o que você pensa do Brasil e o que você pensa do brasileiro independentemente da sua resposta eu Convido você a acompanhar essa minha conversa com o antropólogo Roberto da Mata Professor bem-vindo muito obrigado eu vou inverter a pergunta e vou começar com o que o senhor pensa sobre o brasileiro hoje é como as pessoas vão dizer né É É uma pergunta difícil que que eu eu acho que que diria até até com com todas com toda sinceridade é uma pergunta impossível de ser respondida em toda a sua em toda em toda a sua interza né
você vai sempre responder essa pergunta porque primeiro né porque é muito difícil você definir uma coisa que você é eu sou brasileiro eu só posso definir o Brasil se você me perguntar em rela alguma outra coisa não é você falar assim eh O que que você a primeiro a gente usa uma palavra Brasil para definir dois objetos que são dois objetos na minha cabeça uhum bastante diferentes Brasil como sociedade e cultura com sistema de valores Hum e atitudes é uma coisa é uma realidade e uma outra coletividade que é a coletividade que define o mundo
globalizado que nós vivemos que é o Brasil como um Estado Nacional como um país como você diz né é um país Então tem um mapa tem um território delimitado ele tem uma cor e é como nós modernos ou o nosso lado moderno de brasileiros veria o mundo provavelmente a maioria das pessoas Responde essa pergunta pensando nesse Brasil aí diz ah eu gostaria que ele melhorasse melhorasse como no Brasil estado não no no Brasil conjunto de Brasil Brasil como Estado Nacional que ele melhorasse melhorasse como como aí eu digo Ah que melhorasse o sistema de transporte
não é que melhorasse eh as atitudes a construção do espaço público para ser mais preciso né e sintético a a o espaço público brasileiro fosse mais eh igualitário as pessoas se respeitassem mais umas à outras eu gostaria que as pessoas eh as as desigualdades diminuíssem porque eu vejo eh no Rio de Janeiro por exemplo você não pode mais olhar para nem nemum morro né que são lindos aquelas montanhas do Rio de janiro todas ocupadas por gente que Teoricamente na percepção comum seriam pessoas subordinada seriam pessoas que teriam que participariam do mercado de trabalho de maneira
Marginal etc então eu responderia assim agora você perguntar não não não não Roberto não olha para esse Brasil Estado Nacional Eu gostaria que o Brasil fosse tão rico quanto os Estados Unidos Por exemplo quanto a quanto a a França tivesse uma cultura tivesse museus Ah meu meu Deus como os museus que eu vi em Paris essa é uma resposta agora você falar assim não responde do lado do Brasil como cultura sociedade conjunto de valores aí eu dizia aí não tem que mudar nada porque é o que nós somos no fundo vou mudar o quê eu
vou mudar eh o carnaval eu vou eu vou fazer um decreto para melhorar o o carnaval pode ter um progresso no carnaval que vai vai progredir com as mulheres vão mostrar a bunda de outra maneira uhum ou eu quero bundas que sejam mais feias é possível ter bundas mais bonitas a Vou molhar a comida não é comida de jeito nenhum né eu hoje nós almoçamos juntos eu comi uma comida tradicional brasileira né isso simplesmente eh queridos espectadores uhum Camarões com chuchu um pouquinho de farofa e feijão o cara já fica com água na boca então
eu vou mudar isso eu vou substituir a batida e dizer que o Brasil vai ficar mais adiantado se ele tomar todo mundo começar a tomar de AB e música e se a gente falar em música ou poesia não eu vou fazer o seguinte eu não quero mais que vocês Leiam a poesia de de eu quero que a gente desde de ler Manuel Bandeira e nós todos vamos ler e um poeta Chile vamos vamos vamos ler um poeta inglês Vamos ler Alden em vez de ler em vez de ler em Manuel Bandeira ou Carlos mon de
Andrade seria seria uma pergunta uma resposta absolutamente surpre ente porque eu estou falando de coisas que tem a ver com com valores que nós e não que esses valores é que tem que entrar em contato com esses outros né n então a mudança seria isso né essa esse diálogo difícil entre essas coisas que nós prezamos e amamos aham que estão dentro de nós e essas coisas que tão vindo que chegaram de Fora a ideia de que existe uma coisa chamada democracia quando o Brasil era monarquia o Brasil era parte de um império colonial português mas
