Glória a Jesus! Quero desejar um feliz Dia das Mães a todos, porque o dia é feliz! Mesmo quem não é mãe tem direito, não é, ô gente? Eu tenho duas vezes no ano para brincar com isso: Dia das Mães e Dia dos Pais. Vocês tratem de rir! Obrigado! E mais a todas as mães aí, nosso parabéns! Quero aproveitar para registrar meu carinho, gratidão e honra à minha mãe e à mãe dos meus filhos que estão nesse culto, e que Deus abençoe as futuras mamães aí, né? Queremos abençoar aqueles casais que estão desejando filhos e
ainda não chegaram lá. Essa é uma área em que nós temos visto muita intervenção de Deus. Eu quero proferir uma palavra de benção sobre a sua vida, sobre a vida de você que nos acompanha. Que haja intervenção dos céus em nome de Jesus! Eu também nunca vi tanto espaço e cadeira livre em um culto como esse que antecede o almoço do Dia das Mães. Tô impressionado! Vocês estão prontos para receber a palavra de Deus? Em 19 anos de alcance, Curitiba já é um fato histórico incontestável que eu não consigo me deter muito em mensagens temáticas
relacionadas às datas de evento. Uma vez, em agosto, que era Dia dos Pais, alguns anos atrás eu preguei a mensagem titulada "Juízo na Casa de Deus". Hoje não vai ser tão pesado, mas tão temático. Então, quero que você abra sua Bíblia na segunda carta de Paulo aos Coríntios, no capítulo 8, e nós vamos ler juntos do versículo 1 até o versículo 5. Segundo aos Coríntios, capítulo 8, do verso 1 ao 5, o apóstolo Paulo disse: "Também irmãos, queremos que estejam informados a respeito da Graça de Deus que foi concedida às igrejas da Macedônia, porque, no
meio de muita prova de tribulação, manifestaram abundância de alegria, e a profunda pobreza deles transbordou em grande riqueza de generosidade. Porque posso testemunhar que, na medida de suas posses e mesmo acima delas, eles contribuíram de forma voluntária, pedindo com insistência a graça de participarem dessa assistência aos santos. E não somente fizeram como nós esperávamos, mas pela vontade de Deus deram a si mesmos primeiro ao Senhor e depois a nós." Eu quero destacar a expressão "deram a si mesmos primeiro ao Senhor e depois a nós". Eu quero tomar esse texto como o ponto de partida da
nossa reflexão hoje e vou começar estabelecendo aqui o pano de fundo dessa conversa. O apóstolo Paulo está falando com a igreja de Corinto, mas ao mesmo tempo ele está exaltando o comportamento das igrejas da Macedônia. Essa história começa com um registro no livro de Atos, quando um profeta chamado Ágabo anuncia uma fome, uma crise financeira, escassez de alimentos que estava por vir. A Bíblia diz que se cumpriu nos dias de Cláudio. A Bíblia diz que os irmãos resolveram enviar socorro aos crentes da Judeia, né? Lugar que seria o principal foco daquela crise material e financeira,
que nos mostra que mobilizações como essa que estamos fazendo, né, em prol do Rio Grande do Sul, é parte de um comportamento cristão desde o início. Eles entendiam a importância de não serem indiferentes às necessidades de outros e essa mobilização envolveu muitas igrejas. Em Romanos, por exemplo, no capítulo 15, no verso 26, Paulo diz: "Porque a Macedônia e Acáia resolveram levantar uma coleta em benefício dos pobres dentre os santos que vivem em Jerusalém." Olhando para toda a orientação que Paulo dá, nós percebemos que houve uma mobilização com várias igrejas. O texto de Romanos fala dos
santos da Acaia e da Macedônia, mas na primeira carta de Paulo aos Coríntios, no capítulo 16, você vê Paulo dizendo no verso 1: "Quanto à coleta para os santos, façam também vocês como ordenei às igrejas da Galácia." Então, houve uma mobilização de muitas igrejas. No entanto, nós percebemos que, de alguma forma, ainda que a palavra de Deus relate essa disposição dos crentes da Macedônia, eles resolveram fazer isso, mas não foram convocados. Como podemos presumir que não foram convocados? Porque, neste texto que nós lemos, o apóstolo Paulo diz que eles pediram com muita insistência. Outra tradução
está no verso 4: "Pedindo com insistência a graça de participarem dessa assistência aos santos." Outras traduções dizem que eles suplicaram insistentemente. Outras dizem que pediram com rogos, né, que é basicamente implorar. Por que que eles não foram chamados para participar dessa mobilização de igrejas que Paulo parecia encabeçar o movimento? Eu acredito que, por aquilo que Paulo comenta no verso 3: "Posso testemunhar que, na medida de suas posses, e mesmo acima delas, contribuíram de forma voluntária." Você fala: "Puxa, na medida das posses, acima delas. Esses irmãos eram prósperos?" Não! Se você olhar, na verdade, o verso
