E aí, pessoal? Eh, boa noite. É um prazer tê-los aqui novamente aqui na no SBFC Ensina a a edição de 2025, né? Eu sou Marcelo Dala, médico de família e comunidade aqui no estado do Espírito Santo. Eh, lembrando aqui antes de passar pra minha colega Giovana, eh, que nós somos da diretoria atual, né, da SPMFC, sempre é bom lembrar, eu sou diretor de publicações, o Geovan se apresenta e eu não posso deixar de falar que o nosso Congresso Brasileiro de Medicina de Família e Comunidade que vai acontecer em Manaus, eh, nós vamos ter lançamento de
livros, né, e também nós estamos tentando aí através de de algumas ações, procura nas redes sociais, mais detalhes de captar também autores, né, e novos títulos aí para eh livros às vezes que não tem uma um um cunho comercial, mas que é importante a gente divulgar. Então, a gente tá tentando fazer esse movimento, né? Então, sempre é uma tradição nos nossos congressos, né? E a gente sempre tem lançado materiais de muita qualidade, que são muito utilizados, né? E como o SBMFC ensina, né, que vai ficar gravado aqui, vocês podem assistir depois eh no stream, né,
no nosso canal do YouTube, fica gravado, passa para outras pessoas, né? Então vou passar pr pra Giovana para ela poder apresentar a nossa palestrante de hoje. Boa noite, Dala. Muito obrigada. Então, sou Giovana Ribas Virtuoso, sou diretora residente, atuo como MFC aqui no Rio de Janeiro e hoje nós temos um tema super interessante e presente na vida do MFC, que é habilidade de comunicação clínica e não só do MFC, como qualquer médico que, né, se prese que utiliza da boa prática. é um tema relevante no nosso dia a dia. Então a gente tem o prazer,
né, como diretoria, como SBMFC, de chamar a palestrante Jéssica Leão. Ela é médica de família e comunidade, ela é especialista em comunicação clínica, ela é presidente do Abra Bality, ela é doutora em ensino e saúde pela USP. Então, boa noite, Jéssica. Boa noite. Tô muito feliz de estar aqui de novo, ainda mais depois dessa eh da alegria de saber que a nossa aula no passado ficou entre as cinco mais assistidas, né? Eu fiquei muito feliz realmente com isso, o que me deu ainda mais vontade de trazer uma coisa super inédita. Então, realmente, essa aula que
vocês vão ver hoje ninguém viu em lugar nenhum. Maravilha. Ótimo. Eu posso começar? Pode então. Tá bom, gente. Olha só, a Giovana já me apresentou e me apresentou muito bem. E eu quero só lembrar de uma informação muito importante sobre mim, que além de eu ser médica, de eu ter mestrado, doutorado, essa coisa toda, eu sou uma pessoa que abandonou um pouco esse estilo de vida nosso meio maluco, né? E hoje eu sou uma uma grande moradora da Chapada dos Viadeiros. Então eu tenho gostado muito dessa minha nova alcunha e eu acrescentei ela até nas
minhas apresentações, porque eu acho que muito importante saber onde a gente tá, né? Qual é o contexto que a gente tá inserido. O MCCP tá aí falando tanto sobre isso, né? E a gente acaba pensando tanto sobre o paciente e a gente não pensa tanto sobre a gente. Antes de eu continuar falando sobre isso, porque eu vou começar falando sobre exatamente isso, eu quero pedir para você ir lá no Instagram @agescaleão@comunicaçãoclínica, segue eh vê o conteúdo que tem lá, que tem bastante conteúdo falando de muita coisas, eh coisas mais específicas, coisas mais gerais. Então eu
acho que realmente pode agregar muito com a prática diária de vocês, tá bom? E eu quero fazer essa perguntinha, quero perguntar uma coisinha antes da gente começar o nosso encontro. Como você está? você mesmo, você que tá aí agora no YouTube assistindo essa aula, você que é residente, você que já é formado, você que é mais médicos, você que é generalista, você que caiu de para-quedas aqui, eu quero saber como que você tá, porque essa nossa aula de habilidades de comunicação, ela acaba falando muito mais sobre comunicação, na muito mais do que sobre comunicação. Na
verdade, eu vou até refazer minha frase, é que muitas vezes a gente pensa que comunicação é uma coisa, mas comunicação é muito mais abrangente do que aquilo. Então, saber como a gente está é fundamental para que a gente consiga, inclusive realizar um atendimento médico adequado. Então, como você tá? Você tá bem? Você tá com saúde? Você tá conseguindo eh superar os desafios do cotidiano hoje? uma quarta-feira à noite que você já trabalhou segunda, a terça e hoje o dia todo, quase chegando no feriado, como que tá o seu cansaço? Eu pergunto tudo isso porque ano
passado, nessa nossa aula, que foi uma das cinco mais assistidas, eu não me lembro de ter dado essa aula. Eu não lembro porque eu tava num processo de esgotamento e de burnout tão intensos que eu sinceramente não lembro de ter dado a aula. E hoje quando eu tive coragem de reassistir essa aula, porque eu tinha até vergonha, né, gente, como que as pessoas assistiram. Foi a a uma aula assistida tantas vezes, se eu nem lembro, deve ter sido péssima. Eu vi que meus slides nem estavam eh com um design arrumadinho do jeito que eu gosto
e eu fiz tudo no automático. Claro, é um assunto que eu trabalho incessantemente há mais de 10 anos. É uma coisa que eu sei, que eu domino e eu fiz no automático e não é bom fazer as coisas no automático. Então eu quero que você reflita sobre isso, tá? Já comecei com uma sessão de terapia, mas isso é importantíssimo, inclusive de a gente fazer quando o nosso dia começa, quando a gente passa por um atendimento que é desafiador, quando a gente recebe um feedback que a gente não gostou muito de alguém do trabalho, de algum
colega, de um preceptor. Quando acontecem coisas que fogem do nosso controle, a gente precisa parar e se perguntar como eu estou para seguir o meu dia a partir daqui? OK? A partir disso, então, vamos falar de comunicação clínica, né? Vamos falar de conceito. Quando a gente tem uma base bem feita, quando a gente constrói uma base bem feita, é muito mais fácil a gente conseguir ir construindo coisas em volta disso. E a comunicação clínica, apesar de ser uma soft skill, uma tecnologia leve, que muitas vezes é deixada de lado pensando que, ah, comunicação é dom,
eu já sei me comunicar, eu já sei falar com o paciente, eu quero lembrar você que na verdade você não sabe. Eu não sei. A gente tá em constante aprendizado. E a comunicação, ela vem da palavra comunicar, que quer dizer compartilhar, tornar comum. E aí nós médicos de família e comunidade que tanto falamos sobre, por exemplo, decisão compartilhada, a gente se esquece que tudo o que a gente está fazendo do princípio ao fim é compartilhar. Inclusive esse momento aqui que é o momento antes do encontro clínico. Você que tá aqui, você tá aqui para aprender
alguma coisa que você vai usar amanhã no seu encontro clínico ou não é verdade? Então isso aqui já faz parte do seu encontro clínico. Isso aqui você já está compartilhando com os pacientes que você vai atender a partir de então. A comunicação clínica estabelece relações entre as pessoas e ela permite a interação e não de jeito nenhum, de forma nenhuma, está relacionada simplesmente à personalidade da pessoa. A gente tem três momentos cruciais que envolvem o encontro clínico antes do encontro, durante o encontro, depois do encontro. Antes do encontro, esse momento aqui, como eu já dei