com com vicissitudes curiosas porque a família real veio pro Brasil Logo no início do século XIX que é um século muito importante pra história da política mundial né muita coisa a a democracia foi fundada exatamente no final do século XVI né E a família real portuguesa por causa da fundação dessa democracia moderna na França fugiu pro Brasil que é um evento também fora do comum na história das das realezas então isso trouxe pro Brasil um sentimento muito forte de aristocracia porque o rei o Brasil de repente deixou de ser uma colônia e virou o centro
de um império colonial português aliás ISO pegar esse momento da vinda da monarquia Portuguesa ao Brasil da realeza Portuguesa ao Brasil eh eles vinham e e vinham para ver o povo brasileiro Ou seja a elite não era o povo brasileiro quem é o povo brasileiro hoje porque nas conversas que antecederam essa nossa entrevista e foram várias as quais me deram muito prazer de conhecer tanta coisa o senhor sempre fez menção que o povo brasileiro sempre quando se retrata o povo brasileiro é o pobre e e o povo brasileiro é o conjunto da sociedade inteira mas
nunca é visto dessa maneira Por que que há essa distinção vem daí essa distinção Com toda certeza a sociedade eu eu na na nos meus nos meus livros né eu falo que o Brasil o dilema brasileiro é é essa interseção que existe no Brasil entre um modo de ler o Brasil verticalmente é entre superiores e inferiores porque tinha realmente uma nobreza nós tivemos um caso muito raro de uma aristocracia junto com Escravidão negra Talvez seja o único país do mundo que teve isso em todo o seu território nacional que não é pequeno porque o Brasil
é um continente isso né E então quem é que quer ser comum num sociedade aristocrática que o viés da sociedade é aristocrática quer dizer A Bússola de navegação social eu gosto de usar essa expressão se a gente navega socialmente né a nossa bússola é querer ser Barão ninguém quer ser um João ninguém todo mundo quer ser alguém essa essa oposição entre alguém e ninguém é o que gerou o sabe que está falando né o jeitinho né Uhum Então que são reações anti igualitárias deixa que eu vou falar com um amigo meu é você você você
conhece o Fulano conheç é meu tio Ah você devia ter falado antes cara que que você não falou antes então e essa essa essas reações esse tipo de que de de de bússola que nós usamos para nos orientar quando nós estamos diante de desconhecidos ou em situações novas é uma bússola que mede quem tá em cima e quem tá embaixo não é uma bússola da modernidade democrática Liberal que foi inventada na França e na na Inglaterra terra na França e depois se americanizado né sem ficar nervoso sem que achar que o vizinho deve ter roubado
porque comprou um carro novo e você não sem querer comer a mulher do vizinho que é mais gostosa do que a sua sem achar que o vizinho lê muito mais do que você e te incomoda porque ele lê muito você não lê ou você lê muito mais do que ele e ele não te dá atenção por causa disso que a nossa atensão tem tem as tensões que são as tensões da da da autoridade daquilo que você é coagido a fazer como por exemplo agora pagar Imposto de Renda é óbvio n nós não escapamos disso nenhuma
sociedade escapa de um policial que pode te pedir ver se você tá alcolizado ou não porque nós temos uma lei seca e tudo mas nós temos também as tensões verticais e você Você tá no trânsito numa situação de absoluta igualdade com outros eh motoristas e é uma cidadania muito igualitária e muito forte porque não dá para inventar no trânsito aquilo que a gente inventa na calçada que é não andar na calçada né eu não ando na calçada Então você desce em frente você pega um táxi ou tem um motorista particular que te deixa em frente
do restaurante ou da loja ou do Shopping que você quer fazer sua compra uhum né você não anda muito cado mas dentro do shopping você já começa se aborrecer Porque tem uma igualdade ali dentro como é que tem pessoas outro dia saiu a fotografia de um senhor que tava de bermuda e sandália de dedo e camisa e e de meia né que a gente chamava t-shirt né isso uma regata no no aeroporto aí Tiraram a fotografia fotografia foi pra internet isso né e causou uma pessoa comentou como é que que pode aeroporto rodoviário Isso foi
