VLADIMIR SAFATLE: “A ARTE É UM PRINCÍPIO DE PRESSÃO DA REALIDADE” | MYNEWS ENTREVISTA

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Neste episódio, a jornalista Mara Luquet conversa com o escritor, filósofo e músico Vladimir Safatle...
Video Transcript:
a conversa Hoje é com o homem que virou música e com um casal que tem uma parceria de sucesso de mais de 30 anos eu sou a Mara lqu Você tá no My News entrevista e você vai ver essa conversa eh que passa por redes sociais indústria da música sobre música clássica sobre funk e para quem é assinante até sobre Lula tiktok o my News entrevista tá começando agora só a poesia vai salvar a gente e a música é o melhor remédio por isso eu vim conversar aqui com um homem que virou música ele e
a parceira que V fazer um show agora dia 30 lá admir safat muito obrigada por atender Fabiana muito eu eu tava contando que eu achava que eles fossem casad a descobri casada com um amigo meu não são casados Mas tem uma longa parceria né uma seria Conheço ele há mais tempo que meu marido é eu costumo dizer que ela foi a única pessoa que me aguentou por 30 anos Cara isso é muito engraçado porque a hora que você falou não mas som casado e me desmontou porque uma das perguntas er assim porque agora estão falando
que por conta da longevidade aumentou o número de divórcios em casais eh acima dos 50 anos de idade eu ia falar como vocês conseguiram faz a receita não rada melhor passar para outra pergunta pula pula Alexia eu queria começar bem eu queria falar com vocês sobre sobre o show de vocês agora dia 30 fiquem até o final Porque tem uma surpresa principalmente para quem é assinante do canal eh nós comprar alguns ingressos para dar pros assinantes do canal e e e eu acho que esse show vem num momento muito interessante quer dizer primeiro a gente
eh Vladimir já teve no canal algumas vezes mas falando de política enfim falando eh de de Filosofia mas eh sobre música A gente nunca conversou né Vadir e eu achei que esse esse show de vocês vem num momento assim tão emblemático porque ele vem na sequência daquele discurso distópico do do trump sabe E aí de repente se ex presenteiam assim com toda essa sensibilidade com essa beleza com essa mistura da música Como é que a música Traz eh a gente para refletir a música Salva a poesia salva Olha eu diria o seguinte Mara a sensibilidade
é um campo de batalha né Eh e a sensibilidade ela define muita coisa ela define o que que é uma experiência quaal os limites do que você consegue experimentar como você eh é capaz de ser afetado deixar de ser afetado Então não é à toa que todas as vezes que você tem grandes transformações políticas você também tem grandes transformações estéticas certo não não não é uma coisa do tipo A o mundo tá muito ruim então Vamos escapar paraa arte né não arte nunca serviu como válvula de escape muito pelo contrário arte é é um princípio
de pressão da realidade ela ela obriga a realidade a ser diferente do que ela é né ela bota a realidade em movimento Então para mim é muito natural que uma situação como essa até diria Por exemplo quando o bolsonaro eh era Presidente eu fui paraa França por um tempo o governo francês me acolheu num programa de eh acolhimento a acadêmicos estrangeiros e eu quis fazer um livro sobre música inclusive na época e aí até me perguntar mas por que um livro sobre música nesse momento falei não talvez porque ah por uma por uma questão decapito
eu falei não mas porque talvez seja o momento mais importante lembrar que assim o que faz a gente ser diferente do que a gente se configurou até agora é exatamente essa capacidade que a gente tem de se deixar afetar pelas obras de arte e esse projeto de vocês é de vem de longo prazo Quer dizer vocês já viveram com essa parceria vários momentos eh da política brasileira né do sentimento brasileiro exatamente a gente se conheceu nos anos 90 ali Metade dos anos 90 que era aquele Brasil cheio de esperança né Depois a gente se afastou
depois que a gente gravou o primeiro álbum e e a gente deixou um disco inteiro pronto ali e aí o Vladimir foi pra França eu fui fazer outra coisa até parei de cantar um período e a a gente se encontra E aí eu respondo essa pergunta anterior eu acho que a música Salva para mim foi me salvou porque a gente se reencontrou num momento que a gente tava tentando fazer aquele vir voto em 2018 aquela loucura o Vlad me chamou para um um outro projeto E aí a gente resolveu retomar o nosso antigo trabalho de
música e aí nós fizemos um primeiro show já no governo bolsonaro né aquela loucura e no Jess B inclusive aí lotou E aí fizemos um segundo lotou Olha dá para lançar esse trabalho hein e a gente lançou depois no Blue note enfim e esse trabalho hoje acho que tem um lugar mas eu acho que a música Salva Ah porque a música ela é quando eu falo salvar é porque eh ela colhe ela sei eh tranquiliza ou não ou te faz fazer algumas coisas você vocês como é a relação com a plateia depois eu queria que
vocês falassem um pouco do desse show específico que agora dia 30 não é isso é não mas é interessante essa questão por exemplo o Adorno tinha uma pergunta que era assim Por que que os nazistas não ouviam schamber n Por que que o mundo que essa música eh apresentava era impossível de ser compreendido por certas pessoas não porque era muito difícil mas porque era um mundo outro era como viver em outro mundo não eram as mesmas hierarquias não era a mesma ordem não era o mesmo mesma síntese não era nada lógica era completamente diferente eu
acho que isso faz muito sentido acho uma que é uma questão interessante porque toda vez que você tem uma atrofia da imaginação é porque parece que não não é o momento de você ouvir música ouvir ler poesia eh como se ou se você deve fazer isso como um escape Não não é um escape é uma arma é uma arma é um prin é um espaço de luta porque você tá lutando pela pela reconfiguração e da Imaginação e a imaginação é elemento fundamental qualquer outra se você não consegue imaginar eh de forma diferente você vai sempre
repetir as mesmas coisas Você tocou num ponto que eu acho eh Fundamental e que acho que talvez até esteja por trás dessa epidemia que a gente tem entre os jovens de problemas de saúde mental e depressão e tal que é a falta de Utopia eu eu vejo essas novas gerações sem Utopia Isso não é um problema Por que perderam é eu diria tem até uma coisa acho que ainda mais complicada que assim a gente viu uma geração que teve muitas lutas você pensar muito bem de 2011 da primavera árabe até hoje foi foi foram lutas