um exemplo para vocês, né? Durante o encontro, basicamente aquela hora que a gente pensa que é o encontro clínico, né? Estou entre quatro paredes com o meu paciente e depois do encontro clínico, é tudo que eu vou fazer depois. Eu vou me martirizar por causa de alguma coisa que aconteceu. Eu tô triste, eu tô com raiva, eu preciso de passar num grupo Balent e vou participar de grupos Balent pensando nisso. Eu vou estudar alguma coisa, porque eu tô sentindo que faltou um pouco de ciência, de técnica, de medicina baseada em evidência no que eu tava
fazendo. Isso tudo é depois do encontro. E nesses três momentos a gente sempre vai estar envolto de linguagem verbal e não verbal. E a gente precisa lembrar, coloquei essa minha carinha bem sorridente aí, que ser um médico que se comunica bem não é igual a ser aquele profissional de saúde, gente boa, simpático, sorridente, que não dá limite em nada, que nunca diz não. Não, de forma nenhuma e nem é amar todos os pacientes. Isso aqui, na verdade, é um grande combo de a gente conseguir construir uma comunicação que vai ser ruim, que vai ser ineftiva
e que vai gerar inúmeros problemas nas nossas vidas, nas nossas relações e inclusive nos esgotamentos que a gente vai encontrar dali pra frente, tá? A comunicação clínica é, opa, é uma competência cognitiva. O que que é isso? Ela exige conhecimentos, habilidades e atitudes. Ela vai ficar passando paraa frente. Gente, eu devo ter feito alguma coisa errada. Eh, ela pode ser ensinada e aprendida porque ela é cognição. Comunicar não é emoção. Pode ter emoção, mas não é meramente uma emoção. Então, por ser uma competência cognitiva, a gente precisa sempre lembrar que a gente tá ensinando e
aprendendo. E coisas que a gente ensina e aprende, a gente pode desaprender, né? A gente pode inclusive desaprender dentro do mesmo dia. Isso eu gosto de comparar com a empatia. A empatia é desse mesmo jeito. A gente pode ter uma empatia altíssima de manhã, por exemplo, e no final do dia já tá bem pior, né? Não consegui ir no banheiro, nem consegui almoçar. Tinha gente saindo até pela janela de tanta gente que eu tinha que atender. Como é que eu vou ser empático numa situação como essa? Concordo. Como é que vai ser empático numa situação
como essa? Como é que vai conseguir se atentar de forma tão consciente? a comunicação clínica, muitas vezes a gente vai deixar o inconsciente mandar ver, isso não vai ser tão bom assim. E a comunicação clínica é a ponte que vai conectar a medicina baseada em evidências e o nosso atendimento de forma individual. Então, o que que é comunicação, gente? É dom. Não. Comunicação não é dom, é técnica. Comunicação não é dom, é técnica. Essa frasezinha minha que eu digo há muitos anos, já até fiz um copyright nela, assim, já é até registrada, porque comunicação não
é dom, é técnica. A gente precisa entender isso, porque se a gente não entende isso, a gente sempre vai ficar naquele lugar comum de achar que eu já sei, não, mas eu já sei. É difícil mesmo me comunicar com o seu José, mas eu já sei o que fazer. Não, você não sabe. E tá tudo bem não saber. O que não tá bem a gente ficar batendo nessa tecla de que a gente sabe, principalmente porque é uma soft skill, e não correr atrás de tantas ferramentas baseadas em evidências que a gente tem da comunicação clínica,
tá? E aí os tipos de comunicação, né? Vamos pensar aqui simplesmente nessa divisão bem simplista, verbal e não verbal. A comunicação não verbal é aquela que é contínua. o tempo todo ela está acontecendo. Não dá para eu desligar a minha comunicação não verbal. E isso é perigoso, porque a gente pode ter uma comunicação não verbal que é voluntária. Por exemplo, eu estou conversando sobre uma coisa que eu percebi que pra paciente é delicada. Eu posso me estender um pouco mais à frente, eu posso estender a minha mão, eu posso pegar um lencinho e deixar mais
perto dela. Eu tô consciente do que eu tô fazendo. Agora, ela pode ser inconsciente. Às vezes a pessoa tá falando demais e eu já faço uma cara que eu demonstro que eu não tô mais querendo ouvir, ou eu já paro de olhar pra pessoa e começo a olhar só pro computador ou só pro meu papel. E isso vai transmitir alguma coisa ali dentro do nosso encontro e isso vai interferir de forma muito relevante na nossa relação. É um canal de comunicar informações, ideias intelectuais, pensamentos, tudo na verdade a gente pode comunicar nesse momento de comunicação
não verbal. E de acordo com estudos bem recentes, ela é a que está mais relacionada à empatia. Os pacientes eles identificam que comunicação não verbal e tem algumas específicas, a gente vai falar um pouquinho mais sobre isso eh ali na frente, mas que algumas coisinhas específicas são mais empáticas para os pacientes. E a comunicação verbal, ela tem início, meio e fim, é bem delimitada, ela pode ser interrompida a qualquer momento. Por exemplo, aqui, enquanto eu estou falando, pode ser que algum dos meninos queira entrar e queira fazer alguma colocação. Eu vou parar de falar ali
naquele momento. Talvez até a minha linha de raciocínio do que eu estava indo falar agora mude para eu poder falar de outra coisa que vai ser trazida. Então, perdão, gente. Então, a comunicação verbal ela tem essa possibilidade de ser interrompida. Ela é voluntária, normalmente ela é consciente, mas às vezes pode ser que tenha alguma coisinha inconsciente que aconteça ali. E isso vai acontecer principalmente em momentos de extrema emoção. Então é importante que a gente também saiba manejar, regular as nossas emoções. Para isso, a gente precisa se conhecer e se perguntar como eu estou, o que
eu estou sentindo, né? É um canal de se comunicar emoções, atitudes e afetos. E ela tá um pouco menos relacionada à empatia. Veja bem, não é que ela não está relacionada, é só que ela é um pouco menos. A não verbal é mais, a verbal é um pouco menos. E tudo bem, a gente fica falando de paciente, paciente, paciente, né? Tem 30 pacientes agendados hoje, a relação médico paciente e tal. Eh, sendo que é muito legal que a gente fale pessoa ao invés de falar paciente. Mas como na maioria da literatura que a gente tem,
tanto de livros quanto de artigos nacionais e internacionais, o termo paciente ainda é o mais frequente, eu mantenho o termo paciente. Mas eu gosto sempre de parar e lembrar você que paciente não é a pessoa passiva. O paciente, ele é uma pessoa que vai ter um encontro, que vai ser um encontro horizontal com o profissional de saúde, no caso você. E esse encontro é horizontal. Se a gente já começa a pensar no paciente como passivo, do jeito que foi ensinado pra gente na faculdade, a gente já cria uma hierarquia. Então eu, profissional de saúde, tô