2, ele diz que "a profunda pobreza deles transbordou em grande riqueza de generosidade". Provavelmente, a razão pela qual a Macedônia não foi convocada é porque eles também viviam um momento de crise, de dificuldade material e financeira, de limitações, a ponto de Paulo falar não só de escassez, mas de profunda pobreza. Então, eles não foram chamados. E imagina que, quando um grupo de líderes está discutindo o projeto, alguém pode ter sugerido algo do gênero: "Deixa a Macedônia de fora porque eles é que estão precisando de ajuda." Em vez de ter que ajudar, eles não apenas insistem
para entrar em algo que não foram convocados, mas eles não estão podendo participar. Eles dão não só na medida das suas posses, que são poucas, mas Paulo testemunha que deram "acima das posses", "além das posses". Como pode alguém dar além das suas posses? Só existe uma explicação lógica para isso: crédito. Embora o sistema de crédito da antiguidade não fosse semelhante ao atual, ele já existia. Então, imagino que alguém negocia uma prestação de serviço para receber antecipado, alguém negocia a venda de uma colheita antecipada para que possa ter o... Recurso que não tinha em mãos para
que, de alguma forma, não só de acordo com a posse, mas além do que tinham no momento, pudessem fazer isso. Isso me leva a questionar como você tem cristãos que podem chegar a tamanho nível de doação e de entrega; né? Como você tem gente que, às vezes, é indiferente à dor de outros, mas tem outros que estão dispostos a qualquer nível de sacrifício? O que leva alguém a demonstrar esse tipo de virtude na vida espiritual e na caminhada cristã? O apóstolo Paulo explica o motivo quando, no verso 5, ele diz: “não fizeram como nós, não
somente fizeram como nós esperávamos, mas além do que esperávamos”. Ele está dizendo que deram a si mesmos ao Senhor e depois a nós. Em outras palavras, Paulo está dizendo que esse nível de doação e entrega em relação às posses, na hora dessa mobilização, era resultado do nível de entrega pessoal deles para com Deus. Antes de doar qualquer coisa que tivessem, eles haviam decidido doar-se a si mesmos ao Senhor. Fique tranquilo, não vou pregar sobre oferta nem levantar dinheiro aqui hoje; eu quero tomar isso apenas como um pano de fundo para pessoas que entendem que a
maior doação, a maior doação não é financeira. Quando você doa a si mesmo a Deus, tudo aquilo que você tem vem como parte do combo, e eles entram nesse lugar de doação, esse lugar de doar tudo, doar a própria vida à disposição de entregar, né, quem a pessoa é, e não só o que ela tem. Ela precisa também ser vista e entendida na perspectiva correta. O maior mandamento, quando questionaram Jesus qual era o maior mandamento, ele estava diante do desafio de torcer a Bíblia, a Escritura da sua época, e tirar algo que se destacasse em
relação a todo o restante. Jesus nem hesitou; ele dispara citando a lei de Moisés: “Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, com toda a tua alma, com todo o teu entendimento e com todas as tuas forças.” Então, a gente diz que o primeiro e maior mandamento não é apenas amar a Deus, mas amar com amor total, com tudo que você possa colocar nisso. E um dos aspectos sobre o amor a Deus pode ser observado através da lente que o próprio Jesus estabeleceu em João 15:13. Ele diz: “Ninguém tem maior amor do que
este: de dar alguém a própria vida em favor dos seus amigos.” Se o maior mandamento é amar a Deus, e se a maior expressão de amor é a disposição de entregar a vida, não se espera nada menos de nós do que amar a Deus de todo coração, a ponto de doarmos a nós mesmos. A ponto de doarmos as nossas vidas ao Senhor. Em Romanos 8:36, Paulo diz: “Como está escrito: por amor de ti, somos entregues à morte o dia todo.” Outras traduções dizem: “Todo dia fomos considerados como ovelhas para o matador.” Essa expressão "fomos considerados
como ovelhas para o matador" não é o que Paulo está falando apenas dele na condição de um apóstolo e do colegiado apostólico, por assim dizer. Ele está falando da perspectiva de todo cristão. E é o que eu e você precisamos entender quando falamos a respeito de vida cristã, de ser discípulo de Jesus: é que nós estamos sentenciados à morte, não necessariamente morte literal, mas a perspectiva de morrer para nós mesmos faz parte daquilo que a gente pode classificar como CNE, o centro do evangelho. E eu e você precisamos entender isso como uma entrega não apenas