contínuas poderia fazer uma história das insurreições populares passa por 2013 passa pela Turquia passa pelos indignados na Espanha passa pelo J na França sa em Colômbia está liido no Chile nunca parou ou seja na verdade você tem uma geração extremamente insurrecional só que ela só que que tem uma questão atual que é você não consegue fazer dessa energia uma incorporação em algum tipo de de Horizonte digamos de organização de luta e de transformação Então se gente você tem uma energia solta dispersa eu acho que talvez isso que seja a coisa mais melancólica não é que
as pessoas não conseguem mais imaginar um futuro diferente é que elas têm a insatisfação elas brigam mas no dia seguinte parece que tudo volta para mesmo lugar a culpa é das redes sociais eu acho porque informação tá toda ali em um minuto e meio não tem mais Concentração não tem mais leitura você não tem nem o que imaginar mais porque vai est tudo ali naquele um minuto e meio acho que o cérebro tá inteiro tomado ali e eu acho uma outra coisa que me preocupa bastante é que eles perderam muito esse olho no olho eles
não olham de verdade pro outro eu dou aula para jovens assim e eles em alguns casos principalmente esses que terminaram em ensino médio eh na pandemia eles quase não se olham quase não interagem ou interagem menos e e eles são esses os que estão com todas as super relevantes pautas de antirracismo feminismo eh todas as pautas identitárias acho problemático isso porque na verdade existe a pauta essa acho que é Talvez uma Utopia em algum lugar mas é essa Utopia de 1 minuto e meio de lá cancelar alguém na na na rede social ou de gravar
um vídeo falando sobre um assunto naquele 1 minuto e meio não sei eu acho que eu tenho uma visão um pouco diferente assim é primeiro porque acho que não é uma questão só dos jovens esse tipo de comportamento é um comportamento geral eh é muito mais talvez até pessoas da nossa idade tal que não tem mais nenhum outro espaço de interação a não ser esse e segundo eu não vejo isso muito na juventude acho que contrário eh como eu falei eu acho que é um a gente tem uma Juventude muito muito muito presente nas ruas
durante muito tempo em várias circunstâncias certo mas o fato acho que é mais dramático é que isso não gerou um tipo de de construção de uma alternativa de sociedade por enquanto então você tem uma energia muito dispersa por um lado agora a questão das redes eu acho que de fato eh eh Há uma questão a ser pensada aí que ela ainda foi muito mal pensada porque a gente nunca foi tão monopolista quanto agora o que mais me impressiona nessa questão das redes sociais é primeiro a gente transpôs boa parte das nossas lutas políticas para um
espaço que tem dono para um espaço que tem dono no espaço que não é neutro no espaço tem três quatro donos e esses donos agora a gente vê muito claramente eles têm interesses interesses muito evidentes e mais el trans foi transporte de uma forma tal que eles conseguiram impor toda uma Gram de como você tem que existir como você deve falar como você deve lutar quer dizer qual é a velocidade Qual é o impacto Qual é o tipo de provocação seja eles eles modificaram a nossa forma de falar Eles impuseram uma fala na nossa no
nosso lugar e isso isso a gente achava que era só uma uma estratégia para conseguir se comunicar melhor era uma estratégia para você conseguir ter mais espaço mas não na verdade era uma gramática que te fazia falar uma outra língua né e uma língua que tem consequências tem consequências políticas tem consequências subjetivas Ou seja a gente a gente abandonou a ideia de fazer crítica dos meios isso é uma coisa muito engraçada como se não tivesse necessidade de criticar meios tecnológicos porque eles seriam neutros Depende de como você usa se você usa bem então você consegue
eh passar coisas interessantes mas tem aquela ideia hiper clássica de estudo de mídia que bem mas o meio é a mensagem e isso é verdade tem o meio define Quais são os limites ele define como você vai organizar a tua fala ele define a tua fala e eles conseguiram definir a nossa fala e hoje ainda o que é mais louco você para e pensa não eh eles você tem três quatro pessoas que conseguem intervir na política em todo lugar do mundo porque afinal de contas eu se eu ligo no celular bem eu eu uso eu
uso uma rede do zuberg né qu dizer ele qualquer ligação que eu tenho passa por ele dier como é que a gente deixou uma uma estrutura monopolista nesse nível o mínimo que você podia imaginar não você tem estados nacionais que vão de uma sua maneira entender que afinal de contas bem ser é uma questão estratégica você não você não faz você não deixa uma um tamanha vulnerabilidade né E como é que resolve isso é a regulação que resolve isso não eu acho que isso é muito mais complicado quer dizer regulação Claro é uma coisa importante
porque pelo menos você consegue ter um tipo de estratégia caso você começa a fazer eh falsas informações circulares quer dizer como é que você você precisa Alguém precisa ter garantias nesse sentido se você tem um jornal Se você publica uma falsa informação tem como de uma certa maneira processar você bem rede é uma todo um caos para você fazer esse tipo de coisa então entendo que isso uma coisa importante mas eu só queria insistir que ainda é mais complicado do que isso é eu imagino que é mais complicado até porque eh a tecnologia quer dizer
você tá regulando uma coisa agora que amanhã já é outra né Eh a gente viu agora o exemplo com aquela entrevista do entrevista entre aspas era fake não era verdade do Haddad falando sobre imposto e que era tudo Inteligência Artificial é Então essa eu acho a parte mais fácil de regular Essa é a parte porque você você pode encontrar meios de afinal de contas quem foi que quem foi que produziu processar Quem produziu tem como você ir rastreando aos poucos até conseguir chegar nessa é complicado mas você consegue mas acho que tem um problema ainda
mais complicado que é assim a maneira como eles transformaram Nossa maneira de falar por exemplo eh essas redes todas elas começaram como espaço de de vida privada era assim era você falando sobre sua vida privada você falando sobre os seus interesses sobre a sua família sobre todo esse tipo de coisa só só que aí você foi misturando ess essa lógica da vida privada certo com questões políticas aí de repente os embates políticos eles começaram a se dar Principalmente preferencialmente nesse espaço que era um espaço que que fez uma mistura completa entre o que que é
político e o que é privado O que é público o que é privado certo e é claro porque isso traz consequências traz consequências hipers séries entre outras coisas consequência de você imaginar que bem eh Tod é todos esses espaços meio se equivalem né Eh algo um uma questão privada imediatamente política que é que não é verdade absolutamente não é verdade né Eh muito pelo contrário muitas vezes você pode ser incapaz de pensar questões políticas porque só consegue pensá-las de forma personificada pensá-las como questões privadas né então eu acho que isso mudou radicalmente e e e