aqui em cima, o paciente tá aqui embaixo. E isso vai reforçar um monte de problemas, um monte de ruídos que acontecem dentro da comunicação. Vocês lembram quando vocês aprenderam sobre comunicação a primeira vez na vida de vocês lá na escolinha que a professora pegava o livrinho e falava assim, ó, que comunicação tinha um emissor e um receptor, né? um ia falar uma coisa, o outro ia ouvir e se tivesse algum problema no meio, normalmente era um raiozinho até assim, era um ruído e isso podia prejudicar o que o receptor ia receber. Eh, na minha época,
né, até a gente fazia, não sei como é que é hoje, né, com as gerações mais novas, mas a gente até fazia um telefone sem fio, alguma coisa assim para poder mostrar que, ó, no começo era falado X, lá no final apareceu Z. Por quê? porque teve muito ruído no meio do caminho. Então, a gente precisa evitar esses ruídos e a gente entender o paciente como um ser passivo e nós como ativos, detentores do conhecimento, eh, hierarquicamente superiores, já é um ruído gigantesco. Não se esqueçam disso, tá bom? Então, o paciente é uma pessoa ativa
no processo relacional e lembrem-se psicanaliticamente, né, para quem já me conhece há um pouquinho mais de tempo ou você que vai me conhecer, sabe que eu falo muito de psicanálise, justamente porque eu sou uma grande discípula de Balent, que era um médico de família e e psicanalista. E a gente entende que a pessoa ela só vai existir, nós só existimos quando a gente tá em contato com outra pessoa, porque somos todos produtos de uma interação. Então, o encontro faz com que a gente exista. Ai, gente, desculpa os latidos, desculpa. E a relação, bom, a conexão,
o vínculo, a ligação entre as pessoas, né? Pra maioria dos profissionais, a relação com os pacientes remete a algumas aulas da graduação ou um conceito idealizado. Então, aquela coisa assim de eu pensar que eh ser médica é mudar o mundo, é a curar todas as pessoas ou algo assim. E aí eu acabo idealizando muito essa relação. Sempre que eu muito alguma coisa, eu acabo tendo um problema muito grande com relação aquilo, a interação entre dois conhecimentos. Então aqui a gente tem um encontro de especialistas, né? é o conhecimento teórico do médico e o conhecimento empírico
do paciente. E a gente tem que tomar muito cuidado, porque todo esse conhecimento que a gente tá recebendo, tudo isso que a gente entende pela relação profissional de saúde pessoa, pode também ser uma forma de reforçar as hierarquias. Por quê? Porque à medida que a gente conhece até como produzir uma hierarquia, a gente acaba sendo passível de se fazer mais isso. E essa imagem que eu amo, normalmente ela aparece numa aula de método clínico centrado na pessoa, né, que a gente vai falar de illness e de disease, da experiência da doença e da doença. E
que coisa mais bonita é a gente parar para poder pensar que a nossa habilidade de se comunicar de forma adequada e efetiva nada mais é do que pegar o dis, do que pegar todas essas coisas que não estão fazendo nenhum sentido nessa organização e transformá-las numa melodia belíssima. Então, é a gente olhar para aquela pessoa de uma forma diferente, é a gente entender o que aquela pessoa tem para trazer pra gente de uma forma diferente. E aqui eu não tô falando, gente, simplesmente da dona Maria, aquela senhora fofinha que tem hipertensão, diabetes, mas ela toma
os remédios direitinho, faz tudo bonitinho e quando ela chega no consultório parece até que ela ilumina sua vida. Não é dela que eu tô falando, porque ela é fácil. Eu tô falando é de você cuidar de um abusador, é de você cuidar daquele paciente que não aceita, não faz nada do que você orienta, mesmo que seja a decisão mais compartilhada possível, não acontece. Eu tô falando de quando você faz tudo que você pode, mas você esbarra na gestão ou nos problemas estruturais. Eu tô falando é disso. E se a gente consegue se comunicar com esse
paciente, por exemplo, pensando num paciente hiperfrequentador, ao invés de simplesmente pensar: "Ah, o chato chegou ou o polqueixoso chegou", né? A partir do momento que vocês olharam na minha carinha e assistiram uma aula minha, estão todo mundo proibido de falar polixoso. Eh, ao invés de você ficar pensando nisso, você virar pra pessoa e perguntar: "Percebo que você tá vindo muito, por que será? O que será que tá acontecendo com você?" ou mais você virar paraa pessoa que não tá fazendo uso das medicações, que não tá fazendo as coisas, e você perguntar: "Olha, já passamos aqui
tantas vezes, por que que você não tá fazendo? O que que tá acontecendo? Por que que você não me conta? O que que você tá pensando? O que que você tá sentindo? Qual que é a sua experiência com relação a tudo isso? é você virar e ter coragem de falar as coisas que te incomodam pro paciente. O paciente tá nervoso, tá estressado ou não tá prestando atenção. Por que que isso tá acontecendo nesse momento, seu José? Tô vendo que hoje o senhor tá mais estressado. O que que aconteceu? O senhor acha que esse é o
melhor momento pra gente conversar? Senão a gente pode marcar outro horário pra gente poder conversar também. Ser sincero, conseguir falar. A comunicação nada mais é do que a gente conseguir transformar esse monte de controle que a gente finge que tem e que a gente quer muito ter, né, nessa coisa descontrolada e caótica, muito mais bonita, que é a vida de verdade, tá? Para conseguir informar o paciente adequadamente sobre absolutamente qualquer coisa, o profissional de saúde precisa conhecer tanto a população, quanto os dados, quanto o território, quantas doenças mais prevalentes, quant os problemas, quanto as formas
de acesso, todos os contextos proximais e destais em que essas pessoas estão inseridas. E além disso, a gente precisa saber quem são verdadeiramente essas pessoas, qual é o nível de letramento que essas pessoas que eu estou atendendo tem, qual é o nível de numeracia que essas pessoas têm. Muitas vezes a gente fica falando realmente do SUS, então vamos falar da OBS que a gente precisa conhecer o território e tal e a gente não para para pensar que isso aqui tudo também é uma coisa que precisa ser conhecida no seu consultório particular, é uma coisa que
precisa ser conhecida na saúde suplementar que você tá trabalhando, né? Isso aqui tudo faz parte de quem são as pessoas que você tá cuidando. Então, quem são essas pessoas? Se você não conhece elas, como é que você vai letrar elas de forma adequada? Como é que você vai se comunicar com elas de forma adequada? E aí eu retomo lá no começo. Para conhecer o outro, primeiro eu preciso conhecer a mim também, né? Então, quem sou eu para conseguir letrar, orientar e me comunicar de uma forma mais adequada com a população que eu estou cuidando? E
as dificuldades de comunicação, né? Os profissionais de saúde tendem a querer proteger a sua reputação. A gente foi muito ensinado a ser defensivo, né, essa coisa toda assim de, ah, eu não posso sair aqui um pouquinho porque senão eh alguém vai me processar, vai fazer alguma coisa. E a gente esquece que os pacientes e as famílias têm muito interesse, tanto pelas informações quanto por entender o que que tá acontecendo, como tá acontecendo, quais são os próximos passos. E às vezes a gente esquece disso, né? E a gente tá cheio de incertezas e de medos, né?