uma professora foi uma professora que é minha colega da PUC né então é é coisas que a gente faz sem saber quer dizer mas veja a sensibilidade pra roupa pros detalhes pra gesticulação né pro pro a maneira de falar pros erros eventualmente cometidos a maneira de segurar um talher e pegar um copo que nós temos embuti dentro dessa cultura que é uma cultura aristocrática Quem é que quer ser uma pessoa comum ser comum é ser inferior ser diferente é ser você se diferenciar do Comum convenhamos que numa sociedade desse tipo você falar em democracia igualitária
onde todos têm direitos e deveres iguais somos todos iguais perante a lei é difícil porque nas sociedades aristocráticas as pessoas não eram iguais perante a lei as pessoas se diferenciam Av se você fosse um padre você era julgado pelas leis da igreja se você fosse Nobre você era julgado pelas leis da nobresa Se você fosse da pleb você era julgado pelas leis da pleb você tinha três vários sistemas legais que conviviam ao mesmo tempo e que de certo modo sobrevivem no Brasil não sabem quem está falando e na no ditado fabuloso né que é uma
revelação Esse sim é uma revelação não é o carnaval que revela a alma brasileira é isso falar aos amigos Tudo aos inimigos a lei quer dizer aos inimigos a igualdade que incomoda e é duríssimo evidente os inimigos você dá igualdade vou te tratar como igual né que é o que a gente diz quando briga com um amigo né pô você fez Pô pioto pensei que você fosse meu amigo agora eu sei que eu vou ter que te tratar como eu trato todo mundo aí você vai chorar acabou o privilégio é que você como meu amigo
Você podia Telefonar para mim a hora que você quisesse você podia falar das suas coisas eu podia me pedir dinheiro o ciclo de de crédito e e débito entre os amigos é são ciclos longos que nunca devem ser interrompidos podem ser sugeridos né mas não interrompidos então aquele dinheiro que que você me emprestou em 1950 que eu tô devendo você pode de vez em quando você soltar uma indireta com tem um dinheiro aí que eu queria é que é mas aí tem que ser assim no amb você não pode me cobrar já aconteceu isso comigo
pessoalmente não tô falando de uma coisa aérea eu emprestei dinheiro para um amigo meu e tive a a a a necessidade de cobrar ele ficou eh não só estupefato entendeu ele ficou admirado de eu tá cobrando e ficou com ódio de mim porque eu estava cobrando Porque amigo não cobra nada de amigo um devedor e você o crior não mas e aí exatamente E aí o que aconteceu ele fez um cheque e me deu e sabe o que que eu fiz eu cinei dentro dessa lógica dos amigos tudo rasgando o cheque na frente dele jogando
no lixo e cortando relações com ele quer dizer eu perdi o dinheiro e perdi o amigo porque eu fiz aquilo que é a amizade é é digamos assim são os os paradoxos e os limites de uma sociedade que é regida por amizade em confronto com as obriga igualitárias e eu poderia chamar isso de de mais ou menos desenvolvido eu consigo usar um advérbio de intensidade de de nível social de Desenvolvimento Social nisso ou seja se eu sou baseado mais nessas amizades em que os os amigos podem tudo e eu passo em cima inclusive da Lei
ou do direito coletivo do igualitarismo eh uma sociedade é mais ou menos organizada por causa disso mais ou menos desenvolvida então eu eu tem uma visão se se você tiver uma disão uma visão distanciada do Brasil que eu como profissional de Antropologia tenho você pode você pode dizer olha o julgamento aí não cabe né porque tem vantagens e desvantagens tanto é que tem vantages que nós saímos da monarquia pra República sem guerra não vão não Dom Pedro I eh se saiu daqui magoado mas não saiu zangado saímos do domínio português pra monarquia sem guerra primeiramente
não não é o domínio português não é isso aí é uma complicado porque quem fez a independência do Brasil foi um príncipe português então nó a nossa Elite né ela ela se diferenciou de Portugal fazendo piada de português né a nossa libertação dos dos portugueses foi fazendo piada mas nós na realidade não não criamos uma cultura republicana revolucionária como os americanos fizeram para lutar contra os os os caras que usavam o o a farda vermelha quer dier o Dom João Dom João o Pedro I filho de Dom João VI fez a a proclamou a independência
