Fundos e usar os restos de folhas e cascas como a plantamos algumas sementes juntas e antes de ir embora eu disse vai dar certo Dona Júlia só não desista alguns meses depois ela voltou à nossa casa com um sorriso no rosto e uma cesta de mandioca deu certo Ana minha terra está viva de novo isso aqui é para agradecer foi nesse momento que percebi algo muito importante Nosso Quintal não era mais só nosso ele estava ajudando outras pessoas a encontrarem esperança e ao fazer
isso algo maior estava nascendo Mas nem tudo era fácil meu irmão João começou a falar em sair da Vila para procurar trabalho ele dizia que por mais que o Jardim ajudasse ainda faltava muita coisa para termos uma vida melhor você sabe que eu não quero ir Ana Mas preciso ajudar de outra forma aqui as oportunidades são poucas a ideia de perder João maior companheiro me deixou com o coração apertado mas eu sabia que ele estava certo então no dia em que ele partiu nos despedimos na sombra de um buzeiro cuida bem disso aqui tá ele
disse apontando para o Jardim prometi que cuidaria mas por dentro me sentia como uma das plantas que não conseguia se firmar mesmo assim eu sabia que precisava continuar enquanto isso Nosso Quintal seguia crescendo e com ele as pessoas ao nosso redor começaram a mudar um dia se Zé me chamou para falar algo que me deixou sem palavras Ana você não percebeu mas você virou uma Líder por aqui o que você está fazendo Está inspirando muita gente eu uma menina simples do Sertão nunca tinha me imaginado como algo além de uma filha e uma Sonhadora mas
naquele momento comecei a enxergar que talvez houvesse algo maior reservado para mim e para o nosso Jardim e mesmo com a saudade de João continuei firme porque sentia que cada semente plantada carregava um pedaço de nós de nossa história e de nossa luta os meses passaram e o Jardim continuou crescendo mas havia algo em mim que sentia falta de João ele sempre fora meu braço direito meu companheiro em todas as dificuldades sua partida não apenas deixou um vazio em nossa casa mas também em meu coração eu sabia que ele estava buscando uma vida melhor mas
o sertão parecia menos brilhante sem ele por perto foi uma tarde quente de agosto quando a notícia chegou João estava voltando não foi um telefonema ou uma carta mas a chegada dele com os pés cansados e um sorriso tímido no rosto era o que eu mais esperava ele apareceu na porta de casa com a mochila nas costas e uma expressão que misturava cansaço e esperança Ana eu voltei ele disse como se precisasse que eu acreditasse no que estava acontecendo Eu não consegui segurar a emoção corri até ele o abracei forte e Senti o cheiro da
Terra em suas roupas como se ele tivesse trazido um pedaço do Sertão com ele eu soube que você estava com saudades e percebi que o meu lugar era aqui com vocês João disse olhando ao redor Como Se Fosse a Primeira vez que via o Jardim Florescer de verdade minha mãe temem que estava na cozinha ouviu os passos e antes mesmo de ver quem era exclamou João meu Deus meu filho você voltou aquele abraço aquele reencontro parecia ser a redenção que a nossa pequena família precisava Mas o mais importante era que ao voltar João trouxe consigo
algo que eu não esperava ideias ele havia aprendido com o tempo na cidade e queria trazer novidades para o nosso quintal eu vi em uma fazenda da cidade uma técnica que pode ajudar a nossa terra a crescer mais rápido se vocês me ajudarem podemos aumentar Nossa produção e vender o que sobrar não precisa ser só pra gente podemos ajudar mais gente do que já ajudamos João começou a falar sobre irrigação com gotejamento um sistema que usava menos água e ajudava as plantas a crescer de forma mais eficiente ele também trouxe sementes de outras regiões que
poderiam se adaptar melhor ao nosso clima árido minha mãe e eu estávamos mais do que prontas para colocar as ideias dele em prática com as mudanças Nosso Quintal começou a ganhar ainda mais força as novas técnicas permitiram que a água fosse utilizada com mais eficiência e as plantas que antes eram escassas começaram a se multiplicar o Umbuzeiro ainda era o orgulho de todos mas agora havia tomates alfaces e até árvores de Caju espalhadas pelo terreno João agora com um novo olhar sobre a vida no sertão parecia mais determinado do que nunca ele me ensinou sobre