a gente não pensou as consequências disso assim é importante efetivamente a gente refletir sobre essas consequências E por que que a gente não reflete Olha eu acho que é porque eh primeiro a gente a gente imagina que fazer qualquer tipo de crítica cultural é uma coisa que tá fora fora do nosso Horizonte certo seria uma crítica elitista Ah você vai fazer o quê então você vai desligar a rede você não vai mais então querer você não vai mais comunicar com as pessoas você não vai quer dizer é um princípio nosso princípio democrático É Esse princípio
da hipervision Então você não vai mais se expor porque você tem que você tem medo de esconder alguma coisa qu dizer como assim Eh então a vida privada escondida é uma vida que deve ter cheia de estruturas de opressão Então seja eh mas aí é claro tem todo todo esse tipo de discurso que foi configurando de uma forma tal que fazer crítica de meios hoje é uma coisa que parece um troço de academicismo vazio É mas e aí mas a gente vai para onde né isso é uma coisa fantástica eu acho absolutamente fantástico porque não
teve nenhum tipo de posição política que não criou seus próprios meios que não fez que não criou suas próprias formas de comunicar que não criou sua própria maneira de se comunicar por exemplo não todo qualquer processo revolucionário do século XX você vai ver era você quebra a estética vigente constrói uma outra estética quebra os espaços que estavam que eram vigentes constróem outros meios constróem outros espaços de comunicação outros espaços de interação porque você sabe que afinal de contas mais uma vez os meios não são neutros a gente deve ser a única época que achou que
podia utilizar os meios das pessoas que nos oprimem né as pessoas que realmente impõe um processo de opressão em nós né Então assim tá el é o caso mais mais mais brutal que aí ficou muito Evidente mas isso vale para todas as outras esferas de comunicação mediática que a gente tem hoje todas ah Vladimir Eu não conseguiria Endo essa conversa com você eu trabalhei em vários jornais Trabalhei na TV Globo muito tempo na CBN muito tempo eu não teria e eu não tô falando por conta de censura não porque eu nunca tive nenhum problema meu
quando trabalhava na TV mas questão de espaço mesmo de você tem um espaço para uma conversa e tanto que quando eu montei o canal Eu falei esse canal ele não vem substituir a mídia o mainstream ele vem para complementar o que a gente não tem espaço para fazer porque você tem uma grade Você tem todo uma a gente consegue fazer aqui E aí como é que a gente faz Como assim ol eu vou fazer eu tô a gente tá no YouTube Então mas éa uma questão muito legal por exemplo lcon Falava a mesma coisa lcon
falava as pessoas que me criticam é não agora agora verdade ele falava eu eu publico as pessoas que me criticam porque ele era dono da mador era dono de várias outras editoras que de fato era editoras que tinham um perfil mais mais liberal tal eu publico as pessoas que falam mal de mim né então eu diria essa a você tem várias formas digamos de monopólio de de de de comunicação uma é a tradicional você censura tradicionalmente não fala outra é você reorganizar a geografia da comunicação você fala não você fala mas você fala aqui ó
na periferia você fala aqui mas sempre com muito pouco Impacto você fala aqui mais mas meus algoritmos V vão vão vão forçar essa e essa mensagem entendeu então Ou seja você vai criando dist ele distribui ele ele gerencia a distribuição então dá a impressão de que todo mundo tem espaço mas na verdade não não tem espaço você você você vai circular espaços restritos Mas ainda tem então ainda existe centro entendeu ao que a coisa da rede era era imaginar não não existe mais centro porque tudo é em rede entendeu Não não é verdade você tem
centro e mesmo dentro da rede você tem centro e esse centro ele inclusive ele mais uma vez ele tem interesse ele não é por acaso né quer dizer as pessoas começam a ver agora isso vai ficar mais claro daqui para frente quando você tem vai vai realizar então essa migração das redes sociais a a atores de intervenção política Global você tá me assustando não não ass acho que é só só acho que a primeira primeira condição você sair de um problema é ter um bom diagnóstico do problema então não dá pra gente também é falar
não de tudo se você não tem um diagnóstico não tem como sair porque tem um pouco aquela coisa não não é melhor não não não entrar a fundamento do problema porque a gente não sabe como sair eu sempre achei o contrário não vamos primeiro ver o que que é o problema porque uma coisa que eh Me angustia no canal é o seguinte é que legal a gente tem eh um canal a gente conseguiu montar um canal a gente entrou no programa no DNI do Google ele deu ele pra gente e para vários projetos jornalísticos ele
deu Grants e que financiaram Grandes projetos projetos bem legais de jornalismo independente ele dá é é uma coisa que ele faz todo ano e não cobra nada e tal mas é o que o que você falou né a gente produz faz mas ele distribui sabe para quem vai distribuir né agora uma coisa que me angustia é existe uma nova fronteira entende porque você já tem o fast Channel você já tem outras formas que a gente que a tecnologia tá trazendo e que você tem que começar a investir para poder fazer isso então quer dizer eh
na verdade a gente tem um caminho e eu só consigo ter um canal de jornalismo porque a tecnologia me permitiu isso mas eu tenho que ficar olhando o que que tá vindo de novo para poder avançar isso isso é muito rápido é quer que eu falo porque fiquei falando sozinho eu não e o problema pior é que você não tem ideia do que tá acontecendo com o outro lado vamos dizer assim você não tem ideia das notícias que essas pessoas consomem a gente não escuta as mesmas coisas a gente não é educado no mesmo lugar
e acho que isso é que faz essa separação e a gente também não sabe o volume disso né É bem eu euer quero voltar para show de vocês quer dizer outro dia agora perto aqui da minha casa aqui de São Paulo eh abriu um um super Supermercado pequenininho bonitinho e tal algumas coisas E aí eu tava tava inaugurando eu tava voltando na academia passei lá tava inaugurando eu falei ah que legal e tava um dos sócios lá aí eu falei que marca é essa nunca vi ele falou ah não a gente é é digital é