A incerteza, ela pode ser definida até como uma percepção subjetiva de ignorância. Será que eu sei mesmo isso aqui que eu tô fazendo? Será que isso aqui que eu tô comunicando tá uma comunicação adequada? Ou será que não? E a gente tem medo. Incerteza é ruim, gera falta de controle. E vocês lembram que eu tô falando o tempo todo batendo na tecla que a gente é controlador? Pois é, a gente é muito controlador. Eu tô numa tendência de abraçar o caos. Eu, o slide não tava passando. Eu não vou me desesperar por causa disso. A
gente volta. Eu sei que vocês vão compreender que aconteceu um problema técnico. Se você não compreender, eu sinto muito. Eu tô tentando dar o meu melhor. Os cachorros vão latir e o que eu vou fazer, né, gente? O que eu vou fazer? Eu tô sozinha aqui. Como é que eu vou parar os cachorros de latir? É, seria muito pior que eu começasse a gritar com os cachorros aqui do que simplesmente deixa ess eles latirem. Segundos eles pararam. Então o descontrole incomoda. Claro, eu tava sufocada por dentro, mas ao mesmo tempo liberta, porque a gente consegue
fazer as coisas do jeitinho que a gente tava com vontade de fazer. E os principais erros de comunicação que acontecem na hora de reunir informações. Então a gente presumir coisas. Na verdade isso aqui é o que mais acontece sempre, né? A gente presume, a gente julga, a gente acha que já sabe o que que o paciente vai falar pra gente. Fazer diagnóstico errado por falta de informação. Na hora da construção da relação, emoção forte relacionada à expectativa com relação ao cuidado e isso vai gerar bastante erro, vai gerar muito ruído. Compartilhamento de informações. A gente
não compartilha, por exemplo, os efeitos adversos que uma medicação possa dar e aí isso faz com que o paciente toma medicação errado. Isso gera algum outro problema. ou gera até uma quebra de vínculo com você, porque ele acha que foi você que fez alguma coisa de errada, justamente porque faltou falar, né? Faltou comunicar. E como que a gente vai reduzir esses erros? A boa comunicação e a boa relação sempre vão gerar melhores resultados e menos possibilidade de erros. Os bons vínculos são os fatores mais importantes pro paciente, né? Mais importantes do que qualquer coisa. Interação
de alta qualidade gera menos reclamação, menos processo, menos ouvidoria. E a principal característica que o profissional de saúde deve ter é a empatia, que eu já disse para vocês que também é cognitiva, que a gente aprende, que a gente desaprende, que a gente esquece, que a gente erra, que a gente entra na faculdade com bastante empatia, no meio da faculdade a gente perde um montão, a gente entra na residência com mais empatia do que a gente sai. Então isso aqui é uma coisa que a gente precisa estar sempre martelando na nossa cabeça para não se
perder no meio do caminho. a coordenação do cuidado inadequada tá relacionada com mais processos jurídicos e reclamações. Os erros vão ocorrer principalmente quando a gente transfere a responsabilidade para outro profissional ou acredita que outro profissional possa fazer alguma coisa. E isso aqui tem um nome, tem um nome que eu não sei se vocês conhecem, mas eu vou convidar vocês até a lerem sobre isso, que é o conio do anonimato, né? eu vou mandar pro outro, com certeza o outro vai fazer alguma coisa ou eu não quero lidar com isso, eu não quero essa responsabilidade para
mim agora, então eu mando ela para outra pessoa. Isso é um grande problema, né? Há inúmeras ferramentas que auxiliam esse processo de segurança do paciente e normalmente acabam tando mais relacionadas à atenção terciária, principalmente ambiente cirúrgico, né? saber que vai operar a perna certa, por exemplo, mas a gente precisa ter essa atenção aqui também no nosso próprio cuidado. Ou quem não tá sabendo, né? Quem não tá sabendo tá numa bolha das estudantes de medicina que fizeram um vídeo no TikTok falando sobre o o paciente transplantada. Aquilo ali é um grande problema de segurança do paciente,
né? Uma falha ética grave. E quantos de nós não estamos inseridos dentro de um ambiente acadêmico? o quanto da nossa comunicação clínica, que também pode interferir nesse tipo de caso, seja para melhorar ou seja para piorar. Eu até fiz uma reflexão sobre isso no Instagram. Será que elas escutaram em algum momento alguém zoando um paciente e aí através do currículo oculto elas pensaram que tava tudo bem fazer isso? Eu imagino que sim. Eu estudei muito currículo oculto, muita coisa disso pro pro meu doutorado e eu vejo que a grande maioria das coisas a gente repete
o que o outro faz. Então, vejam só o quanto que a comunicação clínica é importante, porque a gente vai conseguir inclusive ser um modelo para outras pessoas. E o encontro, vamos falar um pouquinho sobre o encontro. A melhor origem das informações todas ainda é o médico. A gente fica com essa tendência, né, meio eh rede socialística assim de falar que ah, pesquisa no o paciente prefere pesquisar no Google, prefere pesquisar em inteligência artificial, alguma coisa assim. Não. Dados muito recentes que falam que a melhor origem da informação de médico. E que que a gente pensa
que é suficiente pro nosso encontro e paraa nossa comunicação? respeito mútuo, prática baseada em evidências e técnica de comunicação clínica. E na verdade não é só isso. Isso é muito importante, mas não é só que é suficiente. A gente precisa de competência cultural, de conhecimento, de comunicação e saúde, né? Então, de mídia, de profissionalismo, de ética, de princípios legais, uma prática reflexiva em que a gente olha para si mesmo e de bastante letramento em saúde. E quando eu falo em letramento em saúde, às vezes a gente pensa assim: "Tá bom, então eu vou fazer educação
em saúde com os pacientes, com a equipe de saúde da família e tal". Inclusive, você precisa fazer com você mesmo para você conseguir fazer isso de uma forma mais adequada para as outras pessoas. E pensando na comunicação não verbal dentro do encontro, né? A nossa postura, como é que a gente tá? A gente tá sentado em pé, tenso, relaxado, braço cruzado, perna cruzada, qual que é a proximidade que a gente tá desse paciente? Eh, como que a sala assim, é pequena, é grande? Como que é a distância que eu tô dessa pessoa? Tem a mesa
entre a gente ou tô do ladinho do paciente? Toque. Teve algum contato, né? aperto de mão, contato físico durante o exame físico, abraço, movimentos do corpo. Vocês já podem ter percebido que eu gesticulo bastante, né? Então assim, movimento de braço, de perna, cabeça concordando, a perna balançando assim, sinal de ansiedade, quero que acabe logo, vamos embora, tá demorando, né? Importante pra gente e importante pra gente perceber o paciente. As nossas expressões faciais, levanta a sobrancelha, faz careta, dá sorriso, chora, comportamento ocular. Eu tô fazendo contato visual com o meu paciente ou eu estou o tempo
todo olhando pro computador ou olhando pro papel? Dicas vocais, o tom, a velocidade da fala, os silêncios, as pausas, a entonação, o uso do tempo. Será que eu tô adiantada, atrasada, apressada, demorando para responder? A presença física, como que é a minha vestimenta? Como que eu tô vestida ali naquele momento? Eu tô de maquiagem, tô sem maquiagem? Qual que é o meu porte físico? Qual que é meu gênero, minha raça, os os marcadores culturais que eu apresento? E as dicas do ambiente, né? Onde tá localizada a minha unidade? É longe pros pacientes? Não é longe
pros pacientes? Qual que é o estilo? Tem algum tipo de mobília? Como que é a iluminação? O tipo da cadeira, tanto a cadeira do profissional de saúde quanto a cadeira do paciente? Qual que é a temperatura da sala? Tá muito frio, tá muito quente? Eh, marcadores culturais que podem estar ali ao redor, né? Então, tem uma bandeirinha, tem alguma coisa ou não tem nada. A gente tá entrando dentro de uma sala branca em que tem uma cadeira muito arrumada pro profissional de saúde, uma mesa entre ele e o paciente e uma cadeira mais xixelenta pro