as necessidades do solo Como identificar sinais de que as plantas estavam doentes e até mesmo como vender nossos produtos na feira estabelecendo uma troca justa com os outros moradores da Vila eu me sentia mais próxima do que nunca de meus sonhos o Jardim que antes era apenas um lugar de sobrevivência estava se tornando uma fonte de sustento e inspiração para todos ao nosso redor as trocas de sementes e as visitas para aprender com a gente continuaram e aos poucos os moradores começaram a plantar mais e mais criando uma rede de hortas no se e ao
lado de João eu finalmente percebi o quão forte e resiliente nossa família era o que começou com um pequeno sonho de plantar para sobreviver agora estava se tornando um movimento de transformação e mais importante cada passo dado ali no chão seco estava nos levando para um futuro mais promissor era início de uma nova estação e o sertão começava a mostrar sua face mais dura novamente a chuva que parecia ter nos dado um alívio desapareceu mais cedo do que o esperado o céu que costumava ser uma promessa de renovação agora se mostrava uma tela cinza e
vazia A seca chegou sem aviso Mais Cruel Do que qualquer outra que já havíamos enfrentado nosso jardim que parecia Imbatível agora enfrentava uma luta desesperada as folhas começaram a murchar a terra ressecada fazia com que as plantas não conseguissem mais tirar a água do solo e a colheita que esperávamos com tanto carinho parecia escapar entre nossos dedos durante aquelas semanas de seca intensa eu sentia a frustração se acumulando dentro de mim tudo o que eu havia trabalhado todo o esforço que a gente colocou naquele pedaço de terra Parecia ter sido em vão lembro-me de olhar
para o Umbuzeiro que já não dava tantos frutos como e me perguntar se conseguiríamos passar por aquilo João com os olhos cansados e uma expressão preocupada começou a buscar alternativas ele sabia que se não fizéssemos algo logo Nosso Quintal poderia desaparecer Foi então que ele teve uma ideia radical precisamos de um poço disse ele e se fizermos um poço artesiano aqui no quintal vamos precisar de ajuda mas essa pode ser a nossa salvação eu olhei para ele sem saber o que pensar a ideia de perfurar o chão parecia usada demais mas João estava determinado Vamos
tentar se não der certo ao menos tentamos tudo o que podíamos com a ajuda de alguns vizinhos e a força de vontade de todos começamos a perfurar o poço as ferramentas não eram modernas e o trabalho era árduo cada dia parecia que o poço estava cada vez mais fundo e ao mesmo tempo o cansaço e a angústia cresciam a terra que antes parecia Gentil agora era Implacável a sensação de impotência era grande mas a esperança ainda que pequena ainda estava ali depois de semanas de muito esforço O Milagre aconteceu quando a broca atingiu uma camada
mais profunda a água começou a jorrar do fundo da terra era uma água limpa e fresca que parecia um bálsamo para as nossas almas cansadas a alegria tomou conta de todos nós não só a nossa família mas também os vizinhos que estavam ali para nos apoiar começamos a utilizar a água com sabedoria irrigando as plantas e garantindo que pelo menos uma parte do nosso jardim sobrevivesse à seca mesmo com o poço as dificuldades não desapareceram imediatamente a seca durou meses mas nós estávamos mais preparados para enfrentá-la eu João e minha mãe passávamos horas cuidando das
plantas tentando garantir que elas tivessem o máximo de cuidados possíveis e aos poucos a terra que antes estava seca e sem vida começou a mostrar sinais de resistência o Umbuzeiro com a água do poço deu alguns frutos e as hortas que estavam quase morrendo começaram a se recuperar eu percebi que mais uma vez o Jardim havia nos ensinado algo fundamental a força da paciência e da persistência foi nesse período difícil que nosso pequeno quintal nosso jardim de superação se consolidou como um símbolo de resistência não apenas para nossa família mas para toda a comunidade eles