do Brasil depois pegaram aquele garoto de 14 anos e tal mas nós transitamos da monarquia pra República sem guerra e mais ainda transitamos do trabalho escravo pro trabalho Serv o trabalho livre também sem guerra nos Estados Unidos teve uma guerra civil em outros países você teve guerra não tivemos guerra e transitamos da direita convencionalmente de uma de uma política ou de um ou de uma elite política burguesa para uma elite política esquerdista maravilhosa através do lul petismo como nós sabemos que tem feito 12 anos de governos espetaculares sem também revolução não teve revolução ninguém foi
para paredão tivemos um regime militar horroroso triste prendeu muita gente etc mas fizemos todas essas transições a nossa a nossa saída do regime autoritário tanto do Vargas quanto do regime militar foi tudo feito gradualmente Demoramos 60 anos para acabar com a escravidão e eu passei parte da minha infância e talvez adolescência euv do meu pai dizendo que guerra é fundamental para uma sociedade se desenvolver e fez mal pro Bras Gu eu também vi Historiador colegas meus falando tem que ter violência tem que ter violência o ser humano precisa dessas dessas rupturas é da natureza humana
a a história da Europa a Europa é o continente que nesse planeta que não só teve mais guerras não só mudou mais as suas fronteiras né inventou e e desinventa e foi o país que inventou a guerra e inventou as regras da guerra se é que é possível você pensar numa desumanidade de do tamanho que eu tô te falando falando hum você inventar as guerras para que a desumanidade seja palatável o que é um absurdo em termos humos eles inventaram isso se você olhar paraa história desses países que inventaram um mito da revolução tem uma
uma ideologia e tem uma mitologia da revolução você muda fazendo grande transformações Profundas e rápidas intensas esse mito obviamente no caso brasileiro ele é complexo de ser aplicado muita gente ficou tentando fazer revolução provavelmente seu pai eu tinha um tio que era comunista Então as discussões na família da varanda lá do meu avô meu tira comunista e queria que tivesse uma revolução tinha que ter tem pouca violência no Brasil ou tem muita violência no Brasil depende tem violências Inter nós nós somos muito mais de engolir e não reclamar porque Inclusive a gente aprende em casa
que não deve reclamar porque todos fomos socializados Mas pode ser que eu esteja falando uma uma coisa que não bata muito com os outros se não bater com você você me fala que você é o meu espectador primário né mas eu aprendi com os meus pais que e aprendi depois na escola que o aluno que reclamava muito que falava para quem quem aponta que a luz tá Tá queimada que não tem a comida não tá boa no restaurante devolve o bicho porque esse é o chato clássico você não deve reclamar você reclama com calma com
tranquilidade o Que Nós aprendemos então é uma sociedade que você prefere engolir e foi como nós tratamos o nosso regime escravocrata porque os escravos eram diferenciados entre eles os escravos da casa faziam parte da casa não eram membros da família mas eram escrav da casa e ganhavam roupa roupa velha igual a gente faz hoje com os empregados mudou deixa pegar alguns extratos das suas respostas o igualitarismo que convivemos mal aqui no Brasil e duas dessas observações eu vou me expor aqui eu eu nasci numa casa que não tinha empregado Até porque sou descendente de migrantes
italianos proletários não necessariamente que vieram com recurso quando houve recentemente a discussão de direitos para as empregadas domésticas para mim era uma coisa absolutamente normal ela é uma trabalhadora porque ela tem que ter menos do que o sujeito que aperta parafuso numa montadora o trabalho é trabalho trabalho precisa ter valor e as pessoas as quais tinham essa relação com a empregada em casa achavam que não mas esse é um trabalho menor eu gosto dela meu patrão não precisa gostar de mim ele tem que pagar pelo trabalho contratado e pronto o valor e por aí vai
