Queremos tudo, menos Deus, porque os nossos desejos ordinários se dão por satisfeitos com o mundo externo. Enquanto nossas necessidades estão circunscritas dentro dos limites do universo físico, não sentimos nenhuma necessidade de Deus. Somente quando já recebemos rudes golpes na vida e estamos desgostosos com tudo o que há aqui, é que sentimos a necessidade de algo mais elevado, e buscamos Deus.
Os duros golpes que recebemos na vida são o que nos despertam e nos ajudam a romper o sonho; demonstram-nos a insuficiência deste mundo e nos fazem sentir ânsias de escapar, de buscar a nossa liberdade. Por fim, todos os caminhos levam ao Único. O homem que tateia no pecado, na miséria, que escolhe seguir pelo caminho dos infernos, chegará lá, mas levará tempo.
Não podemos salvá-lo. Algumas pancadas fortes em sua cabeça o ajudarão a voltar-se para o Senhor. Então, o caminho da virtude, da pureza, do altruísmo e da espiritualidade finalmente será conhecido, isso é o que todos estão fazendo inconscientemente, e é o que estamos tentando fazer conscientemente.
É uma completa ilusão achar que o Eu é o corpo, e, embora vivamos aqui, em um corpo, ainda podemos ser livres. O corpo não tem nada em comum com o Eu. A ilusão consiste em confundir o real com o irreal.
Não prestem atenção ao corpo, libertem-se da consciência do corpo, até onde isso seja possível. Nada sintam, nada queiram, nada tragam, nada tenham; deem tudo ao Senhor e exclamem de todo o coração: “Seja feita a Vossa Vontade”. Esse cativeiro é só um sonho.
Despertem e deixem-no ir. Refugiem-se em Deus, unicamente assim poderão cruzar o deserto de Maya. Alcance o Amor Divino.
Swami Vivekananda. A autoentrega é a verdadeira essência do amor. O amor é mais elevado do que as obras, mais do que o Yoga, mais do que o conhecimento.
O amor extremo a Deus é Bhakti (devoção), e este amor é a verdadeira imortalidade; adquirindo-o, o homem está inteiramente satisfeito, ele não se aflige por nenhuma perda, e jamais sente inveja; conhecendo-o, o homem enlouquece. Meu Mestre (Ramakrishna) costumava dizer: “Este mundo é um grande manicômio, onde todos os homens estão loucos. Uns são loucos por dinheiro, outros por mulheres, alguns por nome e fama, e alguns poucos por Deus.
Eu prefiro ser louco por Deus”. O amor é de três categorias: o primeiro exige, porém nada dá, o segundo é um intercâmbio e o terceiro é amor sem a menor ideia de recompensa, como o amor das mariposas pela luz. O amor de bhakta, deve ser inteiramente puro e desinteressado, sem buscar nada para si mesmo, nem aqui, nem no futuro.
Amem, amem, amem, e diga o mundo o que quiser. Mantenham-se firmes no Senhor, só então poderão amar verdadeiramente o mundo. Não permitam que algo se interponha entre Deus e o seu amor por Ele.
Não importa o que os outros pensem ou façam, não abaixem o seu padrão de pureza, moralidade e amor a Deus. Mantenham-se numa posição muito, muito alta; conhecendo nossa natureza universal podemos contemplar com perfeita tranquilidade todo o panorama do mundo. É só um jogo de crianças, bem o sabemos e não devemos nos incomodar com isto.
Sejam valentes e sinceros; poderão então, seguir qualquer caminho, com devoção e, forçosamente chegarão ao Todo. Reguem as raízes da árvore – quer dizer, alcancem o Senhor – e toda a árvore estará regada; alcançando o Senhor, teremos alcançado tudo. Nunca façam esta pergunta tola: Que bem fará tal coisa ao mundo?
Esqueçam o mundo. Amem e não perguntem nada, amem e não procurem mais nada. Embriaguem-se com o vinho do amor, até a loucura.
Digam: “Seu, seu para sempre, oh, Senhor! ” E mergulhem Nele, esquecendo todo o resto. Os momentos mais felizes que conhecemos são aqueles em que nos esquecemos inteiramente de nós mesmos.
Efetuamos nosso melhor trabalho, exercemos nossa maior influência, quando esquecemos por completo o eu. Todos os grandes gênios sabem disso. Abrimo-nos ao único Divino Ator e deixamos que Ele represente; não façamos nada, nós mesmos.
Deixem de lado o eu, afastem-no, esqueçam-no, deixem que Deus trabalhe sozinho. Isto é assunto Seu. Não temos outra coisa a fazer, senão afastarmos e deixar que Deus atue.
Quanto mais nos retiramos, mais Deus se aproxima.