viam nossa luta e sabiam que não estávamos sozinhos o sertão que era um lugar de dificuldades agora se tornava também um local onde a Esperança podia Florescer mesmo nas piores adversidades a seca talvez tivesse nos mostrado o pior do Sertão mas também nos revelou o melhor a capacidade de Resistir e de lutar pela vida seja com o que tivermos seja com a força que a terra nos dá a vitória sobre a seca foi mais do que um triunfo para a nossa família ela reacendeu uma chama de esperança em toda a comunidade quando a água do
poço começou a fazer efeito no nosso jardim a notícia se espalhou como fogo no mato o sertão com sua Dura realidade Parecia ter dado uma trégua e a sensação de que poderíamos enfrentar qualquer adversidade se fortaleceu mas ao mesmo tempo eu percebia que a luta não era apenas nossa as outras famílias da Vila também estavam sofrendo com a seca e nem todas tinham a mesma sorte de ter um poço artesi então João e eu decidimos que era hora de dar um passo além vamos compartilhar essa água se conseguimos todos podem conseguir ele disse eu sabia
que ele estava certo se não estivéssemos todos unidos o impacto da seca poderia ser muito maior para algumas famílias a primeira ação Foi simples dividimos a água do poço com os vizinhos que mais precisavam começamos a levar água quem tinha hortas peores frutíferas que est morrendo o estivo comeou aale os laços entreos e mais famiz paraar por aí temposões para a Sec Amp foi que comei a conversar com outros moradores sobre a criação de um projeto comunitário de irrigação queríamos que todas as famílias da região tivessem acesso a um sistema de irrigação eficiente igual ao
que João implementou em nosso jardim foi um trabalho árduo cheio de desafios não tínhamos os recursos financeiros que precisaríamos para fazer isso de maneira grande mas com a ajuda de todos conseguimos reunir algumas doações e material de construção eu minha mãe João e outros moradores começamos a construir de irrigação entre as propriedades aproveitando ao máximo a água do nosso poço a solidariedade foi a chave para que o projeto desse certo Logo muitas famílias estavam implantando seus próprios sistemas de irrigação e o sertão que antes parecia incapaz de sustentar tantos começou a se transformar em um
local de abundância compartilhada o Jardim que comecei com minha mãe tornou-se o coração de um movimento maior que englobava toda a comunidade a cada colheita as famílias trocavam os produtos que sobravam e ajudavam umas às outras formando uma rede de apoio sólida e mesmo com os desafios que surgiam a cada dia algo dentro de mim dizia que estávamos no caminho certo a luta pela terra pela sobrevivência e pela dignidade era de todos cada pedaço de terra cultivado cada semente plantada se tornava uma promessa de de que não haveria mais espaço para o desespero foi quando
vi isso em ação que percebi que o que tínhamos construído não era apenas uma horta ou um jardim era um símbolo da Força da união e da Esperança nosso pequeno Quintal com a ajuda de todos tornou-se o que sempre soubera que poderia ser um espaço de vida de prosperidade e acima de tudo de solidariedade naquele Sertão onde a seca reinar a nossa comunidade mostrava que com união e trabalho duro poderíamos transformar até mesmo o solo mais árido em um lugar fértil e foi com essa força coletiva que enfrentamos o próximo desafio que viria em nossa
jornada com o tempo a nossa pequena comunidade do Sertão começou a se destacar a ideia de compartilhar recursos e de trabalhar juntos em prol da Sobrevivência e prosperidade ganhou força I que tínhamos com o jardim e com as técnicas de irrigação passou a ser referência para muitas outras vilas e até para cidades mais distantes e embora nunca tivéssemos buscado fama ou reconhecimento a mudança que estávamos promovendo foi impossível de ignorar foi quando recebemos uma visita Inesperada um representante de uma ONG ambientalista ele ouviu falar sobre o nosso projeto de irrigação e queria saber mais no
início fiquei cética o sertão para nós sempre foi um lugar onde as coisas aconteciam com suor trabalho árduo e acima de tudo paciência não esperávamos que alguém de fora se interessasse por nossa luta o homem chamado Henrique ficou impressionado com o que viu ele percorreu os jardins conversou com os moradores e ao final disse isso é incrível o que vocês fizeram aqui é um exemplo para o mundo inteiro vocês têm as soluções agora precisam de mais apoio para expandir foi ali que começamos a ver a possibilidade de algo maior Henrique e sua organização ofereceram apoio