como um sacrifício imposto, mas com uma disposição do nosso coração a dizer: "Eu farei isso por amor a Deus, eu farei isso por amor a Jesus." Aliás, no evangelho de Marcos, no capítulo 8, Jesus fala a respeito da condição para que eu e você possamos ser considerados discípulos. A partir do verso 34 de Marcos 8, você vê o Senhor Jesus falando o seguinte: “Então, convocando a multidão e, juntamente, seus discípulos, Jesus lhes disse: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me.” Em outras palavras, Jesus está dizendo: “Quer
ser discípulo? Você precisa entender qual é a exigência.” Em Lucas 14:27, Jesus disse: “Quem não tomar sua cruz e vier após mim não pode ser meu discípulo.” Jesus não está dizendo que tem um tipo de discípulo bom, top das galáxias, né? Que é aquele que toma e carrega a cruz, e que tem o discípulo "meia boca", que não é lá essas coisas. Não é aquela a questão. Ele está dizendo: “Quer ser discípulo? Tem que tomar a cruz.” Mas o que significa tomar a cruz? Muitas vezes, nós transformamos a ideia, o conceito bíblico de tomar ou
carregar a cruz, como se isso dissesse respeito a problemas. E aí você vê pessoas falando da cruz como uma forma de se referir a problemas da sua vida. Um dia, um camarada me apresentou a própria sogra e falou: “Pastor, eis a minha cruz.” A mulher era divertida, entrou no jogo, na brincadeira, mas penso no negócio arriscado. Agora, o que significa tomar a cruz? Nós só vamos entender isso quando olhamos todo o desenho do que a própria Bíblia diz, ensina, né, para aquilo que a Escritura aponta e, ao mesmo tempo, entendemos isso dentro de uma lente
cultural daquilo que se fazia. A Bíblia nos mostra, por exemplo, esse registro, caso você esteja anotando, está em Marcos, no capítulo 15 e no verso 21. A Bíblia diz: “E obrigaram Simão Cirineu, que passava, vindo do campo, pai de Alexandre e de Rúf, a carregar a cruz de Jesus.” Porque há um momento em que o próprio Jesus não está mais em condição de seguir carregando a sua própria cruz, mas a Bíblia diz que ele teve que fazer. Há um momento, depois de toda a tortura imposta, né, ele não está suportando. Então, obrigaram alguém a ajudá-lo.
Que o império romano fazia crucificação era uma das formas de execução mais comuns para criminosos da época, e eles obrigavam a pessoa que ia morrer a carregar sua própria cruz. Não era apenas uma ideia de "ou sentenciado à morte, você a carregue", mas era uma forma de levar essa pessoa a uma confissão pública. Enquanto ela caminhava pelas ruas carregando a cruz, ela estava declarando: "estou sentenciado à morte". Quando Jesus diz "tome a sua cruz", Ele está dizendo que você não morreu ainda, mas precisa sustentar um estilo de vida que declare, ainda que de maneira não
verbal, que sua vida já era, que você vai morrer para si mesmo. Quem está entendendo, diga Amém! Nós precisamos olhar para a vida cristã e entender que, mesmo que Jesus não tenha falado de morte literal, Ele está falando, né, de algo que precisa ser entendido na perspectiva de morrer para si mesmo. Mas o que Ele falou não exclui a possibilidade de morte literal, inclusive para os seus discípulos. Eu li Marcos 8:34; agora eu quero continuar a partir do 35. Logo depois Ele diz: "se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome sua cruz
e siga-me". Nós vemos Jesus dizendo o seguinte: "pois quem quiser salvar sua vida, perdê-la-á; e quem perder a vida por minha causa e por causa do Evangelho, esse a salvará". De que adianta uma pessoa ganhar o mundo inteiro e perder sua alma? Que dará uma pessoa em troca da sua alma? Pois quem, nessa geração adúltera e pecadora, se envergonhar de mim e de minhas palavras, também o Filho do Homem se envergonhará dele, quando vier na glória de seu Pai com os santos anjos. Dizia-lhes ainda: "em verdade lhes digo que dos que aqui se encontram, existem
alguns que não passarão pela morte até que vejam ter chegado com poder o reino de Deus". Fiz questão de dizer que Jesus não mudou de assunto, porque a divisão da Bíblia em capítulos e versículos aconteceu muito, mas muito tempo depois da gente ter o cânon bíblico fechado. A divisão em capítulos se deu num momento e a divisão em versículos cerca de 300 anos depois, no ano 1200 da Era Cristã. Tivemos a divisão em capítulos em torno do ano 1500, com o Brasil sendo descoberto; tivemos a divisão em versículos. Essa divisão tinha um propósito: nos ajudar