mas eu gosto ou seja isso teria que substituir parte do valor dos direitos e essa discussão foi agora recente no brasila continua nós temos um bloqueio para pular isso daí Porque não faz sentido achar que o trabalho de alguém independentemente de qual seja eu não tô discutindo o valor mas ele é menor menor não é porque ele passa a ser necessário Claro é claro mas as pessoas consideravam o trabalho da empregada doméstica inferior em algum momento por isso ela mereceria ganhar menos ou ter menos direitos então Você tocou você tá tocando num ponto quer diz
são você tem quando você quando você começa a viver mais o digamos assim a agenda republicana uhum né da da coisa comum da construção de um espaço público comum que seja efetivamente igualitário onde o povo é todo mundo Deixa de ser aristocrata Deixa de ser burguês desde de ser o cara que é famoso e todos T que usar esse espaço Obrigatoriamente da mesma maneira como no trânsito não adianta ser artista de cinema ou diretor da Globo você tem que parar no cinal vermelho se tiver congestionado vai tiver vai ter que esperar esse é um ponto
você falou nas empregadas domésticas causa uma uma polêmica Sem Fim isso do mesmo modo que as cotas para negros afro-brasileiros e universidades também cota uma causa uma discussão sem fim eu não sei qual éo oposição eu tenho amigos que são favoráveis a uma legislação trabalhista justa para as empregados domé e são contra as cotas e tenho amigos que são favoráveis às cotas e são contra a discussão do trabalho Dom contraditório não é não sei porque eles dizem o seguinte no trabalho doméstico é incomensurável ele não pode ser monetarizar é como casar com uma mulher você
fala tem um divórcio tem mas brasileiro você sabe que não se divorcia você sabe dis eu já posso dizer isso para você é um segredo viu mas eu acho que você tem idade suficiente para aprender brasileiro não se separa El ele corta algumas coisas mas continua e os filhos tem que ver o filho a família uma vez constituída ela não é como uma família americana que depois de 18 anos o cara chega pros meninos e goodbye goodbye take good care of yourself nós nem temos esses selfies esses reflexivos no Brasil você não pode falar take
good care of yourself não existe isso tome conta de você mesmo não existe isso que alguém tem que tomar conta de mim é como é que você vai tomar conta de você mesmo você vai dizer para mim não Roberto pera aí eu não dou conta de mim eu tenho que ter alguém para tomar conta de mim ou uma empregada ou a minha mulher porque as mulheres fazem muito esse papel com a gente né e Nós aprendemos com as nossas mães a sermos absolutamente inúteis Esse é um grande trabalho que as mulheres brasileiras TM feito no
Brasil geração para geração que dá uma discussão são também muito muito interessante Sobretudo com feministas porque o controle que as mulheres têm da casa é um controle até hoje ninguém proclamou República em casa nenhuma do Brasil Imagine se seu pai mesmo seu pai qu o regime que tem em casa mesmo seu pai o patriarcado direto seu pai seu pai descendente você falou que não tinha empregada mas é era o seu pai que determinava a hora do jantar era o seu pai que fazia os pratos era o seu pai que que que tomava conta do orçamento
doméstico e tal de modo quem é a dona da casa isso tem o seu fulano e a dona fulana dona fulana e o cara pergunta Quem é a dona da casa então eu esse esse esse tipo de de discussão como é que você vai pagar a uma pessoa que tá prestando serviços que são serviços domésticos são favores domésticos cozinhar limpar onde a questão do grau e do gosto entram em cena e fazem com que esse trabalho seja muito diferenciado do trabalho de um operário que monta por exemplo um um automóvel que a função dele é
pegar aquela máquina de de coisa e botar parafuso em automóvel porque aquele quem faz aquilo inclusive é a máquina né agora alguém que vai tomar conta do meu filho como babá Então é eu não tô dizendo a minha posição não só só tô falando que são zonas onde a interseção entre o personalismo que caracteriza a sociedade aristocrática e hierárquica e o individualismo caracteriza sociedade republicana igualitária eles de certo modo eles se rechaçam eles não se encaixam muito bem é é meio meio complicado todas as situações competitivas no Brasil são complicadas eu fiz muitas palestras continuo