financeiro e Logístico para ampliarmos nosso projeto era uma oportunidade Rara mas também nos deixou em dúvida como preservar o que tínhamos criado de forma simples e autêntica sem perder nossa essência ao o apoio externo João sempre pragmático foi o primeiro a expressar suas preocupações temos que tomar cuidado Ana não podemos deixar que a ideia de crescer nos Tire o controle sobre o que estamos fazendo aqui temos que ser fiéis à nossa forma de vida eu compartilhei a mesma preocupação mas ao mesmo tempo sabia que esse apoio poderia nos ajudar a enfrentar novos desafios que estavam
por vir a seca já não era a única ameaça ao nosso jardim as condições do solo as mudanças climáticas e até o aumento da população estavam começando a pressionar ainda mais a nossa capacidade de sustentar todos a ajuda externa poderia significar mais recursos para enfrentar tudo isso depois de conversarmos bastante decidimos aceitar o apoio da ONG mas com a condição de manter o controle sobre as decisões do projeto o mais importante para nós era garantir que a nossa comunidade não fosse transformada em um lugar onde a solidariedade fosse substituída por interesses [Música] financeiros com os
recursos da ONG conseguimos expandir o sistema de irrigação melhorar a infraestrutura e até criar uma pequena Escola Comunitária onde as crianças e jovens da Vila poderiam aprender sobre agricultura sustentável vimos pela primeira vez que nós a luta estava criando raízes em algo mais profundo não se tratava apenas de cultivar a terra tratava-se de cultivar uma nova maneira de viver mais consciente mais conectada com a natureza e com os outros reconhecimento embora importante não era o que nos movia o que nos movia era o desejo de dar a nossas famílias nossos filhos e netos uma vida
mais digna e cheia de possibilidades sabíamos que ainda havia muito trabalho a ser feito mas estávamos mais preparados para enfrentá-lo ao olhar para o futuro com a ajuda que recebemos e o que já havíamos conquistado eu tinha a sensação de que tudo o que passamos havia sido para algo maior nosso jardim nossa luta nossa história de superação estava inspirando outros e o melhor de tudo estávamos transformando a aridez do Sertão em um lugar de vida e abundância o tempo passou e com o crescimento do nosso projeto muitas coisas mudaram o Jardim que um dia era
apenas uma maneira de garantir a sobrevivência da noa famíli seou em um símbolo de esç e prosid para to da comunidade Ases que plantamos não er maisen de hortaliças frutas também de uma nov mentalidade a colaboração e trabal Eme er fundais a Doo a nossa casa também passou a se encher de novos desafios os filhos de João e os meus começaram a se envolver no trabalho do Jardim e logo nossos netos também estavam participando não apenas na parte prática mas na administração e organização do projeto comunitário eles eram as novas gerações que viam o trabalho
da terra de uma maneira diferente mais moderna e consciente mas ao mesmo tempo que celebrávamos o da nossa família e do nosso trabalho surgiram novas dificuldades o aumento da produção exigiu mais mão de obra mais cuidados com o solo e mais atenção às questões ambientais e com isso as responsabilidades aumentaram para todos nós João que sempre foi o meu apoio estava começando a sentir o peso do trabalho constante será que vamos conseguir manter tudo isso funcionando e ele me perguntou uma noite quanto observávamos o céu estrelado Eu sabia que as dificuldades eram grandes mas também
sabia que não havia volta o que começamos juntos não era algo que poderíamos simplesmente deixar para trás a responsabilidade agora era maior não só por nossa família mas por toda a comunidade que dependia de nosso exemplo e de Nossas ações foi nesse momento de incerteza que um evento inesperado ocorreu a seca que parecia já ter noos dado uma trégua voltou com força total mais uma vez o sertão nos desafiava mas agora não estávamos sozinhos o apoio que tínhamos de nossa comunidade a experiência adquirida ao longo dos anos e a tecnologia de irrigação que implementamos antes