a achar o que está escrito. Porém, nem sempre a divisão foi feliz no sentido de achar alguma espécie de ato ou divisão de narrativa. Aqui o capítulo 9, verso 1, começa com o final da fala do capítulo 8. Na Bíblia que eu tenho, eles fizeram questão de estabelecer uma divisão a partir do versículo que vai falar da transfiguração de Jesus, seis dias depois. Mas eu estou lendo junto esse início de capítulo e comentando porque ele tem tudo a ver com a declaração de Jesus. Aqui, antes de chegarmos no capítulo 9, no verso 1, vamos primeiro
falar da frase do verso 35: "quem quiser salvar a sua vida, a perderá; quem perder a vida por minha causa e por causa do Evangelho, esse a salvará". O Senhor Jesus estava falando o quê sobre tomar a cruz ou morrer para si mesmo? E Ele emenda: "quem quiser salvar sua vida". Do que Ele está falando? "Quem quiser escapar da proposta de morte que eu acabei de apresentar". Eu lembro que, na adolescência, quando comecei a estudar a Bíblia, li essas expressões: "salvar quem quiser salvar a vida vai perder; quem perder, vai salvar". Eu achava que estava
falando de salvação no sentido espiritual, mas isso seria completamente incoerente e ilógico: quem quer salvar sua vida, vai perder, vai pro inferno; mas quem quer perder, não está nem aí para Deus, vai salvar. Seria algo irracional. Jesus não está falando de salvação espiritual. Ele acabou de falar de "tem que tomar a cruz e morrer para si". Quem quiser ativar o instinto de sobrevivência e salvar a sua própria vida da cruz que eu estou propondo, esse vai perder; mas quem perder, vai salvar. Jesus estava dizendo que toda a tentativa de lutar contra a proposta de cruz,
de morrer para nós mesmos, sempre trará prejuízo. Mas toda a disposição de entregar, né, aquilo que nos leva a esse lugar da entrega, nos traz determinados prejuízos. Daqui a pouco eu vou explicar um pouquinho melhor essa distinção. Evidentemente, quando Jesus chega no verso 9 e fala: "em verdade lhes digo que dos que aqui se encontram, existem alguns que não passarão pela morte até que vejam o reino de Deus ter chegado com poder", Ele já está falando de morte literal. Então, Jesus abre o assunto falando de morrer para si mesmo, mas age inclui a possibilidade de
que seus discípulos possam chegar ao ponto em que tenham que literalmente morrer por Ele. Na verdade, quando você vai estudar os registros históricos, aquilo que no primeiro século começa a ser comunicado, né, de boca em boca, de uma geração para outra, nós chamamos isso de tradição oral. Posteriormente, ainda nos primeiros séculos, passaria a ser escrito e se tornariam registros históricos. Para nós, esses registros não têm o peso de confiabilidade bíblica, mas ao menos nos informam aquilo que, desde as primeiras gerações, era comum que eles contassem a respeito de determinadas experiências. E quando falamos sobre isso,
os registros da tradição apontam que todos os apóstolos, incluindo Matias, substituto de Judas, foram martirizados, menos um: o apóstolo João. Os dados, no caso de um ou outro dos discípulos, podem ser divididos em registros posteriores, mas o que se diz sobre como os apóstolos morreram, por curiosidade, é o seguinte: botei aqui em ordem alfabética: André morreu em uma cruz em forma de X; alguns acreditam que isso tenha acontecido fora dos tempos. Do Império Romano, Bartolomeu, também conhecido como Natanael, foi esfolado vivo e crucificado de cabeça para baixo. Outras fontes dizem que teria sido chicoteado até
a morte. Felipe foi enforcado, João teria sido, de acordo com a tradição, lançado num caldeirão de óleo fervente e, como sobreviveu, posteriormente foi exilado na ilha de Patmos, o lugar onde ele teria as revelações do Apocalipse. Judas Tadeu, o outro, morreu como mártir, pregando o evangelho na Síria e na Pérsia. Mateus foi morto à espada, Matias foi apedrejado e depois decapitado. Simão Pedro foi crucificado, de acordo com a tradição, de cabeça para baixo. Simão, o Zelote, acredita-se que também tenha sido crucificado. Tiago, o Menor, nós temos dois, né? Também crucificado; alguns dizem que junto com