fazendo sobre mérito empresas fiz até uma aqui no Estado de São Paulo né uma secretaria você sabe que nenhum Brasileiro de uma de nenhuma empresa aceita essa ideia todo mundo acha que meritocracia é muito complicado a meritocracia é é complicado como é que você promove uma pessoa eh como é que você distingue uma pessoa das outras eh quando o chefe eh como é que se você estabelecer numa empresa regras para promover as decisões sobre isso são complexas é como julgar um desfile de escola de samba dar tiro aqui em São Paulo dá tiro da briga
é verdade é como futebol é quer dizer nós nós se a sociedade moderna se caracteriza pela disputa pelo conflito que levam a Inovação e que levam a um eventual Progresso pelo menos tecnológico nós gostamos disso até certo ponto levamos isso a sério até certo ponto mas provavelmente nós amaci essas coisas com aquilo tudo que a gente critica sobretudo no governo né Professor damata essa questão das das cotas e eu e eu já disse aqui que eu sou a favor porque é uma questão de tirar a d do momento é analgésico mas eu não perco muito
tempo nela porque isso precisa ser resol para mim é seria ponto Pacífico eu preciso recuperar essas pessoas que já são adultas hoje mas eu não consigo arregimentar eu ar reggimento gente para discutir sim ou não a favor de cota ou contra cota se é 20 se é 40 se é 80% isso tudo é muito fácil encontrar pessoas mas eu não consigo arregimentar brasileiros para discutir o problema da infecção que é a escola básica eu não consigo juntar nem especialistas com a mesma voracidade de opinião e nem pessoas do dia a dia nem o beneficiado da
cota o menino Universitário ou mãe dele estão preocupados em discutir a escola do filho mais novo por que que se procura sempre é mais fácil discutir isso porque tá em voga né mas oo não quer discutir o mais difícil mais difícil é infecção eu sei que é mais difícil mas é lá que começa o problema a dor vem de lá por que que eu não consigo ir na no na coisa mais complicada no mais difícil eu acho que quando você fala é do analgésico e da infecção você tá você tá fazendo diagnóstico é então H
uma dificuldade a primeira dificuldade é que o ouvinte Concorde com o seu diagnóstico ele pode achar que não é aí que a a o que você tá chamando de de analgésico e é é o próprio diagnóstico entendeu Você pode trabalhar num outro plano em vez de arremeter a escola primária você tem que teria que remeter o plano do político mesmo da compensação mais direta etc então Acho que primeiro tem uma tem uma uma reação em relação a isso né não obstante eh a a e você também leva uma outra coisa que os seres humanos recusam
né que é discutir aquilo que não é que não tá na consciência né Eu não tô sendo quando eu quando eu sou um negro e uma pessoa num teatro ou num restaurante de luxo de São Paulo demora mais tempo para me servir né é evidente que eu não não não sou remetido à minha falta de boa escola primária ou de bo educação primária eu sou remetido a um um a um problema de uma uma ausência de consideração de direitos igualitários etc que eu tenho e que estão sendo negados para mim naquele momento uma coisa mais
consciente exatamente que é o que é o é eu não vou eu não eu cara não gosta de negro esse cara não gosta de preto ele não gosta de mim né E aí por aí eu vou eu não caminho nessa direção se eu sou rejeitado por uma moça branca com a qual eu tenho pretensão de namorar eu descubro fundo que embora ela simpatize comigo mas ela não pode ela não quer levar o caso as suas últimas consequências porque eu sou negro eu não sou remitido a escola primária porque o preconceito racial ele abrange né todo
um uma educação sentimental uma coisa muito vasta muito grande então a escola primária é um ponto fundamental para discutir um ponto fundamental uma outra discussão fundamental é essa problemática que eu ten levantado na minha obra uhum não é que é questão de uma sociedade hierárquica de uma sociedade aristocrática de uma sociedade que tem os os ninguéns os João ninguéns os fodidos e gente como nós né que tem um desprezo enorme na Constituição o outro não existe para nós você tá andando com dois amigos aqui na na Avenida Ipiranga na Avenida Paulista no shopping você está
