Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amém. Inspirai, ó Senhor, as nossas ações e ajudai-nos a realizá-las, para que em vós comece e para vós termine tudo aquilo que fizermos.
Por Cristo, Senhor Nosso. Amém. Santa Maria, mãe de Deus, rogai por nós.
Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amém. Muito bem, estamos no nosso curso de Direção Espiritual e que nós tratamos o temas que vão aparecendo como necessidade das pessoas.
Nosso curso ele não tem muito uma estrutura lógica, são temas que vão aparecendo. Um tema recorrente que as pessoas pedem muito é que eu ensine as pessoas como é que se faz para rezar. É um pouco a necessidade básica de todo mundo na vida espiritual.
Os discípulos chegaram para Jesus e disseram: "Senhor, ensina-nos a rezar". Bom, todo padre deveria ser um mestre da oração, mas eu, de minha parte, devo dizer que, infelizmente, eu não sou um grande orante porque para ser um grande orante eu precisaria já estar na via mística. Infelizmente, já vou patinando há alguns anos nessa via purgativa, tentando me purificar, tentando ser uma pessoa um pouco melhor.
Mas, crescer na vida de oração é crescer no amor, essa é a primeira palavra que eu gostaria de dizer aqui no início dessa pequena direção espiritual. O que é que nós queremos obter? Queremos crescer no amor.
Porque se a gente perde isso de foco a gente termina achando que a oração é, sei lá, que tipo de elucubrações mentais, de meditações de coisas um pouco intelectualóides, mas que não nos levam realmente ao crescimento espiritual. Santa Teresa d'Ávila diz no seu livro "As moradas, Castelo Interior", nas quartas moradas, ela diz que o que nos faz crescer para as moradas superiores é o amor, não é pensar muito, é amar muito. Então, como é que a gente faz este amor?
Bom, o que eu vou ensinar aqui é uma técnica básica, muito resumida, muito simplificada, daquilo que é a oração silenciosa, chamada por alguns autores de "oração mental", por outros autores chamada de "meditação", mas que, digamos, é o básico da oração. Se você for ver o conceito de oração, que é o conceito de oração? Bom, o conceito de oração é "a elevação da alma a Deus".
O que é elevar a alma a Deus? É isso que eu gostaria de responder nesse nosso, nessa pequena troca de ideias que a gente tem aqui, a respeito de direção espiritual. Bom, pra você elevar a alma a Deus, a primeira coisa que você tem a lembrar é que você tem um corpo, então existe uma preparação.
Como é que você vai se preparar? A preparação é muito simples, você primeiro precisa lembrar que a oração é um encontro. Se a oração é um encontro, existem duas pessoas que precisam se encontrar.
A primeira é você, a segunda é Deus. Então este é o encontro básico e a preparação. Veja, algumas pessoas não se dão conta disso.
Isto aqui ainda não é oração, não é "a" oração que eu estou dizendo, mas você, se você vai rezar, você precisa se encontrar com você mesmo. E muita gente não consegue rezar por isso. Porque não se encontra consigo mesmo.
Você precisa se apaziguar, se acalmar, não é? Sei lá, você acaba de sair do trânsito, um trânsito caótico, você está assim mal, está cansado, afobado, etc. , você vai rezar?
Meu irmão, respira fundo, não é técnica indiana, transcendental, ioga, nada disso. É simplesmente o seguinte. O seu corpo está agitado.
A sua fantasia está a mil, a sua irritação, então você precisa se acalmar, se encontre com você, olhe pra você e diga: o que é que está acontecendo dentro de mim? "Nossa, eu tô agitado, peraí, calma! ".
Veja como você está. Uma vez que você viu como você está e isso não precisa ser duas horas, pode ser 30 segundos, 40 segundos, você se acalma, respira fundo, "Eu estou assim", aí você vai se encontrar com Deus. Pra você se encontrar com Deus, você precisa fazer um ato de fé na presença Dele.
Se você está na frente do sacrário, você tem que dizer, "Senhor, eu creio que estás aqui". Se você não está na frente do sacrário, olhe para dentro de você, no seu coração, "Eu creio que estás aqui dentro de mim". Faça um ato de fé, um ato de fé significa o seguinte, a pessoa tem que agir com a sua vontade e a sua inteligência.
A sua vontade diz para a inteligência "creia" que ele está aqui. Porque se você não tem essa presença não vai ter oração. O básico da oração não vai acontecer porque não vai haver encontro.
Muita gente pega a Bíblia e consegue se concentrar em tudo que está dizendo: "Vinde, exultemos de alegria no Senhor, aclamemos o rochedo que nos salva" e ele vai pensando, mas ele está pensando a respeito de Deus, não está se encontrando com Deus. Existe um mau vezo, uma mania de teólogos, seminaristas e todo mundo que fala a respeito de Deus de falar a respeito de Deus como Ele e na hora da oração continuar a falar a Deus como se fosse Ele. Não sei se vocês já viram esse tipo de oração.
Eu já vi muitas vezes, você diz: "Fulano, vamos rezar agora, conduza a oração antes da refeição", aí o Fulano começa: "Vamos pedir a esse nosso Deus que abençoe os pobres, que aumente a nossa fraternidade porque é muito importante. . .
" e começa a fazer um sermãozinho. Ele não está rezando. Vamos pedir a este nosso Deus, quer dizer é um "ele", Deus é um "ele", Deus não é uma presença que está ali me ouvindo.
Tá entendendo? Tem que haver a presença sobrenatural, senão não vai ter oração. Isso que eu estou dizendo é tão óbvio, tão óbvio, tão óbvio que é esquecido.
Mas se não houver essa preparação, não vai ter. É evidente que você pode também acrescentar mais uma coisa: você pode pedir a ele, a Deus, à Virgem Maria, ao seu anjo da guarda, as graças para esse momento de oração. O Opus Dei tem uma pequena oração que eles sempre repetem no início de cada oração, que eu suponho tenha sido composta por São Josemaria Escrivá em que eles fazem exatamente isso, um ato de fé: "Creio que estás aqui presente" e pedem ajuda à Virgem Maria, a São José, ao anjo da guarda para com fruto passar aquele momento de oração.
Pois bem, aqui é a preparação. Agora, como é que tem que ser a oração de verdade? Bom, se o número 01 era preparar, o que é que é o número 02?
É a elevação da alma a Deus. É a oração propriamente dita. O que é que eu vou fazer?
Vou elevar a alma a Deus. Ora, a nossa alma ela é simples, mas ela tem funções. Ela tem uma função de conhecimento e uma função de apetite que é a inteligência, o intelecto e a vontade.
Se você não elevar essas duas funções, essas duas potências, essas duas faculdades, na sua oração, a sua oração vai estar incompleta de alguma forma. Então vamos começar com o número 01, o intelecto. "Ih, pronto, por isso que eu prefiro uma oração mais emocional, uma oração mais ungida, mais sentida, porque já começa com esses intelectualismos.
" Não tem intelectualismo nenhum. Parou. Não é isso que eu estou te ensinando, você deixa eu explicar.
Que quer dizer o intelecto? Veja, Você é inteligente, como uma pessoa inteligente, você tem uma inteligência que pode ser iluminada por duas luzes, existe uma luz fraquinha, que é a luz da razão. Então, tudo bem.
Esta luz todo mundo tem, inclusive os pagãos, eles enxergam as coisas, mas não enxergam muito. Ou seja, é como se você olhasse para uma cidade de noite. Você está vendo a cidade?
Está vendo. Tem as luzes lá, tem um lusco-fusco, etc, etc. , você não vê claramente.
Quando de repente vem o sol e raia o dia maravilhoso, então, você pode dizer: "Puxa vida, que maravilha, agora eu estou enxergando. Olha, ontem eu via essas árvores aqui eram todas pardas, agora com o sol, que beleza, esse verde! Que lindo!
Olha, ontem à noite eu estava vendo aqui esse rio, mar, estava escuro, agora está um azul lindo porque o sol está aí", você consegue enxergar. O que é essa segunda luz? É a luz sobrenatural.
A luz que vem de Deus. A luz que é Cristo. Então você precisa pedir ao Cristo Senhor que ilumine a sua inteligência para que você compreenda o seu mistério, o seu amor, a sua bondade, então você vai pegar alguma coisa, vai pegar algum osso pra roer, não é?
Ou seja, alguma Palavra de Deus, algum mistério da vida de Cristo para contemplar. Então você vai, vamos supor, sei lá, você vai contemplar sobre a Paixão de Cristo na Cruz, que é um dos temas prediletos dos santos para contemplar. Então você vai começar a girar ao redor daquilo ali, você pode pegar o texto do Evangelho, você pode.
. . mas o melhor mesmo é você, dentro, no interior, no seu silêncio, começar a falar com Deus e dizer: "Senhor, mas que maravilha, o vosso amor por mim" e vá narrando para Deus, você pode ir narrando para Deus o quê Ele fez para amar você.
Ou às vezes, sem palavras, você simplesmente vai discorrendo aquele mistério, vai vendo a grandeza. Resumo: você vai cavocando ali ao redor daquele mistério até que, finalmente, acontece aquele, aquela iluminação. Quando você diz assim, por exemplo, como se dissesse: "Nossa".
Não sei se vocês já tiveram essa impressão. . .
uma das coisas que pode acontecer é desta fase aqui, do intelecto, acontecer durante uma pregação. Você está ouvindo a pregação de uma pessoa, você está na missa, o Padre está pregando, e o Padre diz uma coisa que você está cansado de saber, mas ele disse e naquele momento houve uma iluminação interior e você vê que você foi iluminado. Porque você já sabia aquilo, mas de repente você compreendeu aquilo.
Você vê claramente que foi, que você foi alimentado interiormente. Ou seja, na sua oração pessoal ou durante uma pregação que foi uma meditação conduzida, digamos assim, você foi girando ao redor daquele mistério que já é conhecido, gente. .
. eu não estou dizendo aqui que vocês vão conhecer novidades, não! É um mistério já conhecido, mas que reconhecido e iluminado pela luz de Deus, pela luz divina, aquilo te alimenta.
Se você faz a Lectio Divina, o que eu estou dizendo aqui pra vocês são as duas primeiras partes, a parte da leitura e da meditação. O que é leitura e meditação? É que quando você lê o texto sagrado, você resume na sua cabeça, lembrem que os antigos monges eles não tinham Bíblia para carregar debaixo do braço, eles ouviam o texto sagrado na Igreja e captavam e passavam o dia ali ó, ruminando, meditando ao redor dessa verdade.
E ao redor dessa verdade chega uma hora que você diz, "Me alimentou! " Então aqui houve a parte do intelecto. Mas não basta você simplesmente elevar o intelecto, você tem que elevar a vontade.
O que é a vontade? É um apetite racional. Vamos entender o que é um apetite racional.
Os animais têm apetite irracional. Sei lá, um cachorro quer comer uma bacia de comida, ele quer aquilo. Um cachorro não é capaz de se contrariar, ele é capaz de ser contrariado.
. . o outro cachorro está lá comendo a bacia dele, ele está contrariado, mas ele não se contraria.
O ser humano é capaz de se contrariar. Ele é capaz de inclinar o seu mundo interior numa direção que ele instintivamente não estaria inclinado. Essa é a liberdade da vontade, é um apetite racional onde eu inclino para onde eu quero.
Ora, basicamente, o que é que nasce da vontade? Amor, e não esqueça de uma parte importante: ódio. Você precisa odiar na sua oração.
As pessoas precisam amar e odiar na oração. Você vai e contemplou a Paixão de Cristo, quando você vê aquele amor de Cristo por você, você ama, quer dizer é um ato de vontade que diz, "Senhor, vós me amaste tanto, eu quero vos amar de volta, eu quero entregar minha vida", isso é amor. Agora, existe o ódio, você pode também contemplar os seus pecados e dizer, "Senhor, eu detesto os meus pecados", isso é uma coisa que as pessoas precisam fazer.
Agora você precisa fazer não aquele ato de contrição automático, assim: "Meu Deus, eu me arrependo de todo coração de vos ter ofendido, porque sois tão bom e amável. . .
". Não é um ato de vontade. Se a sua vontade não está engajada ali não há contrição, nem perfeita, nem imperfeita, muito menos.
Então, dizer, "Senhor, eu detesto os meus pecados que vos mataram na cruz. Senhor, eu detesto a minha miséria que vos fez tanto mal, a minha ingratidão. Senhor, eu estou cansado, cansado de não vos amar.
Eu quero amar, Senhor, por isso eu me sento aqui e diante de vós como um mendigo na soleira de vossa porta: dai-me, Senhor, a capacidade de amar". E aí, então, uma vez que você fez atos de amor, de ódio, atos de confiança, de temor, etc. e tal, são coisas que podem nascer da vontade, você então, a partir disso pede a Deus as graças necessárias para amar mais, para ter mais virtudes, etc, etc.
E aí, número 03, uma vez que você fez isso, o número 03 você vai então agradecer a Deus, é a conclusão, você vai amarrar as pontas. Você faz uma ação de graças, "Obrigado Senhor, por aquilo que eu recebi durante esse tempo de oração", é importante também às vezes você terminar a adoração e fazer propósitos de amar mais a Deus, de ser mais de Deus, etc. etc.
, e assim, concluir a oração. Veja, quanto tempo é necessário para fazer esse tipo de oração? O tempo que você dispuser, você pode fazer uma oração de dez minutos, pode fazer uma oração de quinze minutos, pode fazer uma oração de meia hora, não é?
Os santos nos dizem, nos aconselham, Santo Afonso Maria de Ligório, muito bondoso, diz que para os iniciantes é bom não passar de meia hora. Então você fique ali meia hora, etc. , fazendo a sua oração.
É claro que pode sempre aumentar e a melhor, o melhor momento para você fazer essa oração, que eu aconselho é depois de ter comungado. Por quê? Porque na comunhão você tem ali realmente a presença do Cristo, na sua humanidade gloriosa que você acaba de receber na comunhão.
Isso é muito importante. Então são dicas básicas para você fazer a sua oração pessoal. O resumo disso que eu estou dizendo é simplesmente isso: elevar a alma a Deus.
E elevar a alma a Deus é inteligência e vontade, precisam ser elevadas. Se isso não é feito, não acontece. Aí vem a pergunta: Padre, e os sentimentos?
Bom, os sentimentos, eles são consequência disso tudo. Pode acontecer que quando você medita uma coisa você tenha sentimentos. Não sei se já aconteceu de você, sei lá, o padre está lá pregando ou o pregador está pregando e você começa a chorar?
E você se sente consolado? Você se sente movido pelo amor de Deus? Pode acontecer.
Às vezes acontece, às vezes não acontece. Pode acontecer de você, no ato de vontade, quando você está fazendo, "Senhor, eu vos amo, eu quero me entregar" e você sentir mesmo essa entrega. Às vezes você não sente nada.
O que é o sentimento na oração? É simplesmente aquilo que a sua alma está fazendo, está reverberando no seu corpo. Isto é bom.
Mas não é a essência. Isso é bom, mas não é o centro porque se vocês virem isso que eu acabo de descrever aqui, se bem compreendido, está em profunda sintonia, por exemplo, com uma oração vivida num grupo de oração carismático. Se você vai num grupo de oração carismático e fizerem a oração direito, o que é que vai ser?
Eles têm um momento de pregação, que é um momento de meditação de uma verdade de Deus, se aquela pregação for feita realmente como deveria ser feita e depois vem um momento de resposta disso na oração, em que você realmente dá a sua resposta para Deus. E pode acontecer depois que uma vez que você elevou a sua vontade, disse seu sim para Deus, o seu amor, pode acontecer, então, que se manifestem ali graças, as graças pedidas, podem. .
os dons carismáticos podem acontecer nesse momento. Não está excluído. O problema é quando as pessoas começam a fazer uma forçação de barra para dizer que os sentimentos têm que acontecer porque se não aconteceu o sentimento, não teve oração, então não foi ungido; e uma forçação de barra para dizer que os carismas têm que acontecer.
Gente, os carismas são graças "gratis date", são dadas de graça, vem quando Deus quer. Não adianta ficar marcando na agenda que que Deus vai operar milagres tal hora. Não dá pra gente fazer isso.
Você não controla Deus. Então, aqui é importante a gente entender o seguinte, que dentro da tradição católica a oração, como ela é feita na Renovação Carismática ela recebe uma luz que a torna bastante bonita e equilibrada. Mas isso que eu estou dizendo aqui não é só para a Renovação.
Isso é para todas as pessoas. Todas as espiritualidades, todos os movimentos. Então só quis fazer essa pequena nota de rodapé sobre a Renovação Carismática porque eu sei que muita gente tem essa tendência de fazer, de dizer assim: "Isso que o Padre Paulo tá dizendo não é a nossa espiritualidade, portanto nós temos que rejeitar, porque essa é uma espiritualidade meio intelectualista, árida.
. " Não. O que eu estou dizendo é o seguinte: as emoções, os carismas, podem acontecer dentro disso.
O que é importante é você não colocar a essência nisto. A essência é a elevação da sua alma a Deus. Não quer usar a palavra alma?
Não tem problema. Usa a palavra coração. Eleve o seu coração a Deus, mas saiba que esse seu coração não é um sentimentalismo.
O seu coração é uma compreensão, o meu coração compreende o coração daquele que me amou e por isso quero responder com um ato de amor também. Deus abençoe você e que você possa colher as graças de Deus na sua vida de oração. Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
Amém.