Simão Zelote. Tiago, o Maior, ele é o único que temos no registro bíblico, lá no livro de Atos. Herodes o passou ao fio da espada; alguns acreditam que apenas ele tenha sido, né, morto pela espada, outros defendem a ideia de que ele foi decaptado. Tomé foi atingido por uma lança, sendo que outras fontes só dizem que teria sido martirizado na Índia, sem mencionar como. Eu quero apresentar essa ideia dos Apóstolos morrendo de forma literal porque isso também tem a ver com a aplicação que eu quero trazer desses princípios. Nós vimos que Jesus afirmou: "Se alguém
não tomar a cruz, não pode ser meu discípulo." Em outras palavras, não tem jeito de ser discípulo de Jesus sem que você assuma que foi sentenciado à morte, a morrer para si mesmo. A questão que eu e você precisamos entender é que morrer para si mesmo não é apenas o morrer literal; é uma questão de tempo. Nós vimos Jesus falando: "Se tentar salvar, escapará da cruz da morte a qual você foi sentenciado, vai perder; se se dispuser a perder, vai salvar." Isso não significa morrer ou não morrer, mas Jesus está dizendo que, quando você tenta
se poupar, você vai acrescentar mais dores. Quando você se entrega, e se entrega logo, vai sofrer menos. Um bom exemplo disso é quando nós consideramos aquilo que Jesus falou em Mateus, no capítulo 21, e no verso 44. Eu me lembro que, quando estava ainda no início do ministério pastoral, estamos falando de cerca de 30 anos atrás, eu tive o privilégio de ouvir uma palavra pregada na época, já era um velhinho missionário que impactou muito o Brasil, chamado Jack Schisler. Estávamos num evento das nossas igrejas e ele trouxe uma palavra sobre quebrantamento. Eu vi pouca gente
falar sobre quebrantamento como Jack Schisler. Ele citava Mateus 21:44, onde Jesus diz: "Todo o que cair sobre essa pedra ficará em pedaços, e aquele sobre quem ela cair ficará reduzido a pó." É interessante que várias das profecias bíblicas relacionam Cristo, o Messias, com a pedra. Ele muitas vezes é chamado de a pedra fundamental, né? Ele é chamado de a pedra que os construtores rejeitaram, mas a Bíblia também o chama de a Pedra Angular. Muitas vezes a gente não consegue fazer a diferença entre uma pedra de desespero e a pedra angular. A Pedra Angular não está
embaixo, ela está em cima nas construções romanas do tempo em que Jesus disse isso. Era muito comum os arcos; até hoje, você vê nas ruínas do Império Romano a presença de arcos que, inclusive, muitos deles estão intactos. Aquela pedra do centro do arco era chamada de angular porque tinha um corte de um ângulo que tinha que ser medido com perfeição para que houvesse o encaixe de todas aquelas pedras e elas ficassem sem sustentação, apoiando uma na outra. Quando o corte da Pedra Angular não era muito bem calculado, né, devidamente ajustado, ela poderia cair; então, todo
aquele arco desmoronaria. Então, Jesus está falando de uma pedra que cai e de uma pedra que já está no chão. E disse: "Quem se jogar sobre a pedra está no chão." Quebrantamento voluntário. Jack Schisler dizia: "Será feito em pedaços." É um nível de quebrantamento, mas ele diz: "Aquele sobre quem a pedra cair será reduzido a pó." É outro nível de quebrantamento. Eu lembro dele dizendo algo que me marcou profundamente: você encontra nessa analogia algo que está em harmonia com todo o ensino bíblico. Ele dizia: "Ou você se lança sobre a pedra ou a pedra vem
atrás de você." Mas quem vai ser quebrantado, vai; é uma questão de tempo. No entanto, quem se lança logo é feito em pedaços; o nível de quebrantamento é menor. Aquele que a pedra tem que ir atrás faz ser reduzido a pó; é outro nível de quebrantamento. A questão não é se vamos morrer para nós mesmos ou se seremos ou não quebrantados. A questão é qual a conta que será paga quando relutamos, deixamos ou tornamos o processo mais difícil. Isso me faz olhar para o próprio texto de Marcos 8 e questionar uma informação que eu apresentei
para vocês aqui: por que João foi o único que não foi martirizado? A Bíblia diz: "Deus não faz excepção de pessoas." Eu não aceito a ideia de Deus ter filho predileto, a menos que seja eu. Aí dá para abrir uma exceção! Fora isso, né... Brincadeiras à parte, não tem maí ou perspectiva de você olhar, né, para Deus simplesmente dizer: "Eu vou amar mais um do que o outro." Ele nos ama todos igualmente. Mas por que você tem um camarada que escapa? Se o que a tradição diz foi exato, quando chegar no céu eu quero perguntar