uma marca é online supercado online eu falei ué e aí vocês agora estão vindo pro presencial aí ele é porque as pessoas sentem falta do presencial e a gente tá começou a investir numa rede de aí eu falei pô é um merc inho né do passado que volta para cá aí eu vi no também uma matéria saiu recente principalmente depois da eleição do trump saiu essa saíram várias matérias nesse tipo de grupos eh de de pessoas que T dinheiro mas não são bilionários montando redes Então se juntando para montar uma rede que não seria para
para competir com essas redes que estão aí você acha que o caminho é esse quer dizer entrar novos atores e de que forma viabilizar esses novos atores Olha esse é um dos caminhos mesmo quer dizer você eh quebrar a estrutura monopolista do processo porque eh é muito impressionante você fazer uma análise de Economia política da mídia no caso das redes elas são mais monopolistas do que as estruturas de jornal as estruturas de televisão que já eram estruturas bastante monopolistas é a gente sabe que no Brasil principalmente é mas veja o a as redes sociais são
ainda são ainda pior é uma coisa muito impressionante a gente conseguiu aprofundar esse processo porque você tem monopólio global que é uma coisa que não tinha na no campo da comunicação não nesse não nesse patamar calou M escalou de outra forma e mais e você cria uma coisa que eu acho muito interessante acho quem levantou isso foi o Eugênio bo num livrinho que ele escreveu muito bom on ele falava o mais louco de tudo isso é que eu trabalho por algoritmo ou seja eh ele retira mais valia do meu trabalho quer dizer eu tô trabalho
trabalhando de graça para eles né porque eu tô dando todas as informações para ele conseguir fazer dinheiro ele faz dinheiro com a minha informação se não tem eu não tem imagismo né se não tem você valia é exato Você tem uma mais valia eh assim cibernética produzida pelo algoritmo e de fato é verdade o capital consegue gente trabalhar gratuitamente para todas essas pessoas né então acho que de Horizonte como esse é importante politizar essa discussão e essa discussão tá começando a ser politizada agora porque a gente viu o o caráter dramático que ela tomou então
isso vai obrigar bem sociedade a pensar outras alternativas você quebra estrutura monopolista você cria você traz mais mais players pro espaço você traz mais mais personagens para para essa para esse Horizonte certo você o os governos podem tentar fortalecer Isso quer dizer até hoje que você teve foi a China fazendo isso né porque a China tem interesses hegemônicos da mesma maneira como os Estados Unidos tem mas todo o país tem seus interesses hegemônicos e mais setores da soci sociedade também tem então acho que você tem toda uma questão nesse nesse nesse campo e outra coisa
que eu insistiria mais uma vez eh é questionar maneira com que a linguagem das redes conseguiu se impor para nós a maneira quer dizer até a maneira que a gente fazer política por exemplo hoje é totalmente vinculado a esse tipo de linguagem quer dizer é e Isso muda muda a tua mensagem muda o que você tem a dizer e mais muda o que você tem a oferecer e muda quem você é muda quem você você pode ser entendeu então acho assim você vai limitando cada vez mais e de uma limitação cada vez mais unidimensional queria
voltar pr pra música Você tem uma frase sua naquela naquele podcast que você fez sobre a música e liberdade né que você fala assim como a música Pensa o que a sociedade não consegue pensar é esse eh o objetivo a meta não sei não sei se eu posso colocar assim do show de vocês você entende muito de música inclusive Depois deixa eu contar alos Segredos dela e eu acho que a música Ela traduz muito bem o nosso tempo Acho que a música tá muito sentindo o pulso do tempo assim eh de alguma maneira é para
não é necessariamente para acolher acho que tem essa função de trazer alguns incômodos eh de você lembrar de coisas descobrir coisas também com a música acho que esse show tem um pouco disso e tem algo que a gente vem buscando que é esse desafio de não ter uma canção feita do jeito clássico eu sou a cantora e ele me acompanha é muito di Tá longe disso até eh e esse interessante né esse modelo eu acho muito e acho que de uma certa maneira a gente deixou Vlad adora falar que a gente era incompetente por isso
que a gente não lançou nos anos 90 eu acho que sim um pouco talvez Mas tem uma coisa que não tinha um lugar para essa música que a gente faz não tinha uma caixinha e eram outros tempos né era um tempo que gravadora mandava tal e em de alguma maneira quando a gente toma em 2019 eh eu tinha virado uma pessoa da música mas do outro lado do balcão e o Vladimir a pessoa que ele se tornou pra política enfim e E aí isso tudo ganhou um significado acho que por por a gente ter se
tornado quem a gente se tornou as pessoas pararam para escutar Então ela tá tocando num num outro ponto interessante da questão da música a música antes tava na mão das gravadoras sim a tecnologia rompe com isso isso é bom sim não mas veja eu não tô fazendo uma uma tecnofobia aqui longe disso de falar não mas os desenvolvimentos tecnológicos todos vieram contra nós né mas é que a maneira com que eles são gerenciados utilizados bem a maneira como elas são economicamente ados de fato voltaram-se contra nós mas H por exemplo o caso da música Eu
acho um caso interessante mesmo porque por um lado você tem essa quebra da do monopólio das gravadoras né e de fato acho que como a Fabi falou a gente é foi um pouco objeto disso a gente não tinha gravadora pro tipo de coisa que a gente tava querendo fazer era por e simples a gente não tinha o que fazer não sabia muito como fazer quando apareceu esse sistema de plataforma então isso ficou muito mais fácil de ser resolvido né agora por outro lado tem uma questão também eh eu diria bastante interessante que é sobre sobre
os modalidades de circulação porque também não não houve uma uma uma explosão da circulação né quer dizer o que você tem eh eh Eu costumava dizer por exemplo Teve uma época que eu fiz um uma um texto foi o texto que deu mais dor de cabeça na vida era uma crítica ao fun a música sertaneja né E isso durou mas durou anos anos e anos e aí e na verdade o que eu Tent tava falar era uma coisa entre outras coisas era assim mas veja tem um elemento muito impressionante sobre a questão de circulação musical
todos os meus alunos ouve um fã que da que que a princípio seria a música da Periferia que também já tem essa questão como se Periferia tivesse um tipo de música né então eh funk não é a música da per não você tem tem várias músicas não é exclusivamente então assim A periferia é o fã a a periferia não tem só o funk é não o que eu queria insistir era outra coisa era falar olha o que que é qual é a música popular é é uma péssima questão é uma questão muito mal colocada né