paciente. Isso vai comunicar uma coisa muito diferente de um ambiente que entre e que tenha uma plantinha, que tenha, sei lá, uma bandeirinha, alguma coisa assim, cadeiras parecidas e que a gente esteja mais próximo do paciente, ou não é? Daí resta saber o que você quer comunicar, porque é isso aqui, eu não tô dando uma receita. Ah, você tem que se comunicar sim. Não. O que você quer comunicar no ambiente em que você está cuidando das pessoas que você está cuidando. E quanto mais situação for difícil, mais empatia vai ser necessária. E aí aqui a
gente chega naquele ponto que eu tinha comentado da resposta não verbal ser mais empática do que a resposta verbal. A de todas as respostas verbais, a mais empática foi: "Estou aqui para você, a equipe está aqui para você". Pra gente demonstrar que a pessoa não tá sozinha. E a resposta não verbal, mais empática, é simplesmente ter tempo, ouvir em silêncio e, a principal de todas olhar nos olhos. Então, veja só que coisa importante. Os pacientes num estudo demonstraram que olhar nos olhos é a coisa mais importante para eles dentro de um atendimento médico. Você tem
olhado nos olhos do seu paciente ou você tá mais preocupado em anotar o seu prontuário e preencher as 1000 planilhas que você tem que preencher? A gente precisa ficar atento a isso, né? E lembrar que dentro do encontro a gente tem um monte de relações. A nós enquanto profissionais de saúde temos toda a nossa existência antes de sermos profissionais de saúde, né? Tem a nossa graduação, a escolha da especialidade, como que é o momento de vida que a gente tá agora, como que foram os momentos preliminares ali, será que eu peguei um trânsito danado para
poder chegar na idade? Será que eu tô atrasada? Será que eu não tô atrasada? Como foi meu atendimento anterior? E o da pessoa, a mesma coisa. Ela não existe só naquele momento que ela tá ali. Ela existe a vida dela inteira. Ela tem que comprar arroz no mercado. Ela tem um filho para cuidar ou uma mãe ou qualquer coisa que ela tá se preocupando. Um contexto prévio biopsicossocial muito importante. A decisão da hora que ela vai buscar algum tipo de auxílio. E como que são aqueles momentos preliminares ao encontro ali também? Será que tá tudo
muito cheio? Será que ela foi bem tratada? Será que ela arrumou vaga rápido? Tudo isso, gente, interfere diretamente em como vai ser o encontro clínico, em como vai ser a nossa relação ali naquele momento. E não esquecer que a gente tá falando de um encontro de especialistas. Eh, a experiência do paciente consigo mesmo é de 6.000 horas por mês, 16 horas por dia, 7 dias por semana, 52 semanas por ano. Quanto desse tempo ele passa? em consultas, em atendimento do serviço de saúde, por mais hiper frequentador que essa pessoa seja, não chega um terço, 1/4to
desse tempo. E os estudos seguem mostrando que a opinião do paciente não é levada em conta como deveria. O paciente é muito interrompido e muitas demandas importantes acabam sendo mantidas ocultas. E quando a gente junta muita demanda oculta, a gente gera aquele paciente que frequenta a unidade sem parar. Então pode ser que nós estejamos causando os pacientes hiperfrequentadores de amanhã. Já parou para pensar nisso? Já parou para pensar que às vezes o paciente que chega e faz um barraco, acontece, causa e faz tudo? Ele tá fazendo isso porque talvez ele não foi ouvido por tanta
gente ali atrás, porque ninguém tava vendo ele como especialista de si mesmo, porque tá todo mundo olhando para ele do alto do seu da sua função apostólica para baixo naquela grande hierarquia. E isso prejudica muito tanto a comunicação quanto a nossa relação. E logo antes do encontro, então, a gente vai se perguntar: "Como tá o meu amor? como tá a minha atenção? Qual que é o momento do dia que a gente tá? Eh, a gente precisa desse controle de segurança, de compreender a lei do ecoemocional para não deixar que as coisas do exterior atrapalhem tanto
a relação quanto o encontro clínico. E aí eu peguei esse quadrinho aqui que eu não vou ler para vocês, mas eu convido vocês a olharem lá no livro Entrevista Clínica do Carrió, em que ele dá um passo a passo de como a gente sair desses dias que acaba, que parece que a gente tá querendo morrer, né, gente? Ai, meu Deus, não acredito que eu tô vindo de novo para cá fazer tudo isso de novo. E aí o dia acaba ficando ainda pior. Então eu recomendo dar uma olhadinha nisso aqui. Acho que tá nos primeiros capítulos.
E sempre lembrar da ambientação da sala, né? Ambientação da sala não é só saber se a mesa tá entre a gente e o paciente ou não, é saber se eu já tenho todo o material clínico adequado e garantir isso de uma forma prévia com a minha equipe. Se eu tenho ergonomia, luz, ventilação e silêncio suficiente. E se eu não tiver, eu já consegui falar sobre isso com o paciente logo no início do encontro. eh ter a lista de pacientes, a lista de prontuários, de exames e de outros documentos para não perder tempo com isso, entender
se tem tensão na na sala de espera e não abraça o mundo. É uma coisa que você pode resolver? Não. Chama alguém, delega para alguém tentar resolver o que tá ali enquanto você continua fazendo seus atendimentos. entender se há alguma frustração com seus pacientes e aí você tentar pensar que esses pacientes são seus inimigos, só vai piorar a situação. Então, tenta pensar em alguma coisa positiva, se apega em alguma coisa minimamente positiva ali para você conseguir ir readequando as emoções e o caminho dessa sua, desse seu cuidado, tá? tá cansada, estressada, esgotada, tente aumentar um
pouquinho o intervalo entre os encontros. Peça a ajuda da equipe, compartilhe isso com os pacientes, inclusive se você já tem longitudinalidade o suficiente para isso. E o mais importante de tudo, respira, respira, tá? Isso tudo vai influenciar nos humores, em todas as situações, nas relações, vai determinar como que a gente age com as outras pessoas. A ambientação só pensando na segurança do paciente ou em determinação de vigilância sanitária, só cria distanciamento e prejudica o vínculo. A mesa, ela pode tanto agir como algo que deixa a gente próximo como um compartimentalizador. Então, é isso que eu
quero falar para vocês, né? Escolha como que você quer se comunicar. Às vezes você é uma mulher que vai atender aquele paciente homem que te olha de um jeito estranho e você tá desconfortável, tem mais é que ter a mesa entre você e ele mesmo, criar essa distância, né? Agora você vai atender aquela outra pessoa que não te gera nenhum tipo de desse tipo de impacto, você pode sentar mais próximo. E cuidado, porque o computador ele tá se tornando uma terceira pessoa dentro da consulta. E como que a gente vai estabelecer o nosso vínculo? reconhecer
o pensamento ou o sentimento do paciente nomeando, reafirmando ou sumarizando o que foi dito. Então, é aquela coisa, o paciente às vezes chega falando pra gente que é uma ressonância do corpo inteiro e a gente precisa entender porque que ele tá pensando nisso. Então, você tá preocupado que pode ser câncer? Reconhecer o direito da pessoa de expressar os seus sentimentos e pensamentos. Eu posso imaginar o quanto você deseja esse exame, usar dos silêncios com atenção e comportamentos não verbais, criando espaço paraa pessoa dizer mais. Sim, é que a minha mãe teve câncer e morreu quando
eu era criança. Ponto. A gente acabou de descobrir porque aquela pessoa tá com aquela necessidade ali naquele momento. E reconheça o valor dessas informações, né? Obrigada por me contar. Isso vai ajudar nas nossas decisões. E aqui a gente evita usar jargões. A gente sempre evita, né, usar jargões e palavras técnicas, sempre adequar a linguagem da pessoa e tomar cuidado, porque às vezes a gente usa jargão e eh palavra técnica até como a mesa para compartimentalizar, para afastar as pessoas e estabelecer esse rapor, esse vínculo, essa relação. Ser acolhedora, ter empatia, não é a mesma coisa