para João: "Aquele negócio do caldeirão de óleo fervente rolou mesmo, né, ou era lenda urbana?" Porque isso não está na Bíblia para que a gente possa botar toda a confiança. Porque se isso aconteceu, só torna as coisas piores, porque não é nem que João não teria tido, entre aspas, a oportunidade; significa que ele simplesmente não podia morrer. Agora, será que existe algo... Que tenha determinado o custo dessas coisas, eu particularmente acredito que sim. Quando em Marcos 9, verso 1, terminando o assunto, Jesus diz: "Em verdade, alguns aqui que não vão morrer antes de verem ter
chegado com poder o Reino de Deus", né? Eu acredito que Jesus já estava prevendo isso. O problema é que Jesus não falou "um aqui"; Jesus usa a expressão "alguns", o que me faz acreditar que a declaração de Jesus serviria para eles, mas se aplicou só a um, assim como aquilo que Deus oferece. A mesma Bíblia que diz que Deus deseja que todos se salvem vai dizer que a salvação não é de todos. Não é uma contradição: Deus deseja e oferece para todo mundo, mas nem todos vão aceitar aquilo que Deus está oferecendo. Isso me faz
imaginar que Jesus faz uma declaração de algo que está disponível, mas nem todos usufruíram. A pergunta é: o que leva João a ser tratado de forma diferente? Eu comecei a estudar a Bíblia com mais dedicação aos 15 anos de idade e, como adolescente, onde tudo é um pouco mais dramático na cabeça da gente, me incomodava o fato de que a Bíblia chama João de "o discípulo amado". E, quando estudando, eu descobri que ele foi o único que não foi martirizado. A ideia que eu pensava é que o bichinho era realmente mais amado que os outros
porque Deus poupou ele do que não poupou os outros. Mas essa ideia me incomodava, pois Deus não faz exceção de pessoas. Mas a Bíblia diz que João reclinava a cabeça no peito de Jesus. Eu, com aquele sentimento de um garoto imaturo de 15 anos, ficava imaginando que, se eu fosse um dos 12, eu ia ter ciúmes de João. Com certeza! Eu fico imaginando aquelas viagens; eu ia ficar jogando pedrinhas no João para irritá-lo, eu ia dar o trapeço atrás dele. Eu acho que, de vez em quando, no barco, ia dar um jeito de derrubar o
João para dentro d'água, porque aquele negócio me aborrecia, tentando me colocar no lugar dos outros. Por que esse vai ser mais amado? Eu lembro do dia em que, perturbado com isso, tentando entender o que a Bíblia dizia, o Espírito Santo falou algo comigo que me chamou a atenção. Ele disse: "A minha palavra não diz que eu reclinava a cabeça no peito de João; ela disse que João reclinava a cabeça no meu peito." Eu falei, e ele falou: "E isso significa que eu não trato nenhum de vocês de forma diferente, mas aqueles de vocês que resolvem
me tratar diferente dos demais conseguem me agradar." E, de repente, eu comecei a olhar as coisas sob outra perspectiva. Peraí! É João que está tratando Jesus diferente? Por que a gente resolve acreditar que é Jesus que está tratando João de forma diferente? E aí, a pergunta não só é essa: João fez alguma coisa que o diferenciava dos demais apóstolos? E aí você tem uma resposta bíblica sobre isso. No Evangelho de João, no capítulo 21, se você puder me acompanhar lá, nós temos um momento onde o Senhor Jesus encontra Pedro, que o havia negado três vezes.
Jesus lhe pergunta, por três vezes, se o ama. Jesus está dando oportunidade a Pedro de consertar as coisas, de reafirmar o seu amor, o seu valor. Mas o curioso é que a primeira pergunta de Jesus para Pedro é: "E aí, Pedro, você me ama mais do que esses outros?" Será que Jesus queria incitar uma competição de amor, um "Love Contest", né? Um campeonato de amor, alguma coisa do gênero? É lógico que não! Quando os discípulos começam a disputar entre si qual deles era o maior, Jesus deu uma bronca neles; ele não ia provocar esse tipo
de competição. Mas Jesus está falando isso porque, na Última Ceia, quando ele diz: "Um de vocês vai me trair", a maioria dos discípulos começa a perguntar: "Porventura sou eu?" Estavam se vendo como candidatos potenciais à queda, ao fracasso, enquanto todo mundo tá perguntando: "Porventura sou eu?" O Pedro não só não pergunta "Porventura sou eu?", como ele disse para Jesus: "Por ti eu daria a minha vida." Tipo, eu não só não sou esse maluco que o senhor tá falando, como eu morreria por você! Imagina a encarada messiânica de Jesus em Pedro: "Pedro, você morreria por mim?"