porque você parte do pressuposto que você tem um povo você não tem um povo Você tem uma multiplicidade de povos e que eles têm tradições muito distintas entre si e muitas vezes o que acontece o povo que aparece olha que coisa engraçada é o povo mais adaptado ao processo de circulação do Capital não é engraçado é o povo que mais mais entra nos nos nos nos streames é o povo que mais entra em todo o espaço já organizado de circulação e de monetização da cultura quer dizer então há toda uma questão se perguntar por o
que acontece com os outros povos que estão no mesmo território e com tem várias tradições tem várias línguas tem várias formas de falar tem várias linguagens o que acontece com isso então acho que é importante você ter uma uma uma visão de multiplicidade no interior do que a gente chama de Popular Mas a questão que eu colocava era mas olha que engraçado meus alunos que são classe média classe média todos eles ouvem só que assim o pessoal do perfil não tem direito de ouvir John Cage não chega eles nem podem saber se se se eles
gostam ou se eles não gostam dieres não tem nem como circular uma coisa dessa então acho assim tem uma questão que tá longe você não democratizou espaço não é verdade C você monopolizou espaço cara isso Você fala muito verdade porque e eu vou fazer um paralelo com a poesia tava conversando com um amigo meu que é Livreiro e ele e ele falou assim ah poesia não vende eu falei não vende porque você não mostra porque é impossível impossível um ser humano não gostar da poesia ele pode não gostar deste ou daquele poeta e dessa forma
ou da outra mas é impossível você não gostar de poesia e só que ele não tem acesso só que ele não tem acesso é a mesma coisa com música clássica a mesma coisa enfim é um paradoxo de reflexo é assim a questão que eu acho interessante é quem é o dono do espelho sempre essa questão não mas eu só reflito eu só faço o que as pessoas querem eu só tô dando a imagem que é eles mesmo quem é o dono daag quem é o dono do espelho quem foi que constituir imagem dizer por que
que você pega nesse ângulo você não pega do outro ângulo E quem diz que o seu espelho não é não não é Turvo né ah porque senão eles eles não não estariam aceitando Sim mas você você dá uma opção ou é isso ou é nada né É claro que você vai conseguir is é só é isso todo mundo tá repetindo certo chega uma hora você fala não mas até para eu poder fazer parte eu preciso fazer eu preciso est consumindo a mesma coisa então uma questão de participação social então diria eh esse discurso é um
discurso clássico de eh digamos assim de você passar por uma decisão aquilo passar com uma simples reflexão aquilo que no fundo é uma decisão passar com simples reflexo aquilo que foi na verdade uma decisão feita então o dono do espelho é o caminho seria você ter vários espelhos uma casa de espelhos uma casa de espelhos com todos os tipos de espelhos possíveis para que a pessoa pudessem ver sua imagem de várias formas assim as eu diria as pessoas TM uma tem uma tendência natural multiplicidade né e a arte mostra isso né e e o que
acontece é que você tem um tipo de circulação que é cada vez mais unidimensional cada vez uma só imagem uma só forma de falar uma só forma de escutar uma uma só velocidade uma uma sensibilidade só isso isso produz um sofrimento brutal nas pessoas Eh estamos voltando na história da da concentração da tecnologia dos e tá na mão de três quatro players né e e as plataformas de música também escolhem o que a gente vai ouvir em alguma medida Às vezes você vai para lá ouvir coisas e ela começa a te sugerir coisas semelhantes porque
a gravadora que pagou alguma coisa para isso ficar ali nas prioridades então agora por que ir no show de vocês é quinta-feira tem nada para fazer tipo 9 da tarde 9 da noite pô você vai ficar em casa fazendo o quê eu não tem não tem campeonato tá só na quarta pronto é isso não tem campeonato V ver descomposição não esse esse é um concerto muito afetivo exatamente por a gente est voltando ao jz B que foi onde tudo recomeçou então eh tem um significado a gente tá voltando no jasb que é uma casa que
merece nosso respeito merece o nosso dinheiro porque ficou resistiu a essa pandemia tem uma curadoria super bacana e entender um pouco olhar a música por um outro ângulo pode ser bom ver o Vladimir tocando Pois é né Vladimir você você eh as pessoas conhecem mais o seu lado filósofo Mas você é um grande músico é foi o ma erro da minha vida mesmo assim a minha ideia Inicial era fazer cons composição né Aí eu fiz conservatório aí no momento de prestar pra música aí aí eu pensei Putz mas eu se eu fizer isso eu não
vou conseguir ter dinheiro nunca é a ideia mais estúpida que eu eu falei então vou fazer filosofia fil então a filosofia dá mais dinheiro do que a música né Pois é você vê como não foi realmente uma avaliação muito boa né mas aí eu fiz a análise durante muito tempo para tentar entender porque que tinha acontecido né aí voltou pra música é Eu nunca larguei né Eu nunca larguei eh sempre sempre continua quer dizer a gente trabalhava já nos anos 90 teve alguns momentos que eu parei um pouco mas eram era uma coisa rápida e
são os momentos mais tristes então eu sempre fiz aí eu voltei mais de maneira mais sistemática uns oit 7 anos atrás 8 anos atrás inclusive quando eu comecei a fazer música para pra trilha de teatro né na verdade um prêmio no teatro é é um dado engraçado o único prêmio que eu ganhei não foi de filosofia não foi de nada foi de teatro foi de música é é mas com Roberto Alvin que a gente fez duas peças tal né E aí quer dizer E aí no show quer dizer você é você no piano e você
na voz uhum Eh mas você tem eh eu vi uma uma entrevista sua que você estava falando do do poema da Silvia plá que eh que ele não poderia ser musicado então era para correr para ver logo ele tá no show tá claro claro esse poema foi a razão por a gente ter se reencontrado quando o Vladimir me chamou em 2018 foi para gravar esse projeto que era para ter saído pelo selo Sesc e E aí que a gente voltou a se falar se encontrou famlia deixou não estão nem aí família a família não deixou
a gente a gente gravar né Não sei por quê Por que razão bem coisa de herdeiro né só que poema não tem herdeiro isso não existe o poema já faz parte da nossa vida e a gente com certeza não ia fazer nenhuma Fortuna fazendo uma música desse poema porque ninguém ouve então Ou seja eu eu achei achei um não achei um insulto Achei um insulto essa ideia de que bem você impede eh alguém de pegar um elemento que é constituinte da sua vida que é um poema o poema constitui as nossas vidas né E você