nos deram uma base mais sólida para enfrentar essa nova crise não podemos desistir agora já passamos por muita coisa juntos eu disse a João que ainda estava apreensivo vamos utilizar tudo o que aprendemos e mais importante vamos continuar unidos Isso é o que nos fortalece foi nesse período difícil que descobrimos a importância de ter uma base de apoio sólida nos reunimos com os outros membros da comunidade para traçar novas estratégias e buscar soluções para o que estava por vir o que antes Parecia um projeto Pequeno com o passar do tempo e das dificuldades se transformou
em algo muito maior não era mais apenas sobre a terra e o Jardim agora tratava-se de uma rede de pessoas que se ajudavam mutuamente com o apoio de todos conseguimos construir um sistema de irrigação ainda mais eficiente utilizando mais o máximo possível dos recursos naturais ao nosso redor criamos cisternas de captação de água da chuva e começamos a estudar forma de conservar o solo de maneira mais eficiente e com tudo isso conseguimos garantir que o jardim e a comunidade passassem pela seca novamente embora a luta fosse constante agora estávamos mais preparados para enfrentá-la e mais
importante ainda entendemos que a verdadeira força não vinha de nossas mãos sozinhas mas da união e da capacidade de Superar juntos qualquer desafio que a vida nos impusesse a nossa família com seus filhos e netos se tornava cada vez mais parte do legado que começamos e eu via com orgulho que nossos valores estavam sendo passados para as futuras gerações o que começou como uma simples tentativa de fazer a terra florescer agora era um exemplo de como mesmo no sertão mais árido a vida podia crescer e prosperar quando a união e a determinação estavam no centro
de tudo os anos passaram e com eles a nossa comunidade foi se transformando de maneir que nunca imaginamos o que comeou como um esforço familiar para garantir nossa sobrevivência e a deguns vizinhos agora era um modelo de sustentabilidade que insira até cidades distantes de cer forma nossa pequena no sertão virou exemplo para outos que assim como nós enfrentavam os desafios da seca e da aridez do solo eu sempre soube que a verdadeira transformação viria da terra mas agora eu via que ela não era apenas física o sertão que antes era visto como um lugar de
dificuldades passou a ser reconhecido por sua capacidade de adaptação e resistência e tudo isso começou com a nossa família o trabalho árduo as dificuldades e até os momentos de incerteza haviam moldado não só a nossa maneira de cultivar a terra mas também de cultivar nossa visão de vida nossos filhos agora adultos e nossos netos estavam mais envolvidos do que nunca eles não só cuidavam da horta e das plantas mas também ajudavam a organizar eventos e reuniões com outras comunidades para compartilhar o que havíamos aprendido foi nesse período que começamos a expandir ainda mais nossa rede
nossos Jardins não eram mais apenas um lugar de cultivo mas centros de aprendizagem e troca de experiência algumas vezes organizávamos Encontros com outros grupos da região para discutirmos formas de usar tecnologias alternativas Como a energia solar e a coleta de água da chuva que ajudavam a tornar o processo de cultivo mais eficiente e sustentável o sertão estava mudando e junto com ele a nossa família e a nossa visão de futuro quando me lembro da menina que aos 12 anos plantou suas primeir sementes em meio à terra seca não consigo deixar de sorrir eu estava ali
agora com 79 anos com filhos e netos ao meu lado e a mesma terra que parecia tão Implacável agora era nossa aliada nosso jardim tornou-se um lugar de referência não só para o sustento da nossa família mas para o sustento de muitas outras famílias ao nosso redor o trabalho que fizemos Começando por um simples desejo de ter algo bonito e fértil no meio da aridez agora era parte de algo muito maior sabíamos que ainda havia muito a fazer mas também sabíamos que as sementes que plantamos não eram apenas de plantas mas de mudança foi nesse