Jesus diz: "Ainda esta noite... Tipo, não vai nem demorar. Antes que o galo cante, você vai me negar três vezes." E quando Jesus é preso, a gente tem que dar um desconto que o Pedro até tentou defendê-lo; puxou uma espada, cortou um pedaço da orelha de Malco, servo do Sumo Sacerdote. Mas quando Jesus manda guardar a espada, eu acho que a hora que Pedro pensa: "Se o Senhor quer mesmo ser preso e provavelmente enfrentar a morte, Deus lhe abençoe; eu não quero." E a Bíblia diz que todo mundo fugiu. Cumpriu-se naquele dia a escritura: "Ferirei
o pastor, e o rebanho se dispersará." Não sobrou um; todo mundo fugiu. Mas agora, aqui, Jesus reencontra Pedro e ele vai ter uma conversa significativa. Mas essa conversa precisa ser entendida, aqui de João 21, a partir de um relato do que acontece tão logo todo mundo foge do Jardim, porque o Evangelho de João é o único que nos informa isso. Se você estiver anotando, não precisa abrir e ler agora, mas o Evangelho de João, no capítulo 18, a partir do verso 15, a Bíblia diz assim: "Simão Pedro e outro discípulo seguiam Jesus." Esse outro discípulo
é a forma como João fala de si o tempo todo, sem citar o seu nome. "Este discípulo era conhecido do sumo sacerdote e, por isso, conseguiu entrar no pátio da casa deste com Jesus." Então, eles estão seguindo. O que é que vai ser feito de Jesus? Estão acompanhando de longe. Jesus é levado, né? "Para ser julgado, e quando entra, é no pátio da casa do Sumo Sacerdote. A Bíblia diz que Pedro ficou de fora, mas João, porque era conhecido, conseguiu entrar. A tradição diz que ele fornecia peixe lá; não sabemos se isso é verdade, mas
a Bíblia diz que o outro discípulo, que era conhecido do Sumo Sacerdote, enquanto Pedro ficava do lado de fora, junto à porta, saiu, falou com a encarregada da porta e levou Pedro para dentro. Ele consegue fazer Pedro entrar. Agora, veja a pergunta da criada no verso 17: 'Então, a empregada encarregada da porta perguntou a Pedro: Você também não é um dos discípulos desse homem?' E essa é a primeira vez que Pedro vai negar. Pedro responde: 'Não, não sou.' Porque ela pergunta: 'Você também?' Porque João é conhecido; todo mundo sabe que é discípulo. João advogou para
que Pedro entrasse. Quando ela diz: 'Você também?', Pedro responde: 'Eu não.' Ou seja, o que você vê desde o início é João dando a cara a tapa, quando a maioria não quis fazer isso. A situação vai se agravando um pouquinho mais. Eu acho esse pano de fundo importante antes da gente ler João 21, porque a Palavra de Deus diz em Lucas 23:49 que, enquanto Jesus estava sendo crucificado, onde estavam os seus discípulos? Lucas 23:49 diz: 'Entretanto, todos os conhecidos de Jesus e as mulheres que o tinham seguido desde a Galileia ficaram de longe, contemplando essas
coisas.' Todos os conhecidos; todo mundo fica de longe. Está todo mundo com medo dos desdobramentos. Mas tem um grupo de pessoas que não se mantém longe; está registrado em João 19, versos 25 e 26. Entre eles, num dia como hoje, das Mães, exalta-se a doação sacrificial das Mães. A Bíblia diz assim: 'Junto à cruz estava a mãe de Jesus, a irmã dela, Maria, mulher de Clopas, e Maria Madalena.' Enquanto todo mundo está longe, tem um grupo que está ali, entre eles a mãe de Jesus. No verso 26, vendo Jesus a sua mãe, e junto dela
o discípulo amado, diz: 'Mulher, eis aí o seu filho.' Depois disse ao discípulo: 'Eis aí sua mãe.' Dessa hora em diante, o discípulo a tomou para casa. Então, todos os registros desde o primeiro século mostram João cuidando da mãe de Jesus até o fim. Nós precisamos entender que ele era o único que estava perto, a ponto de Jesus, como o irmão mais velho – toda a lógica aponta para isso – confiar o cuidado da mãe a João, a nenhum dos outros apóstolos, a nenhum dos seus irmãos, mas somente a João. Por quê? João era o