não pode trabalhar Você não pode responder a isso porque tem alguém que tem algum que é dono que tem herdeiro tem alguma coisa assim quer dizer a gente a gente tinha falado não a gente não não quer dinheiro nenhum pode levar todo todo o dinheiro de de venda se alguma coisa começa acontecer nosso interesse não é esse nos interess permitir que que essa experiência não que essa experiência ela pode possa efetivamente produzir o que ela produz a é como sei lá você ouve um poema e quer fazer um quadro né você ouve um poema e
quer recitar você você ouve um poema e coloca no seu livro né era era isso só mas assim não sei até quanto tempo dura então se comendo as pessoas que ven no Spotify o mais rápido possível né É tá no Spotify eu vi é belíssimo realmente é m mas nesse show tem músicas do músicas de superfície que é esse projeto dos anos 90 e o que a gente veio construindo depois que começa com a Silvia Plata agora a gente gravou o pastor do Madre Deus Ah é eu vi ficou muito lindo gente resolveu pegar algumas
músicas de fora assim e descompor achei interessante eh eu tô eu vocês term uma ideia eu tô mexendo na minha agenda porque eu ia est em Brasília e aí eu mudei para para poder tá lá porque eu achei tão interessante é vocês fazem uma eh não é releitura o nome mas é é uma outra forma de você dá uma nova forma a a essas peças né lembrei disso por causa do Madre Deus é muito isso eh enfim a forma como vocês colocaram com piano enfim Achi que muito é a gente muito bonito a gente pensou
em fazer umas descomposição descomposição exatamente você US Essa era ideia exatamente que também que era não só decompor a forma canção na no eh digamos assim organicamente desenvolvida mas também decompor músicas que já tinham sido compostas e a ideia era um pouco essa mas não decompor no sentido é É como se você remont asse as peças e o sentido das coisas então a gente não queria simplesmente fazer uma versão para piano e voz Não era essa a ideia exatamente não é uma versão não não porque a gente nem respeita as harmonias eh que já que
tavam na música A Gente recria as harmonias muitas vezes a gente preserva por exemplo a gente fez isso também com com eh Madre Deus ficou muito claro a gente preserva a a melodia da voz e a harmonia tá toda recomposta É isso mesmo n e o resultado é bom o público gosta bem Eu espero não é bom sei sei o público gosta é mas essa música e também e essa música também é muito da nossa geração né dessa bolha pelo menos Madre Deus é é algo com que a gente concordava porque a gente tem várias
discordâncias de gosto musical assim Tem coisas que ele gosta que mais vocês discordam ela gosta de Sertanejo você gosta de fã que é isso Não não deixa quieto eu danço at o chão não a gente tem algumas que o Vladimir é mais erudito mas tem mais mais meito do que eu eh e ele não ouve tanta MPB assim Caetano Gil essas coisas que também fizeram parte da minha formação e você trabalhou nesse mercado sim trabalhei nesse mercado mais de 25 anos ela negou uma carona para um R Stone eu eu neguei uma carona para um
stonia não vou pro [Risadas] céu sim eu trabalhei como produtora artística de vários shows internacionais E aí Conheci um monte de Big shots aí da indústria e como você falou você tava no outro lado do balcão no outro lado do balcão agora mudou muito esse balcão por conta da tecnologia não mudou ou não é uma per olia e da ressignificação do dinheiro antes se você reparar até pode olhar empiricamente assim em termos de eh quantidade de show e nível de show que tinha até o ano 2000 enquanto a música tinha dono enquanto os astros podiam
eh ficar em casa se drogando e e contando dinheiro da gravadora os shows eram para eh vender os discos e o Brasil nunca foi muita coisa assim em termos de mercado internacional a gente sempre piratea era caro o disco aqui e tal então a gente não era um mercado interessante E aí a partir do ano 2000 quando isso muda eh A lógica é fazer um fonograma para o público me conhecer para ir no meu show porque é onde tá o dinheiro quer dizer o dinheiro agora vem do show vem do show principalmente porque quando você
ganha fonograma você vai ganhar eh centésimos de Cent das gravadoras é menos no nosso caso o o papel da gravadora hoje é fazer aquilo chegar nas prioridades da plataforma não é tão diferente do que acontecia na rádio antigamente que as gravadoras iam lá e pagavam para Tais e Tais músicas Pag e aparecer aparecerem mas e tem tem várias mecânicas hoje tem vários atores diferentes e tal e o volume é por fonograma então você pode e ganhar com muitos artistas então tem fábricas de de fun aqui de música eh que ele soltam centenas de música por
semana assim porque eles que que você falar maninha Não não só ia falar que bem nessa questão de show dinheiro não é o nosso caso com certeza não porque também nosso show sempre vai pouca gente né então Você tocou numa coisa interessante eh não é o dinheiro é o quê e eu eu vou falar isso porque é o seguinte eh tem tem coisas além do dinheiro que nos move e a gente vê hoje nas redes parece que não parece que o que move é só o dinheiro eu eu costumo brincar bem eh eu abri um
canal de jornalismo entendeu jornalismo independente eh durante a pandemia eu eu Muita gente me pergunta ah mas você precisou de muito dinheiro para m não Não precisei de dinheiro nenhum só que eu tenho uma vida tranquila não tinha dívida agora ten agora fiz dívida porque a gente passou uma pandemia Tive que botar dinheiro ali Tive que fazer as coisas acontecer quer dizer num país que paga taxa de juro tão alto você se meter a fazer isso para que que você vai se meter a fazer isso ah vai perder dinheiro não mas o que me move
não é o dinheiro eu até brinco falo cara eh não vou morrer rica nunca Mas me divirto muito m mais e e tô assim me sinto mais feliz e me divirto mais porque muita gente que eu conheço que tem muito dinheiro o que que move Acho que cada um tem uma resposta né sei lá a minha eu sou um professor de Filosofia né então acho que o meu maior interesse no fundo é tá ligado a essa atividade né eu eu penso musicalmente né Eh para mim a atividade de composição é uma atividade Onde eu consigo
eh construir questões né Eu acho até porque a filosofia para mim sempre foi sempre foi um discurso vazio não vazio no sentido de ser irrelevante é no vazio no sentido de não ter nenhum objeto que ele seja próprio né você e todos os objetos Então vê de fora você não faz epistemologia sem conhecer muito bem uma ciência não faz eh eh ontologia sem conhecer bem lógica você não pode fazer estética sem conhecer bem um setor das Artes então se você admite isso você precisa de uma uma outra atividade elas não consegue ter só essa atividade