momento que começou a surgir uma ideia mais ousada se nosso modelo de cultivo poderia ser replicado em outros Sertões quem sabe poderíamos criar uma rede de jardins sustentáveis ligando as comunidades e garantindo que as dificuldades de uma não se tornassem o fardo de outra criamos então o projeto sementes de esperança uma rede de comunidades que compartilhavam conhecimento recursos e experiências para cultivar a terra de maneira sustentável e cooperativa o sucesso foi surpreendente o projeto se espalhou por várias vilas e cidades do Sertão e logo outras reg do Brasil começaram a se interessar pela nossa abordagem
o que começou com um sonho simples e uma luta pelo alimento agora se tornava um movimento que visava mudar a realidade do Sertão e quem sabe do país O mais incrível de tudo foi ver como as novas gerações se apropriaram do nosso trabalho meus netos que cresceram com o Jardim no fundo de casa agora estavam criando seus próprios projetos e ensinando aos mais jovens as lições que aprenderam eles me mostram a cada dia que a esperança que plantamos ainda tem raízes Profundas que vão continuar a crescer por muito tempo às vezes me pego olhando para
o céu com as estrelas brilhando e penso em tudo o que já passamos olho para os meus filhos netos e para toda a comunidade e sinto uma alegria imensa sabemos que ainda enfrentamos Desafios que o sertão é Implacável mas agora tem a certeza de que juntos com coragem e perseverança somos capazes de transformar até mesmo o solo mais árido em um campo fértil e assim com o passar do tempo o sertão que antes era apenas um lugar de dificuldades e luta pela sobrevivência se transforma em um lugar de esperança onde a vida o Amor e
a solidariedade podem Florescer sempre com o passar dos anos a minha vida foi se entrelaçando de forma profunda a de minha família e comunidade Quando olho para trás vejo que muito do que construímos foi fruto da Dedicação do trabalho árduo e das sementes plantadas a com tanto amor mas mais do que isso vejo o legado que estamos deixando para as gerações futuras eu que comecei sozinha no sertão com um simples desejo de fazer a terra florescer agora via os frutos de todo esse trabalho apenas na terra mas nas pessoas os meus filhos que cresceram ajudando
no Jardim haviam se tornado adultos comprometidos com a causa da sustentabilidade e da cooperação hoje eles são líderes de grupos comunitários buscando maneiras de expandir o nosso modelo para outras partes do Brasil cada um deles com suas habilidades e conhecimentos segui um caminho próprio Mas todos com um único objetivo a terra melhorar a vida das pessoas e garantir que as futuras gerações tivessem a oportunidade de aprender com o que construímos meus netos por sua vez cresceram em um ambiente onde a terra não era apenas um meio de subsistência mas uma verdadeira escola de vida cada
plantinha que crescia era uma lição de paciência e de cuidado cada colheita uma celebração de trabalho e gratidão e quando vejo meus netos com seus olhos curiosos e cheios de perguntas sei que estamos criando algo muito maior do que qualquer jardim ou horta estamos plantando a sabedoria que será passada por [Música] gerações Eu sempre acreditei que a verdadeira riqueza não estava no que podíamos acumular mas no que podíamos compartilhar a sabedoria que eu e João adquirimos com os anos as dificuldades e as vitórias estava se transformando na base da daquilo que chamamos de legado e
assim como a terra que por mais árida que fosse podia ser cultivada para gerar frutos a nossa sabedoria também se espalhava nutrindo e guiando as próximas gerações pcom o passar do tempo também me tornei uma mentora uma professora para os mais jovens da comunidade às vezes me pego dando conselhos aos filhos de amigos ou mesmo aos meus próprios filhos e netos sobre como lidar com as adversidades como fazer da terra um reflexo de nossa própria resiliência não é fácil mas é possív eu sempre sei Digo o segredo está em não desistir quando asis ficarem difíceis
a vida é como um jardims vezes você planta uma s e por mais que cuide dela ela não cresce mas com paciência vem a colheita essas palavras simples e carregadas de experiência T servido como guia para muitos e o mais bonito de tudo é ver que essa sabedoria está sendo abraçada não só pela minha família mas por toda a comunidade hoje com 79 anos ao olhar para o meu jardim para meus filhos e netos vejo mais do que apenas flores e frutos vejo histórias de superação vejo uma geração que cresceu com a certeza de que
