a [Música] [Música] Boa noite me chamo Bruno Bernardino tenho 40 anos e moro em um município bem pequeno do interior do Ceará como em todo lugar onde moram poucas pessoas todo mundo se conhece e qualquer coisa já está na boca do povo em nosso município viv uma figura bastante conhecida de todos chamado José Aparecido que todos chamavam de cedo ele era um desses moradores de rua mas fazia questão de dizer eu moro nas ruas porque quero hoje eu estou aqui e amanhã posso ir a qualquer outro lugar já que não tem nada que me impeça
ele era o tipo de homem que fazia amizade com todos e não tinha ninguém que quisesse seu mal pois ele sempre ajudava no que fosse preciso para ganhar um trocado ou um prato de comida se você fazia compras ele levava sacolas até sua casa se ia plantar ele cravava o chão se estava construindo ele era o servente se precisava limpar o mato cedo ele batia em sua porta era um homem trabalhador e cheio de Vida Certa vez eu perguntei o porqu dele não ter uma família ou um lugar para morar e ele sempre falava hoje
eu não quero mas pode ser que quando eu estiver bem velho me arrependa da vida que vivi mas hoje mesmo eu prefiro que seja assim o sido vivia nas ruas e dormia em uma rede Embaixo de uma mangueira ele amarrava uma corda e pendurava sua rede e depois amarrava uma por cima e estendia uma lona fazendo um tipo de barraca que lhe protegia da chuva e do frio tomava banho e lavava suas roupas no Açude de seu João e muito raramente tomava uma cachaça por ninguém é de ferro eu trabalhava em uma empresa na época
e sempre chegava entre 10:30 e 11 da noite e quando descia do ônibus da firma passava em frente à Mangueira onde o aparecer dormia e era sempre igual ele assava e quando eu olhava só escutava a voz falando vá com Deus e boa noite eu Sorria e respondia igualmente meu amigo sido quando eu abri a porta o Senor apague a luz ele dava uma risada e eu seguia meu caminho até que em uma noite quando eu desci do meu ônibus Passei em frente à mangueira e esperei o sido assobiar só que ele não assobiou então
eu parei e gritei acorda cedo tá cedo mas não tive resposta então pensei Ele deve estar num sono ferrado vou deixar o coitado dormir então tomei meu rumo na manhã seguinte por volta de meio-dia e pouco eu estava indo esperar meu ônibus mas nada do cedo nem pelo caminho e nem em sua mangueira e eu já comecei a ficar desconfiado que algo teria acontecido com ele passei aquele dia pensando e na volta já à noite novamente ele não assobiou para mim eu saí da estrada e fui até sua Mangueira então gritei por ele mas não
tinha ninguém na árvore só a rede sem ninguém dentro quando cheguei em casa falei com minha mulher perguntando se ela tinha visto Aparecido nos últimos dias e ela falou agora que você perguntou eu não vi ele esses dias às vezes ele passava por aqui e tomava um café aqui na janela mas já tá uns dias que não vejo o mesmo quando amanheceu eu fui na casa de uns amigos que davam comida café e eram amigos do CDO mas eles também disseram a mesma coisa que há alguns dias ele não dava as caras e todos ali
que tinham carinho por ele começaram a ficar preocupados passados alguns dias todos já pensavam que o Aparecido tinha ido embora viv em outro lugar pois notícia ruim chega rápido e se tivesse acontecido algo ruim com ele nós já saberíamos eu tinha pego Dois dias em casa o da minha folga e o de um feriado e aproveitei para visitar meus pais que moravam quase na saída do município eu já tinha feito de tudo para eles morarem mais perto de mim mas eles diziam que a casa que moravam era aquela e que só sairiam de lá para
debaixo do chão quando morressem vamos eu minha esposa e meu filho e quando chegamos meu pai falou você não vai acreditar em quem tá aqui quem eu perguntei o Aparecido ele chegou aqui faz uns dias e estamos cuidando dele mas o que aconteceu Ele tá ferido então meu pai respondeu vou deixar que que ele te conte Nós entramos na casa e meu pai abriu a porta do quarto e quando entramos vimos o Aparecido sentado na cadeira olhando pela janela as pernas dele estavam todas feridas as mãos e as costas também seus pés tinham feridas fundas