né porque tem você tem que ter algum lugar onde você vai ter que se confrontar com alguns elementos das empiricidades do né E no meu caso foi a música veio muito dessa forma ela se juntou dessa maneira assim eu eh eu consigo pensar melhor eh quando eu preciso resolver um problema de composição eu preciso consigo achar coisas que eu não que eu não acharia se eu fizesse só só um trabalho eminentemente de texto filosófico né então aí eu aí eu percebo não Ah isso é mais isso é possível não eu não tinha percebido que era
possível Ah é possível você pensar um conjunto dessa maneira possível você pensar uma hierarquia dessa forma é possível você pensar a forma desse jeito e eu acho que a forma estética ela ela tem um impacto na forma lógica na ou seja na sua forma do seu pensamento na forma como você pensa né então elas não são coisas separadas e claro elas não o que o o o bom Belo justo verdadeiro são coisas que são coisas distintas Mas elas têm um elemento em conjunto E eu me interesso por esse ponto em comum mas eu acho que
todos nós cada um tem Tem essa você com a música Eu faço isso por exemplo com a literatura é uma coisa eu vou buscar respostas na literatura mas mas é uma coisa muito doida uma cabeça e assim de tá eu tem livros que eu já li três quatro vezes o mesmo livro entendeu eu tenho personagens que eu tenho uma relação pessoal com eles sabe eh e eu busco essa resposta acho que todo mundo acaba tendo tem que encontrar isso não e a isso você tem manifestações artísticas pode ser numa obra de arte Pode ser na
música Pode ser na literatura pode ser no cinema eh aliás essa essa onda que veio com o ainda estou aqui e com a as premiações e tal e você vê eh e assim mu uniu uma muitos os brasileiros e isso isso foi acho que uma Catarse até pro que a gente tá vivendo não é mas essa questão que Você levantou acho que faz todo sentido mesmo a forma estética ela ela é um setor da história da razão Eu costumava dizer a forma musical por exemplo é muito claramente um setor da história da Razão não é
to que alguém como Platão lá atrás né ele falava não mas a gente não pode tocar todos os modos dentro da ciedade ideal por quê Porque é necessário impor uma moral a música Tem certos modos que vão produzir afecções que vão criar pessoas de determinadas maneiras Então você tem que fazer uma partilha né ele tem essa frase fantástica não se eh não não se abala os alicerces da música Se abalar os alicerces da cidade né porque afinal de contas existia inclusive uma uma ideia de que você tem uma ordem eh eh da da da esfera
da das das as esferas que de uma certa maneira repete também a ordem das da música uma ordem astronômica resp que repete a ordem matemática quer dier você sempre teve essa ideia de que a música não é só uma questão de música é uma questão de efetivamente como como como se ordena elementos né como se como se pensa uma ordem como se constrói a logicidade possível E como você tem essa coisa que a estética ela ela ela consegue avançar lá onde a sociedade não consegue avançar né ela consegue pensar o que a sociedade ela não
um reflexo da sociedade ela é um avanço em relação à sociedade ela não é só Ah isso aqui reflete a soci uma época não isso não reflete só uma época isso isso na verdade da forma aquilo que uma época não consegue sintetizar é é é ela ela reflete no sentido dela refletir a tensão o impasse a inquietude da época né então se isso é verdade a gente aprende a pensar a partir da música ou desculpa a não só da música A partir da forma estética a partir da literatura a partir do cinema a partir a
é da ar e aí independe e de qual o qual qu Olha tem uma coisa esttica enf qu tem uma coisa específica do ocidente se eu puder fazer um uma defesa da música mas um elemento interessante a se pensar a música Ela foi a primeira arte criar uma ideia de autonomia Ou seja é o seu valor não tá vinculado a à suas funções sociais suas funções rituais certo seu valor tá vinculado a ela mesma ela tematiza o seu próprio meio ela é a primeira a fazer isso ela faz isso no século 1 eh no século
XVI a literatura vai tentar fazer isso no século XIX certo quando o poema vai se voltar a a respeito da sua própria forma né a as artes plásticas vão fazer isso no século XX no final do XIX começo do XX alguém como greenberg que era um crítico de arte muito importante falava não a a a pintura pegou da música o seu modelo Então a nossa sociedade na nossa sociedade A música tem um lugar muito muito mais importante do que a gente imagina o que que vocês diriam pros músicos pros jovens músicos hoje vai fazer Filosofia
é não faz música Faz música mas e não pensar em mercado eu diria mas dá para viver de música eu então não dá pr viver de nada eu tenho uma filha que vive de música e um filho que tá quase vai chegar é mas eles entendem bastante do mercado tem que ter domínio dessas ferramentas mas faz a música Mesmo que você queira ter um um trabalho um outro trabalho mas se você tem a música e é é uma necessidade para você vai fazer porque senão vai doer não dá para viver de nada não acho que
essa é uma coisa a as profissões estão tão a era das profissões dos empregos tá tão tá tão problem problemático hoje quer dizer você não precisa de todas as pessoas que você tem para conseguir fazer o sistema funcionar né quer dizer que dado isso então a aquela preocupação baba se for fazer música você não vai conseguir sobreviver Mas você não vai conseguir sobreviver Nem sendo Engenheiro então sendo assim então vai faz música pelo menos vai ficar feliz é faz música Vai ficar mais feliz eh eu a quando a produção me falou que a gente tinha
essa conversa marcada foi muito interessante porque eu tinha acabado de ler um livro que ainda é inédito a gente tá tentando a gente tá conversando com o autor para ver se ele edita com a gente e é uma autor estreante e ele e é um livro eh enfim que passa pela literatura e que passa pela filosofia é muito interessante o livro dele mas tem el é um cara que vira que quer que busca essa transformação eu brinco que é o homem e e lá tá escrito o homem que queria virar música entende essa transmutação para
de homem para música E aí é é muito interessante E aí ele eu pedi para ele eu falei que vinha conversar com você e tal eh e ele é um fã seu e tal e ler tudo seu E aí eu perguntei falei Qual é a pergunta que você quer fazer para ele eu tô trazendo para para você essa pergunta aqui agora eh qual é a postura digna para um indivíduo eh de esquerda não funcionalista tão pouco pragmático no Brasil e eu achei interessante essa pergunta dele porque você falou uma frase uma vez que também deu