com esforço e união é possível transformar qualquer lugar por mais árido que seja em um lar Próspero e cheio de vida eu me sinto imensamente grata por tudo o que Vivi por tudo o que construímos Mas acima de tudo pela chance de ver a nova geração levar adiante tudo o que plantamos sei que com eles O Legado de nossa luta e nossa sabedoria continuará sempre a crescer chegar ao 79 anos me permite olhar para trás com a perspectiva de quem viveu Intensamente cada dia enfrentou cada desafio e celebrou cada pequena Vitória hoje ao olhar para
a minha família para os filhos e netos que seguiram e expandiram o nosso sonho sei que não existe maior satisfação do que ver o legado de nossa luta ecoando pelas gerações que virão o sertão que antes Parecia um inimigo Implacável agora é um lugar de esperança e crescimento o trabalho árduo de tantos anos se transformou em uma realidade que ultrapassa as fronteiras da nossa Vila as sementes que plantamos tanto na Terra quanto nos corações continuam a crescer o projeto sementes de esperança se expandiu e hoje já alcança várias outras regiões do Sertão ajudando outras famílias
a conquistar uma vida digna e Próspera assim como fizemos com a ajuda de nossos filhos e netos estabeler centros de aprendizado sobre cultivo sustentável em várias Vilas o conhecimento que adquirimos sobre irrigação preservação ambiental e cultivo semeado com o esforço de cada um hoje é compartilhado com quem mais precisa Nosa pequena Vila antes marcada pela luta diária pela sobrevivência agora é um ponto de referência para outros sertões e cada vez mais somos chamados para ensinar para trocar experiências para inspirar em cada sorriso de meus netos vejo o futuro da nossa missão eles cresceram em um
ambiente onde o Amor Pela Terra pelo próximo e pela vida sempre esteve no centro de tudo eles têm a oportunidade de viver de forma mais fácil do que eu tive mas T também o compromisso de preservar o que construímos é bonito ver como Cada um com suas ideias seus sonhos continua a evoluir E a trazer novas soluções às vezes quando sento na varanda da nossa casa e olho para o Jardim que agora é um símbolo de nossa perseverança me sinto em paz Afinal a luta nunca foi apenas sobre cultivar a terra foi sobre cultivar valores
amizades e um espírito coletivo que permanece firme e forte como as raízes das árvores que plantamos Tenho orgulho Mas acima de tudo tenho gratidão por tudo o que aprendi e por cada pessoa que fez parte dessa caminhada quando meus netos me pedem conselh sobre a vida lembro-me daquelas lições simples que aprendi no Sertão a importância de ser paciente de trabalhar com dedicação e de nunca desistir não importa quão difícil pareça o caminho há espaço para floreser envelhecendo mas nossa missão Está mais viva do que nunca cada vez que vemos as gerações mais novas se reunindo
trocando ideias praticando os ensinamentos que passamos sabemos que o ciclo Continuará o que começou com a semente de uma simples ideia no coração árido do Sertão floresceu e cresceu se espalhando por terras distantes e se perpetuando através da nossa família Sertão já não é mais um lugar de desespero ele é agora um campo fértil de esperança e quando olho para a nossa história vejo que não há maior recompensa do que saber que mesmo com todas as dificuldades conseguimos transformar nossa terra nossas vidas e o futuro de muitos outros agora mais do que nunca sei que
a vida como o Jardim que construímos é feita de ciclos o que semeamos com tanto esforço amor e dedicação cresce e se transforma e eu com 79 anos vejo tudo Florescer ao meu redor meus filhos meus netos a comunidade que ajudamos a transformar esse é o legado que Deixaremos um legado de superação de união e acima de tudo de Amor Pela Terra e pelo próximo e assim com um sorriso tranquilo sigo a vida sabendo que fizemos a nossa parte a história que lá atrás em meio à seca e a aridez agora é um símbolo de
vida prosperidade e mais importante de esperança Obrigado por assistirem a minha história até aqui beijos da vó Ana