de ser uma superheroína que vai resolver todos os problemas dos pacientes de forma alguma. Muitas vezes os médicos, inclusive relutam em discutir problemas psicossociais porque eles acham que tem que resolver. Gente, a gente não tem que resolver nada. A gente tá ali para poder acolher e fazer o que a gente pode e tomar cuidado, porque nós temos uma predileção maior em falar do que ouvir. A gente se considera experte na vida do paciente, já a gente evita paciente ativo e os melhores contatos vão acontecer quando tem alguma similaridade entre o médico e o paciente. Que
bacana, né? Aqui eu tô falando do raport de novo e eu vou falar aqui, ó, do e quando começa isso aqui? Muito importante, gente. 77% das vezes a agenda é elucidada na abertura do encontro. Isso quer dizer que em 1/3 das vezes, quase o paciente não traz o que é o mais importante para ele. Então não, a gente não pode presumir, lembram que eu falei que é um dos principais erros? A gente não pode presumir que o paciente entrou falando que tá com dor no pé, que é só aquela dor no pé que eu vou
passar de pirona que ele vai embora. Às vezes ele tá querendo falar do contato sexual desprotegido que ele teve e ele só usou uma coisa para poder falar da demanda oculta. Nós, médicos de família e comunidade interrompemos os encontros clínicos em média em 19 segundos. 19 segundos. Nós somos a especialidade que mais fala sobre relação ao médico paciente, método clínico centrado na pessoa, comunicação clínica e a gente interrompe o paciente com 19 segundos. Gente, 19 segundos não é nada. A gente precisa deixar a pessoa falar e não, de jeito nenhum. A pessoa não vai falar
para sempre. Eu sei que isso passou na sua cabeça. Tem gente que parece que vai falar para sempre. Não tem um estudo muito legal, bem recente, do ano passado, que fizeram, se eu não me engano, ele é da Ucrânia, eh, numa da Ucrânia, é, enfim, numa da Suécia, eh, num ambulatório de reumatologia de pacientes que iam passar pela primeira vez, que tinham dores e sintomas medicamente inexplicáveis. Esses são os pacientes que a gente sabe que vão falar pro resto da vida, né? O limite deles de fala foi 6 minutos. A média de fala foi 3
minutos. Então, gente, deixa o paciente falar por pelo menos um minuto. Ele vai te trazer todas as informações e vai fazer com que seu encontro seja muito mais rápido e efetivo, inclusive, tá? Em 67% das vezes nós interrompemos os nossos pacientes e em metade das vezes o médico e o paciente não estão achando que a consulta aconteceu pelo mesmo motivo. Então em metade das vezes, a nossa consulta foi inefetiva. O paciente acha que ele foi por causa da diabetes, eu acho que ele foi por causa da dor no pé. Isso faz com que o nosso
plano terapêutico não esteja adequado, né? Se eu acho que foi por causa da dor no pé, com certeza eu fiz mais coisas pela dor no pé do que pela diabetes, que era o que o paciente estava querendo que fosse feito. Isso em metade das vezes é muita vez, não é mesmo? Então, vou deixar vocês com essa reflexão e com a nossa definição de comunicação efetiva. Comunicação efetiva, a gente tem um capítulo inteiro no livro de comunicação clínica, que inclusive eu participei da escrita dele, é o capítulo três. E lá a gente vai falar muito mais
sobre isso, mas de forma resumida, é o produto da interação entre o profissional de saúde e a pessoa no contexto de cuidado, que a gente vai garantir que há transmissão de mensagem sem ruído, atendimento com comunicação efetiva não vai levar mais tempo do que os demais. As pessoas inseridas no contexto de cuidado tem o mesmo objetivo, elaborar um bom plano terapêutico adequado às agendas do paciente. O paciente pensa isso e o médico pensa isso, o enfermeiro pensa isso, tá todo mundo pensando nisso, o agente de saúde tá pensando nisso, tá todo mundo pensando em tratar
o que aquela pessoa teve de problema, promove melhor relação porque torna o paciente agente e tem menos processos por erros médicos, redução de mau uso de medicação, redução de internações, de níveis de dor, melhor uso de serviço de saúde, maior aderência a tratamento, médicos mais satisfeitos, melhor melhores resultados e menos bornout. E é um erro a gente pensar que uma mensagem simples será sempre compreendida da mesma forma por todas as pessoas. Então, quero deixar para vocês o seguinte pensamento: o que é óbvio para mim às vezes não é óbvio pro outro. Então, o óbvio, ele
precisa ser dito. E a segunda coisa é que a comunicação entre um profissional de saúde e um paciente já fala que é um profissional. Então, nós somos profissionais. Não é uma comunicação outra, é uma comunicação profissional. Tudo que eu falo, eu sou responsável pelo que eu falo e eu também sou responsável pelo que o paciente entende. Ao contrário daquele ditado popular que a gente tem, né? Sou responsável pelo que eu falo, não pelo que o outro entende. Não. Aqui nós somos responsáveis pelo que a gente fala e a gente é responsável pelo que o outro
entende. Então a gente precisa garantir que o outro entendeu, tá bom? quis trazer um pouco para vocês. Lógico, gente, que a comunicação clínica não é só isso. Tem um milhão de outras coisas que a gente pode falar, mas agora eu quero ouvir de vocês, né? Dúvidas, pensamentos, experiências, questões. Tô por aqui. Obrigada, Jéssica. Incrível a apresentação. Eu acho que tem todas as ações do mundo para ter sido uma das cinco aulas mais assistidas, porque de fato é um tema complexo e que exige acho que muito mais do que uma soft skill. É uma super skill.
A habilidade de comunicação clínica, ela perpassa a gente se conhecer muito e isso é algo que a gente desenvolve também com amadurecimento, mas também eh na residência, estudando, compreendendo. Por isso a gente não tem essa sensibilização, né? A gente não é perpassado por esse assunto, se a gente não é tocado, acho que fica muito difícil a gente acessar todas essas habilidades necessárias para compor uma boa uma boa comunicação clínica. Então assim, parabéns, muito obrigada por essa aula. Acho que nós da sociedade ganhamos muito sempre com ela. E eu gostei muito que tu iniciou a tua
fala trazendo sobre uma vulnerabilidade, um momento importante assim, né, onde tu te acolheu e escolheu, talvez, né, mudar tua rotina. Eu acho que todo o MFC entende o quanto é complexo o nosso dia a dia, o quanto a gente é exigido e que bom que a gente pode trocar com pessoas reais que estão trazendo histórias. né, tão bacanas e que trazem muito sucesso também e nos dão outras perspectivas e aprendizados. No chat a gente teve duas perguntas. A primeira foi do Danilo Marques, ele perguntou se teria referências bibliográficas para aprofundar mais no tema. Que que
tu sugere, Danilo? Eu tô olhando aqui, na hora que eu li a sua pergunta, eu olhei aqui pro lado assim, né? Eu tenho uma pilha que não não caberia, eu nem consigo levantar de tanto material que seria muito legal. Mas assim, a princípio, entrevista clínica do Carriol, comunicação clínica, eh, do Guso e da Marcela Domes, que foram esses dois livros que eu citei na aula. Eles são livros muito bons, são livros muito complexos, eh, muito completos, mas o meu preferido de todos, ele não tem tradução pro português do Brasil ainda. Inclusive, gente, fica a dica
aí, né? Eu já até mandei a sugestão pra sociedade, eh, que é o Skills for Communicating with Patients. Eh, esse livro é excelente, é muito bom mesmo, tá? E aí depois eu até deixo as capas deles no, eu tenho, eu tenho até um post sobre isso no Instagram, eu posso compartilhar depois da aula com vocês, assim que tem vários outros, né? Mas realmente esse skills para mim é um dos melhores que tem. Ele é muito completo e ele é muito bom. Mas tem um outro, clinical consultation, eu acho que é esse o nome, que é
excelente, trabalhando emoção. Ele trabalha tudo, tudo. Olha que incrível que ele é, Giovana. ele fala de de todo o processo do encontro clínico e tal, só que eh foi uma psicóloga que escreveu para poder falar dos atendimentos médicos. Então, ela traz a emoção em todos os lugares, assim, é muito bom esse livro, é muito bom. Eh, eu posso compartilhar a a coisa dele também. Ele eu posso até perguntar se ela não permite que eu compartilhe o PDF dele, porque ela me mandou. Eh, e aí se alguém quiser pode me mandar mensagem, né? Mas deixa eu