uma confusão que a esquerda acabou né é não eu diria que a a o lugar é não se não não ter problema nenhum em ter que falar o que as pessoas não querem ouvir acho que inclusive essa função da classe intelectual e eu não vejo nenhum problema utilizar esse termo eu acho que a classe intelectual existe ela que procura esconder sua própria existência de si mesma n como mobilizadora de símbolos como como como Recuperadora de tradições eu acho que ela tem uma função a gente tem uma função que é que é quer falar o que
ninguém quer ouvir mesmo né É claro isso tá longe de ser uma coisa agradável e você perde muita coisa você perde muito espaço você perde oportunidade você perde vive perdendo coisas por falar as coisas que que que as pessoas não estavam muito interessadas em escutar mas eu acho que eh se essa nossa função é melhor fazer bem né todo mundo tem uma tarefa e acho que a tem essa tarefa e acho que isso isso colabora acho que é uma maneira que a gente tem muitas vezes as pessoas não não querem entender mas uma maneira que
a gente ende realmente colaborar com os com os processos de transformação Ah mas você você não propõe nada não tem nenhuma proposição Então já ouvi isso milhões e milhões de vezes milhões de vezes né quer dizer como se o exercício da crítica só pudesse ser justificado se ele afinal de contas apontasse para uma solução mas a a solução muitas vezes não vem porque a crítica não não consegue se fazer ouvir u muitas vezes é necessário você deixar a crítica simplesmente circular para Que ela possa operar a sua força de desabamento abrir o espaço para que
então a imaginação possa operar você remonta remonta o espaço para que a imaginação possa operar Então acho que isso vale para quem se vê de esquerda hoje a gente a gente tá realmente num momento de retração muito brutal né E essa retração ela tem vários responsáveis inclusive nós mesmos inclusive nós mesmos Inclusive a nossa incapacidade de fazer coisas que a gente que a gente outrora prometeu a nossa incapacidade de acolher também muitas vezes acolher aqueles que que caíram tropeçaram que erraram eh e que de uma maneira ou de outra eh precisam de alguma forma de
Redenção de de de recomeçar as coisas quer dizer a experiência política tem isso de falar Não não você tá do meu lado né Vem Comigo tudo bem eu sei que você sabe que você não não soube lidar com certas tensões na vida mas mas mas você tem você tem ideais que são os mesmos que eu partilho então a gente vai a gente vai lutar junto então a gente nem isso a gente consegue fazer muito mais então acho assim tem várias coisas que mostram como eh tem uma auto inspecção que é um elemento importante agora né
É uma autocrítica que é um elemento importante eu falo isso há anos assim Já rolou até meme por causa disso mas eu acho que isso mas acho que isso faz todo o sentido faz todo o sentido se a gente não quiser fazer uma espécie simplesmente de de Condenação eh do outro que da da da direita extrema direita que é uma condenação meramente narcísica moral sabe uma coisa do tipo eles devem eles devem eles devem ser muito burros né Eh porque são negacionistas obscurantistas gostam de fake News Ou eles devem ser completamente eh eles devem ter
um problema psicológico muito sério porque eles são tudo ressentido né ou el eles Ou eles devem Ou eles devem ter um problema moral muito sério porque eles são todos mobilizados pelo Ódio né pelo discurso de de ódio pela pela pulsão de morte todo esse tipo de coisa ou seja essas isso isso não tem nenhuma função analítica nenhuma função analítica você não vai conseguir entender nada dessa forma né a única co que você vai conseguir fazer é é preservar narcisico sua própria imagem Mas se for esse o jogo então é melhor falar logo de cara porque
tem maneiras mais simples de você fazer isso certo não não tão onerosas mas se você quer realmente começar a fazer alum tipo de reflexão como a gente chegou aqui então a primeira coisa é falar no que nós contribuimos para essa situação O que é contribuição Nossa e tem uma contribuição significativa você tá me dando um gancho para eu colocar a segunda parte da pergunta dele que é o seguinte ele fala a música nos redimir que é um pouco da conversa que a gente teve aqui e aí ele fala seremos cobrados por termos lido poesia enquanto
os ratos rolam à luz do dia as instituições não eu acho que a gente vai ser cobrado por não ter lido poesia se a gente fizer isso a gente vai ser cobrado por ter parado de tentar compor música A gente vai ser cobrado por ter parado de de mobilizar a arte como como arma fundamental de transformação da vida social das nossas Cap potencialidade de vida Isso sim seria imperdoável isso seria seria a coisa mais estúpida que a gente poderia fazer Ah mas não tem tempo para poesia mais porque é tudo muito urgente porque as lutas
estão todas aí porque a ah porque é importante saber se defender bem mas você percebe eh onde não tem tempo para poesia é exatamente o mundo que a gente não quer habitar é o mundo que tenta nos impor é esse o mundo entendeu Então seja a gente só tá colaborando para isso ao imaginar que a poesia também não é uma forma de luta é uma luta contra os limites da linguagem é uma luta contra o esvaziamento da palavra contra o esvaziamento da linguagem contra o esvaziamento dos da da potencialidade de produção de não sentido como
não sentido como elemento constituinte da nossa experiência a ausência da empatia é eu diria até até a a a a ausência da da da raiva real entendeu que ela é um elemento motor de tudo entendeu E a poesia é uma raiva contra a linguagem né ela sempre foi isso é uma raiva contra a a linguagem tá como ela é dita tanto que el você fala não para você conseguir falar você vai ter que torcer a linguagem até o seu extremo você vai ter que retirar todas as camadas de de produção de sentido Para que alguma
coisa da Ordem do incomunicável apareça então Eh é um é uma raiva digna a poesia ela ela é fruto de uma raiva digna né então você tira isso da experiência das pessoas e você acha queas pessoas vão ser capazes de criar alguma coisa interessante do ponto de vista político isso isso não tem menor sentido só quem se deixa tocar pela poesia pode criar politicamente alguma coisa realmente irrelevante né Muito obrigada por essa conversa com vocês dois olha ag se você é assinante do canal fica aí fica aí porque Vocês ouviram o Vladimir falando aqui que
as redes estão impondo uma forma pra gente de linguagem não foi isso esses grandes players eu quero saber dele o que que ele acha do Lula tiktok mas esse é só para assinantes se você é assinante vai lá na comunidade pega o link que a gente já vai passar para [Música] lá di [Música]
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