que minha mãe estava tratando com muito cuidado era como se algo tivesse passado por cima dele o ferindo inteiro mas mesmo assim ele sorriu para mim como se tivesse tudo bem Eu sentei ao seu lado e falei tá todo mundo preocupado contigo homem que aconteceu então ele respondeu eu tinha ficado até tarde pintando o quarto do neto de Dona Antônia então quando terminei ela me chamou para jantar e foi ficando cada vez mais tarde já era quase 10 horas da noite quando saí de lá para ir até a mangueira e da casa de Dona Antônia
até on dia eu dormia era um bom pedaço de chão para andar foi quando escutei uma pancada muito forte como se fosse alguém chutando uma porta e o barulho foi na direção da casa do velho Expedito para mim ele não morava mais lá mas vi alguém saindo da casa e correndo pra mata que tem atrás eu pensei será que um ladrão assaltou o coitado então corri para acudir ele e a porta de trás de sua casa estava aberta eu entrei Chamando por ele mas a casa estava vazia só as coisas revirada e o chão todo
sujo foi quando comecei a escutar uns gritos vim da Mata onde eu vi o homem entrando e fi ver o que era aquilo então vi um homem rolando na mata perto de um capim que dava uns gritos como se tivesse saindo algo de dentro dele então saí dali e corri pela estrada mas estava distante demais até para pedir ajuda foi quando algo muito pesado pulou em cima de mim me derrubando no chão estava muito escuro e eu não conseguia ver bem Mas lembro do fedor dos pelos e das garras que me arranhava não sei como
consegui tirar o animal de cima e comecei a correr pela estrada pedindo ajuda na queda eu perdi minha chinela e correndo pela Mata me cortei inteiro o animal corria atrás de mim e quanto mais eu gritava mais ele corria Foi então que por Deus eu vi o açude onde costumo tomar banho e fui na direção dele no caminho até lá levei queda que me deixaram com feridas bem feias Quando cheguei no Açude pulei e fiquei na parte mais funda e Vi bem o animal que vinha atrás de mim se você quiser acreditar acredite mas o
que veio atrás de mim para me matar era um lobizome O bicho ficou correndo de um lado pro outro na beira do Açude e eu atravessei então saí correndo no escuro e me ferei inteiro até sair na estrada que deu até a casa de Seu pai eu bati na porta pedi ajuda e eles me ajudaram e estou aqui contando o que aconteceu para vocês eu não quero acusar ninguém mas o homem que eu vi saindo foi o mesmo que veio atrás de mim o velho Expedito vira bicho e ele sabe que agora eu sei seu
segredo por isso não voltei ele pode querer vir atrás de mim o Vel Expedito era um senhor que trabalhava fazendo panelas e vaso de barro para vender nas cidades ele vinha passar um tempo e saía viajando quase nunca era visto e depois do que aconteceu provavelmente não o veríamos por um bom tempo o Aparecido ficou na casa de meus pais por quase dois meses até ficar bom meu pai falou que ele poderia ficar o tempo que quisesse mas ele logo que melhorou foi embora Vivi em outro lugar sempre que eu descia de meu ônibus eu
passava pela mangueira e lembrava do Aparecido homem corajoso que lutou pela vida contra O Lobisome Eu sempre deixo escondido um grande pedaço de madeira para me defender depois que desce do ônibus pois nessas estradas nunca se sabe eu desço do transporte pego o pedar de madeira e vou olhando por todos os lados até em casa houver Expedito como era de se esperar nunca mais voltou e sua casa hoje tem duas paredes quase caindo e o mato por cima do que ainda resta Espero que o Aparecido esteja bem e um dia gostaria muito de de revê-lo
nunca se sabe talvez uma noite quando eu esteja voltando para casa eu escute um assobio e alguém dizendo Vá com Deus e boa noite