conversando os meus alunos na pu que estão conversando entre eles o mundo exterior acaba eles estão de mochila eles batem todo ninguém olha paraa frente brasileiro se despede de amigo olhando para trás você vai numa academia eu vou academia de ginástica todo dia não é Academia de Letras Não é de ginástica todo dia os caras usam peso as meninas que as meninas maravilhosas eu chamo todas de deusas né Elas levantam peso deixa os instrumentos tudo no chão fica tudo su Ninguém tem a preocupação de pegar um papel para limpar mas porque tem gente na academia
que limpa o nosso suor como em casa tinha gente que faz o nosso prato não tinha empregada mas tinha sua mãe sim que eu tenho certeza que fazia o prato e e sabia exatamente que o seu pai gostava do Arroz em cima do Feijão já você gostava do feijão em cima do Arroz vai tomar banho é muita coisa para discutir pioto é entende é muita coisa para discutir é é uma engrenagem muito complicada agora o que é preciso o que é importante né É você primeiro você não não não não deve jogar o sistema todo
fora os franceses são sempre tiveram um antissemitismo violento os americanos tiveram segregação os sul-africanos também a Alemanha inventou n o inventou não mas aplicou-se muito bem ao Nacional socialismo né inventou o rit era alemã nem por isso os alemães de hoje eh eles saíram das situações você pode para sair bem dessas situações tem que fazer esse tipo de trabalho que eu acho que falta se e feito nas escolas mas sobretudo também nas empresas né e entre empresários e entre pessoas que tenham eh eh os meios de promover mudanças através de discussões que sejam efetivamente abertas
inteligentes e tal e que é que é o caso que que acredito que a gente esteja fazendo aqui eu acho que isso é fundamental que a proposta discu que a a sua proposta do programa intelectualmente honesto ex é exatamente não ten eu não tô eu não tenho parte Pri o que eu tô dizendo seg eu não sei a solução eu sei que é importante uma por exemplo por que que a educação é eh elementar você diz que é é claro que é básica porque ela que deveria ser Federal e ela é municipal né e os
municípios brasileiros são aqueles que provavelmente são os mais injustiçados na redistribuição do Imposto da dos impostos né porque porque que não tem um representante osos os representantes estaduais os deputados federais levam para outras cidades e tal então os municípios mais pobres é difícil você encontrar uma boa estrutura bons professores etc Então deveria ter um um uma campanha campanha que eu tô falando aí não é ficar falando televisão não dinheiro Federal devia inverter né as Universidades seriam ficariam por conta dos estados e municípios do ensino superior e o básico insino superior e o básico seria uma
responsabilidade Quase que eu diria assim de honra né do Governo Federal de criar um Aí sim você ia pagar todas as dívidas né com escolas exemplares como você vê nos Estados Unidos morei Visitei todas as cidades Americanas Você pode procurar andar cidadezinha pequenininha os prédios mais bem construídos os mais amplos são as escolas primárias e secundárias que são gratuitas e são são para todos é claro que hoje existe processos de gentrificação que eles chamam né mas porque tem uma concentração de renda nos Estados Unidos por causa da crise etc se discute muito mas isso tá
em muita discussão um sistema que foi inventado na Prússia é os velhos né alemães que inventaram como é que você pode ter aliás Lutero que inventou porque Lutero queria proteger todos os protestantes do do do Malandro do enganador que é o o satanás então todo mundo tinha que ler a Bíblia você ler a Bíblia você tem que ter uma educação de leitura e ler a Bíblia em alemão com gótico é difícil então você tem que ter boas escolas coisa que nós jamais nos preocupamos não é porque é uma sociedade católica Pelo contrário né Eu lia
muito na minha casa e diziam que eu ia ficar louco o que eu acabei ficando realmente Professor Roberto Muito obrigado contemplar com essa sua loucura obrigado pela genza uma vez mais