ver com ela primeiro. Então, acho que assim, é, esses, né? Tem muitos, tem gente que gosta muito de consulta em sete passos, né? Eh, tem muito livro, muito, mas acho que os dois primeiros que eu falei são uma boa base para começar. Ótimo. Perfeito. E aí a Ana Carolina de Oliveira Paiva, ela trouxe mais assim uma sugestão, perguntou dicas, na verdade, de como lidar com pacientes que às vezes podem nos desrespeitar em consultório, fazer com que a gente se sinta dessa forma. Tu teria alguma ideia, sugestão para esses encontros mais enquanto desafiadores, né? É, são
os meus preferidos, sabe? Acho que eles são muito eles ensinam muito a gente, né? Eh, em primeiro lugar, Ana, eu quero te dizer que você não precisa ficar num lugar que você se sente desrespeitado. Então, se for um desrespeito que você acha que dá para passar por cima, que dá para aprender com ele, que o paciente vai conseguir se ajustar, tudo bem. Se for um desrespeito, um preconceito, alguma coisa assim que realmente vai ser maior, o impacto vai ser maior, é difícil. não vai dar para você poder conseguir estabelecer aquela relação ou aquele cuidado. E
aí é melhor que você compartilhe com outras pessoas que possam fazer um atendimento que vai te gerar menos sofrimento e que vai ser um atendimento até melhor pra pessoa, né? Porque as às vezes a gente não consegue lidar com o tamanho do desrespeito. Agora vamos supor que é um desrespeito assim, a paciente não respeita o meu tempo, assim, chega atrasada, alguma coisa nesse sentido. Eu jogo pra pessoa, eu sinceramente eu converso com a pessoa, eu não tenho mais medo nenhum de falar sobre nenhum assunto com os pacientes. Eu só viro e falo: "Olha, dona Ana,
tô vendo a senhora tá chegando sempre. Eu já falei pra senhora que chegar essa hora atrapalha, eh, prejudica o outro atendimento. A senhora sabe como é que a minha agenda funciona?" Porque aí eu já tô partindo do pressuposto que você já deu uma orientada, né? Por que que a senhora continua fazendo isso? O que que acontece? A senhora acha que a gente pode marcar em outro horário? Tem alguma outra coisa que a gente possa fazer ou não? Que que tá acontecendo, né? E aí pode ser que ela traga um grande insite da vida dela e
que vai ajudar o seu cuidado e que vai ser excelente. Ou pode ser que ela só concorde com você e diga: "É verdade, doutora. A senhora tem razão". E aí no próximo encontro ela chega meia hora atrasada de novo. E aí para esses casos que vão ser assim mais desafiadores, eu convido você a participar do grupo Balent, porque aí a gente consegue entender até o que que é nosso, que incomoda nessa situação. Então o grupo Bent ele vai ajudar bastante com relação a isso. Mas até pensando que tá bom, não tenho o grupo nesse momento,
amanhã eu vou encontrar com ela. que eu preciso de saber o que que eu faço com essa situação. Às vezes faz parte do que ela já é, às vezes para ela não é um desrespeito. E a gente pode até falar isso para ela. Olha, quando você chega atrasada, eu sinto que a senhora tá me desrespeitando. Se a senhora quiser seguir desse jeito, tudo bem me desrespeitando, né? Senão a gente vai precisar fazer de algum outro jeito, porque senão não vai dar. E ponto. E eu não vou te atender fora do horário e limitar, entendeu? E
falar aquela palavrinha que a gente como médica de família não fala nunca, né? Não, não vou atender, não vou fazer, não vai acontecer. Por quê? Porque a gente não quer desagradar. Ainda mais a gente que foi pra medicina de família e comunidade, gente, a gente tem que resolver os problemas do mundo todo. Nós somos tão resolutivas, né? A gente vai fazer tudo. E quando a gente não dá conta de fazer uma coisinha, o mundo desaba. Não fala, não vou atender. Aí na próxima vez tua senhora vai chegar no horário, tá? Ó, dei várias opções. Espero
que tenha te ajudado. Deixa, deixa eu só fazer um comentário aqui. Eh, você falou do olho no olho. Outro dia eu euouvi um depoimento, já falei em várias aulas assim de uma uma pessoa idosa, né, que a gente fazendo levantamento sobre teleconsulta, né? Aí ela falou: "Ah, eu adorei esse negócio de teleconsulta." Fali: "Ah, vou querer fazer sempre porque vocês olham no olho da gente, né? Na na teleconsulta não tem jeito." Eh, dói assim, dói bastante ouvir isso, né? Mas eh, a gente também eu, não querendo justificar, ah, até no livro, no Sete Passos, né?
Ele fala do tempo que a gente leva com encontros administrativos. 60% do nosso tempo. Quer dizer, a gente tá tá centrando muito a nossa prática ou tão empurrando a gente para centrar a nossa prática. A gente tá quase que refém dos sistemas de informação, né, que eles são importantes, mas não esse ponto, né? Então a gente senta na frente do computador e fala pra pessoa, vai falando aí que eu tô ouvindo aqui e olho no olho foi pro espaço, né? Então eu achei muito bom você trazer isso de uma forma eh concreta, né? científica estudada,
eh, pra gente mostrar que realmente o depoimento do o o do dessa paciente tem razão, né? Tá chamando atenção para uma questão que no na teleconsulta a gente até acha assim, pô, mas aí é um meio de de interação que distancia, mas ele pode aproximar porque bota a gente no olho no olho aqui, não tem para onde olhar, né? Então eu achei muito bom você trazer isso. Era só uma reflexão, Jésica, sobre sobre isso. E eu acho isso ótimo porque a teleconsulta, inclusive coloca a gente tão próximo que coloca dentro da casa da pessoa, né?
Eu acho isso incrível. Tipo aqui, vocês estão olhando aqui atrás, vocês estão ouvindo até meus cachorros, né? Vocês estão olhando aqui atrás, vocês estão vendo como é que é mais ou menos o que é minha casa, como é que são as coisas. Se o cachorro pular aqui, vocês estão vendo meu cachorro. Isso acontece muito no no no atendimento de telemedicina, né? Se meu cachorro late aqui e alguém tem um cachorro de lá, o cachorro late também. Então fica essa situação, né? Até os cachorros entram em comunicação. É. E tem uma outra coisa até de pensar
nessa nessa burocratização da vida, né? Eh, eu tô muito envolvida com Hanar esses tempos, porque eu fico pensando na banalização do mal, né? a gente banaliza tudo por causa da burocracia. Então assim, eu preencher todas as planilhas e fazer todas as coisas, porque tá todo mundo me obrigando e tal e a gestão e não sei o quê, eu esqueço de quem é o mais importante que tá ali. Mas aí eu não atendi o paciente bem, mas tá tudo bem, tá tudo preenchido. Tudo que eu precisava de ter preenchido, eu preenchi. E isso, o quanto que
isso é um problema grave e que interfere na no nosso humor, na nossa vida, né, em quem a gente é. Porque se a gente tá aqui dentro da medicina de família e comunidade, a gente tá querendo cuidar da pessoa, a gente não tá querendo cuidar da planilha preenchida, né? Então isso tudo é um grande uma grande fonte de reflexão. Só complementando essa questão que o Dala trouxe em relação ao olho no olho, eu acho tão potente essa informação, porque eu trouxe dentro de uma evidência científica e muitas vezes não que a gente não queira fazer,
né, justamente não justificando, mas a gente tá tão imerso nessa burocratização diária que falta a talvez o senso de que isso faz parte, que isso é muito importante. E aí, a partir desse momento que a gente tá tendo hoje, né, a oportunidade de conversar e pensar sobre isso, talvez isso fique mais uma resposta mais fácil no nosso cérebro. E quando a gente esver ali no atendimento lembrando assim, tentando fazer a burocracia e atender, a gente pensa assim: "Não, pera aí, deixa eu respirar e e fazer uma coisa que eu sei que realmente é importante que