único que estava lá, era o único que estava perto. Pastor, que isso tem a ver? Eu acho que a gente entende melhor em João, no capítulo 21, a partir do verso 18. Depois de Pedro afirmar por três vezes que amava Jesus, Jesus diz para ele assim, no verso 18: 'Em verdade, em verdade lhe digo que, quando era mais moço, você se cingia e andava por onde queria, mas quando for velho, estenderá as mãos; outro cingirá e o levará para onde você não quer ir.' Quando Jesus está falando sobre quando era mais moço e ser mais
velho, ele não está falando apenas de idade cronológica, mas presume também a presença de maturidade, né? Ou a falta dela. Durante muito tempo, nas minhas Bíblias de estudo, e antigamente a gente só tinha as de papel, eu simplesmente colocava um ponto de interrogação do lado desse versículo 18: 'Estenderás as mãos'. Fiquei pensando: 'O que é isso?' Eu demorei para perceber que a explicação estava no verso seguinte, o 19. Jesus disse isso para significar com que tipo de morte Pedro havia de glorificar a Deus; e, depois de falar assim, Jesus acrescentou: 'Siga-me.' Então, olhe para cá
um instante: 'Estenderás as mãos' – morte por crucificação, a forma de execução mais comum no Império Romano. Agora, o que é que Jesus está falando para Pedro? Ele pergunta: 'Pedro, você me ama mais do que esses seus irmãos?' Porque Pedro, lá atrás, tinha dito: 'Eu te amo a ponto de morrer por você', e o Pedro que falou isso, na hora H, simplesmente vazou, deu no pé e negou Jesus. Então, ele agora está respondendo para Jesus: 'Olha, eu amo.' Não é aquela 'ágape'; tem um jogo de palavras no grego onde Jesus pergunta uma intensidade de amor
e Pedro responde outra, menor. Mas, depois das três vezes, Jesus agora olha para Pedro e diz o seguinte: 'Pedro, seu amor vai crescer.' Você achou que me amava a ponto de morrer e descobriu que não está pronto, mas eu acredito em você, Pedro, e o seu amor vai crescer. Vai chegar o dia em que você vai glorificar a Deus morrendo por mim. Em outras palavras, Jesus está dizendo: 'Não adiantou nada você fugir da morte no início, porque morrer por mim é uma questão de tempo. Sua hora vai chegar e você vai ser crucificado.' Depois que
Jesus fala isso, ele olha para Pedro e diz: 'Me segue.' Pedro está desanimado. Marcos 16 diz que o anjo que aparece da notícia da ressurreição diz: 'Ide dizer aos discípulos e a Pedro.' Ele é o único mencionado por nome, porque acredito que, se não fosse convocado por nome, não estaria no grupo. Ele já se imaginava cortado da seleção, depois do fiasco de ter negado Jesus da forma como fez. Agora Jesus olha para ele e diz: 'Pedro, considerando não que você tem hoje e que você ainda não está pronto para morrer por mim agora, mas que
você vai chegar lá.' Então, um 'acredito', 'siga-me'. Jesus usa a mesma palavra do início; ele está dizendo: 'Eu não desisti de você, eu estou contando com você, você está dentro do time.' Mas deve morrer. Agora, olha o verso seguinte..." 20. Então, Pedro, voltando-se, viu que o discípulo a quem Jesus amava vinha seguindo. Era o mesmo que se reclinara sobre o peito de Jesus para perguntar: "Senhor, quem é o traidor?" Ao vê-lo, Pedro perguntou a Jesus: "E quanto a este?" A gente tem uma mania terrível de comparação. Jesus respondeu: "Se eu quero que ele permaneça até
que eu venha, o que você tem com isso?" Traduzindo, isso lá é da sua conta. Conta você: "Siga-me." Jesus está dizendo que em você o que eu tenho com ele é outra conversa. Mas olha o verso 23: então se espalhou entre os irmãos a notícia de que aquele discípulo não morreria. Ora, Jesus não tinha dito que tal discípulo não morreria, mas: "Se eu quero que ele permaneça até que eu venha, o que você tem com isso?" Agora, a pergunta aqui é: quem espalhou? Pedro, além de negar Jesus, linguarudo. Gente, Jesus sabia exatamente o que Ele
estava falando. Tá explicando, foi bem isso que Ele falou. Dos três, sobrou quem? Pedro. Quando a Bíblia diz que João está seguindo, Pedro e João aparecem muitas vezes conectados. