o que nos leva a repetir ações que sabemos serem prejudiciais dostoyevski em notas do subsolo explorou a natureza contraditória do ser humano e sua tendência autodestrutiva ele nos apresenta um narrador que mesmo consciente de suas falhas persiste em escolhas que o levam ao sofrimento essa atração pelo abismo É talvez a essência do vício uma repetição compulsiva que ao mesmo tempo que nos destrói nos seduz hoje em nossa sociedade moderna o vício tomou formas sutis e complexas não se trata apenas de substâncias químicas mas de comportamentos redes sociais compras pornografia jogos Vivemos em um mundo projetado
para capturar nossa atenção e explorar nossas fraquezas criando ciclos de dependência que nos aprisionam Call Jung ao falar sobre os arquétipos e o inconsciente coletivo dizia que o vício é uma tentativa desesperada de preencher um vazio espiritual ele via o comportamento viciante como um substituto para uma conexão perdida com o eu mais profundo para Jung o vício não é apenas uma fraqueza mas um grito de socorro da alma do ponto de vista da neurociência essa repetição compulsiva tem raízes biológicas Claras o sistema de recompensa do cérebro mediado pelo neurotransmissor dopamina é ativado toda vez que
experimentamos prazer comportamentos viciantes sequestram esse sistema criando uma busca incessante por Sensações prazerosas estudos mostram que com o tempo o cérebro se adapta exigindo estímulos cada vez mais intensos para alcançar o mesmo nível de satisfação um fenômeno conhecido como tolerância na psicologia o vício é frequentemente associado a mecanismos de enfrentamento funcionais pessoas que enfrentam traumas solidão ou falta de propósito muitas vezes recorrem ao vício como uma forma de anestesiar a dor no entanto como o narrador de notas do subsolo descobre essa fuga é temporária e frequentemente intensifica o sofrimento original do ponto de vista filosófico
pensadores como Friedrich nietzche e s Kirk gard também tocaram nesse tema niet em sua busca pela Superação do niilismo via o vício como um sintoma de uma vida sem significado Kirk gard por sua vez argumentava que o desespero uma característica central do ser humano frequentemente leva ao apego a coisas que prometem uma felicidade fugaz mas nunca satisfazem plenamente no cotidiano vemos isso refletido em comportamentos comuns quantas vezes abrimos o celular sem motivo aparente rolando pelas redes sociais em busca de algo que nem sabemos definir quantas pessoas recorrem a compras ou a comida como forma de
aliviar o estresse esses padrões embora aparentemente inofensivos podem se transformar em Vícios quando assumem o controle de nossas vidas dostoyevski Nos alerta para a natureza paradoxal do ser humano o narrador de notas do subsolo sabe que suas ações são irracionais mas as justifica como uma expressão de sua liberdade ele diz O homem é uma criatura caprichosa EZ como um jogador de xadrez ame apenas o processo de alcançar o objetivo e não o objetivo em si esse amor pelo processo mesmo quando destrutivo é uma característica central do vício no final o fascínio do vício reside em
sua dualidade Ele oferece alívio imediato mas rouba a liberdade a longo prazo Essa é primeira armadilha do vício el apres como uma esc tudo o que negamos em nós mesmos grita por reconhecimento essa frase atribuída a Carl Jung sintetiza o conflito central do vício ele não é apenas um comportamento externo mas uma manifestação de forças internas que evitamos enfrentar no vício encontramos um reflexo Sombrio de nossos desejos reprimidos e da nossa incapacidade de lidar com o vazio existencial no clássico literário notas do subsolo dostoyevski nos apresenta um personagem atormentado pela autoconsciência ele vive preso entre
o desejo de controle absoluto sobre sua vida e a incapacidade de escapar dos impulsos destrutivos ele sabe o que é certo mas não consegue agir de acordo com essa consciência dizendo quanto mais consciente sou menos capaz sou de agir essa paralisia reflete a essência do vício uma batalha constante entre razão e instinto onde o instinto muitas vezes vence na neurociência essa luta é explicada pelo conflito entre o córtex préfrontal responsável pela tomada de decisões Racionais e o sistema límbico que governa as emoções e impulsos estudos mostram que em pessoas com vícios o córtex préfrontal é
menos ativo dificultando a resistência a comportamentos compulsivos é como se o cérebro estivesse sendo sequestrado pelos mais primitivos Além disso o vício afeta a maneira como processamos as recompensas o sistema de dopamina fundamental para o prazer e a motivação Se torna hiperativo diante de estímulos viciantes por outro lado atividades normais como interações sociais ou hobes perdem sua capacidade de trazer satisfação isso cria um ciclo onde o indivíduo busca cada vez mais a fonte do vício enquanto o resto da vida se torna insípido do ponto de vista psicológico Sigmund Freud viu o vício como uma manifestação
do princípio do prazer onde a mente busca aliviar o desconforto imediato mesmo à custas de consequências futuras Freud argumentava que o inconsciente humano é um terreno fértil para desejos conflitantes e o vício pode ser entendido como uma tentativa de escapar desses conflitos ainda que temporariamente na filosofia k introduz a ideia do desespero consciente um estado onde o indivíduo reconhece o vazio de sua existência mas não encontra forças para enfrentá-lo esse desespero pode levar ao vício como uma forma de preencher esse vazio com algo tangível ainda que prejudicial ele escreveu o desespero não é apenas um
pecado contra Deus mas também contra si mesmo nos dias de hoje essa luta entre controle e compulsão se manifesta em várias redes sociais por exemplo foram projetadas para explorar nossas vulnerabilidades psicológicas cada notificação cada curtida cada comentário ativa o sistema de recompensa criando uma dependência quase invisível e como no caso do narrador de notas do subsolo estamos conscientes de que somos manipulados mas continuamos presos ao ciclo outro exemplo moderno é o vício em jogos online ou apostas Essas atividades não apenas oferecem uma fuga da realidade mas também criam um senso artificial de conquista no entanto
essa conquista é vazia pois não está enraizada em esforço ou significado Real dostoyevski em sua análise da condição humana sugere que parte do apelo do vício é a ilusão de controle ele escreve o homem ama Criar e abrir caminho para si mesmo mas não será ele também apaixonado pela destruição essa paixão pela destruição ou pelo caos é uma forma de reafirmar sua liberdade mesmo que de maneira autodestrutiva no fim o vício é um espelho do nosso inconsciente ele nos força a confrontar verdades que preferíamos ignorar mas como Jung advertiu aquilo que não enfrentamos dentro de
nós acabará nos controlando de fora e o homem nasce livre mas por toda parte está acorrentado esta frase de rousse ecoa profundamente quando refletimos sobre o vício embora nasc com o potencial de viver plenamente frequentemente encontramos formas de nos aprisionar e o vício é uma das correntes mais difíceis de quebrar ele promete Liberdade uma fuga temporária da dor mas entrega exatamente o oposto um ciclo de sofrimento e Dependência dostoyevski em notas do subsolo descreve o sofrimento como algo paradoxal o narrador afirma uma espécie de prazer no sofrimento uma satisfação mórbida em reconhecer a própria miséria
ele escreve o sofrimento Afinal é a única causa da consciência isso reflete um aspecto crucial do vício ele nos força a confrontar nossa vulnerabilidade mesmo quando buscamos desesperadamente escapar dela a neurociência corrobora essa dualidade estudos mostram que o cérebro de pessoas com vícios entra em um ciclo de recompensa e punição enquanto o comportamento viciante inicialmente ativa o sistema de dopamina proporcionando prazer ele também ativa áreas associadas ao estresse e a ansiedade essa montanha russa emocional pode explicar porque algumas pessoas se sentem vivas no meio do Caos do vício mesmo que estejam se autodestruindo Carl Jung
oferece uma perspectiva filosófica sobre esse paradoxo ele acreditava que o sofrimento humano é essencial para sem sofrimento não há transformação dizia ele o vício nesse sentido pode ser visto como um desvio desse processo em vez de enfrentar o sofrimento de frente e crescer a partir dele usamos o vício como uma forma de anestesia emocional adiando mas nunca evitando o confronto com nossas feridas internas na filosofia de Friedrich nietz encontramos outra camada de entendimento nietz falava do conceito de Eterno Retorno onde cada escolha que fazemos deve ser vista como algo que repetiram eternamente sob essa lente
o vício é uma escolha que nos condena a um ciclo interminável de repetição ele também criticava o que chamava de moralidade de rebanho a tendência de seguir impulsos e Convenções sem reflexão crítica em muitos aspectos o vício pode ser entendido como uma submissão a esses impulsos uma renúncia à autonomia no dia a dia vemos isso claramente em hábitos Aparentemente inofensivos o ato de abrir um aplicativo no celular buscar uma dose de cafeína ou mergulhar em séries intermináveis Pode parecer trivial mas são exemplos modernos de como buscamos escapar de momentos de silêncio e introspecção esses pequenos
vícios frequentemente mascaram problemas maiores como insatisfação com a vida ou uma sensação de vazio Ruben Alves um dos pensadores brasileiros mais sensíveis à condição humana comparava o vício a um rio caudaloso que nos leva sem que percebamos para um destino não escolhido ele dizia a maior solidão é a ausência de si mesmo no vício muitas vezes perdemos o contato com quem realmente somos substituindo nosso eu autêntico por um conjunto de hábitos e compulsões no entanto dostoyevski nos lembra de que mesmo no solo da existência há espaço para a redenção ele escreve o segredo da existência
humana não está apenas em viver mas em saber para que se vive Talvez o vício com todo o seu sofrimento seja um lembrete de que precisamos encontrar um propósito maior algo que nos mova além do prazer imediato ainda assim o encantamento do vício reside Na promessa de uma escapada fácil ele sussurra que podemos evitar a dor e ainda assim encontrar prazer mas como vemos na literatura na neurociência e na vida cotidiana essa promessa é ilusória o preço da fuga é a perda de liberdade e a liberdade é o que define Nossa humanidade aquilo que você
tenta evitar acaba moldando quem você é esta reflexão de KL Jung nos leva ao cerne do enigma do vício ele não é apenas uma força destrutiva mas também um espelho do que carregamos por dentro como um reflexo de distorcido de nossas falhas e desejos o vício nos força a encarar aquilo que preferimos esconder na literatura clássica a obra O Retrato de Dorian Grey de Oscar Wilde oferece uma metáfora poderosa para o vício e suas consequências Dorian obsecado por manter sua Juventude e beleza faz um pacto Sombrio seu retrato envelhecerá e mostrará os sinais de sua
decadência enquanto ele permanecerá intocado à medida que D mergulha em uma vida de excessos e imoralidade seu retrato se transforma em um reflexo grotesco de sua alma corrompida Essa Ideia de um espelho oculto encapsula o que o vício realmente é um acúmulo das escolhas que fazemos para evitar enfrentar nossa própria verdade no campo da neurociência essa metáfora ganha uma base científica o vício cria mudanças físicas no cérebro alterando os circuitos responsáveis pela tomada de decisão memória e controle emocional esses circuitos deformados funcionam como O Retrato de Dorian Grey mesmo que não possamos ver os danos
externamente eles estão lá moldando nossa percepção do mundo e nos prendendo em ciclos de comportamento autodestrutivo do ponto de vista psicológico Carl Rogers um dos fundadores da psicologia humanista destacou a importância da autenticidade ele acreditava que grande parte do sofrimento humano vem da incongruência entre quem somos e quem acreditamos que deveríamos ser o vício Nesse contexto pode ser entendido como uma tentativa de preencher essa lacuna uma tentativa falha de ser quem não somos ou de escapar do desconforto de nos tornarmos quem Deveríamos ser já na filosofia Jean Paul Sartre traz um olhar existencial sobre o
tema ele descreveu o conceito de má fé A negação da liberdade e responsabilidade que temos sobre nossas escolhas o vício pode ser visto como um exemplo Claro dessa mafé onde culpamos fatores externos por nosso comportamento em vez de assumir a responsabilidade por Nossas ações Sartre dizia o homem está condenado a ser livre essa Condenação à liberdade significa que somos os únicos responsáveis pelo que nos tornamos mesmo quando escolhemos o vício no cotidiano essa dinâmica se manifesta de maneiras sutis e aparentemente inofensivas Pense nas vezes em que buscamos distrações rolar pelo feed das redes sociais comer
compulsivamente ou nos perder em séries como formas de evitar pensamentos difíceis cada pequeno vício é uma escolha ainda que inconsciente de evitar o desconforto de estar presente no momento Ruben Alves oferece uma visão poética sobre o papel do sofrimento nessa jornada ele escreve a dor é a única sensação que nos torna vivos sem ela apenas máquinas Talvez o vício seja em parte uma forma de fugir da dor mas ao mesmo tempo ele nos lembra de que estamos vivos nos forçando a enfrentar nossas limitações humanas Dorian Grey no final de sua história é consumido pela própria
criação ele destrói o retrato mas ao fazer isso destrói a si mesmo este é o destino final do vício quando não é confrontado ele nos consome por completo mas a mensagem Wild e de tantas outras reflexões literárias e filosóficas que a Redenção ainda é possível mesmo que o preço seja alto no entanto diferente de soluções rápidas e superficiais a redenção não pode ser imposta de fora para dentro ela deve vir de um reconhecimento profundo daquilo que somos de nossos medos e falhas é um processo doloroso mas como Jung observou a única forma de sair é
atravessando o vício ao final não é apenas um problema individual mas também um reflexo de nossa sociedade Vivemos em tempos onde tudo é projetado para viciar dos algoritmos das redes sociais à publicidade que nos promete felicidade instantânea mas como vimos a busca por prazer imediato tem um custo alto nossa liberdade nossa autenticidade e em última instância Nossa humanidade o homem não pode se redimir sem antes encarar seu próprio inferno é um lembrete de que por mais dolorosa que seja a jornada só ao encarar nossos próprios demônios podemos encontrar a verdadeira Liberdade [Música]