vai mudar a minha habilidade de comunicação clínica". Então, acho que é muito muito significativo. Jéssica, tem algumas várias perguntas, a gente foi batendo papo e as perguntas forem foram surgindo. Lembrando que a gente tá com um tempinho um pouco em cima, né? São 8 horas, mas vou tentar dar uma condensada. Tanto o Felipe Henrique quanto a Maria Eduarda Matos, eles perguntaram coisas um pouco similares sobre em relação a como se impor em situações onde ã não conseguiu prestar o atendimento que tava idealizando, que desejava, ou então que tá fazendo atendimento em conjunto com algum colega
e vê que o colega não tá se posicionando da forma como deveria, como talvez ter habilidade de comunicação não só com o paciente, mas também com os pares. Eu acho que eu eu vou começar pela do Felipe e aí eu vou paraa da Maria Eduarda. Eh, Felipe, a coisa mais importante nesse nesse tipo de situação é que você não tente resolver tudo sozinho. Então, não vai querer, né, mais uma vez, não vai querer d uma de médico de família que resolve tudo e que faz tudo, porque isso pode dar um problema grande, né? Eh, se
for numa situação de residência, assim, eu imagino que seja, eh, é legal você compartilhar isso com o preceptor, jamais na frente do paciente. Então, assim, ah, tá acontecendo uma coisa absurda aqui dentro do encontro. Se for uma coisa muito absurda, dá para você levantar e chamar seu preceptor para entrar também na sala. só entrar tipo, ah, vem cá ver que que tá acontecendo. E se não for, se for uma coisa assim médio absurda, que você só não quer que continue acontecendo, é legal pedir desculpa pro paciente depois do encontro, talvez, ou já e já falar
com o preceptor, tá? Mas nunca tente resolver isso sozinho, porque às vezes a pessoa ela não vai levar na melhor, né, que o que que você tá querendo falar. Isso pode gerar mais problemas ainda e aí dificultar e criar um ruído tão grande que vai quebrar o vínculo seu com esse colega. E o pior, pode piorar o comportamento desse colega, entendeu? Então vamos tentar fazer isso, tá? Compartilha, compartilha com as pessoas, tá certo? E a Maria Eduarda é difícil, né? Essa grande palavra impotência que a gente carrega junto da gente, né? A tatuagem do médico
de família e comunidade tinha que ser frustração e impotência, né, para poder para poder lidar com as coisas que fogem do que a gente gostaria que fossem. Eh, a grande dica é que você tente trabalhar com os atributos do seu lado. Então, assim, a longitudinalidade é o principal atributo, na minha opinião, ele é a coisa mais importante que existe. Porque quanto mais longitudinalidade você tem, mais liberdade você tem para conversar com seus pacientes, inclusive sobre esses problemas, sobre essas situações, tá? eh, de controle de agenda, por exemplo, assim, eh tentar ter o máximo de letramento
possível até para poder conseguir letrar a sua unidade, a sua gestão, né? Eh, será que de repente assim a gente não ia conseguir fazer um trabalho um pouco diferente, né? Eu trabalhava numa unidade, por exemplo, que era atendimento, agenda, 15 em 15 minutos e tal, e ninguém tava nem aí, tinha que ser assim. Eu odeio trabalhar assim. Eu eu amo acesso avançado, gente. Podem me criticar. Eu sou completamente apaixonada no acesso avançado. Para mim, ele funciona perfeitamente bem. Eu sou muito feliz com ele. E aí eu fui mostrando devagarzinho o que que era assim paraa
equipe entendendo e foi maravilhoso. A gente foi construindo isso e foi sendo muito legal. Tanto os pacientes estavam compreendendo quanto a equipe e aí a coisa funciona. Então é principalmente isso de você ter um pouco de flexibilidade porque as coisas não vão acontecer sempre do jeito que você quer. Na verdade quase nunca elas vão acontecer do jeito que você quer. Então a gente precisa ter flexibilidade, a gente precisa usar da longitudinalidade, tentar aletrar as pessoas para est todo mundo na mesma página. E desse jeito a gente vai conseguindo levar os problemas e os desafios de
um jeito mais ameno, por assim dizer. Tá ótimo. Já. Então, a o Adriano, ele Adriano Costa, ele perguntou como participar de grupo Barent. Essa pergunta, essa resposta é rapidíssima. Me segue no Instagram, qualquer um dos dois Instagrams que sempre que tem vaga eu compartilho lá. Tá bom? Se você já quiser me mandar, quem aí tiver interesse, né, de participar de grupo Bent quiser me mandar por mensagem no Instagram, nome e telefone, pode mandar que eu já vou colocar na lista de espera. Quem é médico de família aqui, ainda mais vocês vão ter prioridade absoluta pros
próximos grupos, tá bom? Maravilha. Por fim, então, Gabriel Lopes Marcondes perguntou: "Como saber o momento certo para interromper o paciente?" experiência errando. Essa é a primeira coisa. Tem que fazer muitas vezes para você poder ir percebendo, né? Eh, às vezes a gente para para poder pensar, a literatura fala muito dos silêncios que começam a ficar um pouco mais longos, né? Então, assim, a pessoa já ficou ali um pouco parada, só te olhando. Pronto, é uma hora de você começar a falar e fazer outras perguntas que você julgue pertinente pro momento, tá? Mas interromper enquanto a
pessoa ainda está falando, não. Então, dá para você esperar um pouquinho. A pessoa, às vezes, ela fica meio constrangida até de estar falando um pouco mais. Ela faz um silêncio. Fez o silêncio, entra nesse silêncio. Vamos fazer esse exercício amanhã. Teve um silêncio, você entra nele e você vai começando a observar como que tá funcionando isso. Se já foi um pouco melhor, se não, se você pode esperar um pouco mais. Eh, treine se você for residente, então aproveite, meu filho, aproveita, treina uma, um dia você interrompe com um segundo, outro dia você interrompe com um
minuto, deixa o paciente falar 5 minutos do seguido e vê que que acontece. Então assim, experimenta, isso que é muito importante. Eu nunca vou esquecer de uma residente que pediu para poder acompanhar eh eh alguns encontros meus assim, porque ela queria fazer Calgary Cambridge, Cot, né? Então ela queria acompanhar alguns atendimentos meus e chegou uma paciente que era uma paciente de saúde mental, daquelas assim que tem 1 milhão de coisas, né? E eu fiquei 10 minutos em silêncio com ela falando. A menina atrás tava se contorcendo na cadeira assim já. E na hora que acabou
o encontro, ela falou: "Jéssica, eu nunca pensei que a gente pudesse deixar a pessoa falar desse tanto e foi isso. Ela, você deixou ela falar, era uma consulta de 15 minutos, eu deixei ela falar por 10 minutos. nos 10 minutos ela me deu todos os problemas e todas as soluções. Em 5 minutos eu só juntei tudo e a gente conseguiu fazer terminar o o nosso encontro clínico e e a menina tava assim: "Esse encontro vai demorar demais?" Ela já tava com vontade de levantar, avisar a recepção, que os próximos iam atrasar. Gente, não. O paciente
é isso. Às vezes ele precisa falar muita coisa, mas ele também te traz muita informação. Então, abusa da sua possibilidade de experimentar. E se vocês não são residentes, experimentem também. Deixa o dia ficar meio caótico, atrasar um pouco, fazer algumas coisas, mas experimenta para você encontrar a sua melhor forma de atender, a forma mais efetiva que vai ser para você, tá bom? Perfeito, Jéssica, muito obrigada. Vamos encerrar. Então, já é 8:10, foi uma aula excelente. Acho que as dúvidas também foram muito pertinentes. Em nome da SBMFC, desejo uma boa noite, agradeço muito. Vou passar a
consideração final pro Dala. Consideração final é agradecer, né? eh que a gente também tem a oportunidade de ser médicos eh que se comunicam bem e quando a gente tiver num outro papel também que a gente tem a oportunidade de se comunicar com um profissional que tá nos atendendo, porque a gente não sabe o dia de hoje, nem o dia de amanhã, né, que a gente também eh perceba, né, e o o assim o quanto que é possível, né, encontrar caminhos, né, na comunicação. Então, só tenho agradecer a Jéssica, que ela seja muito iluminada nesses novas
caminhadas aí, nessas mudanças, né, de vida. E a gente quer ter você sempre por aqui. Já fica o convite pro próximo ciclo aí, tá? Obrigada. Conta comigo. Boa noite. Boa noite a todos. Todos. Tchau. Obrigado, Gladyson. Tchau. Boa noite.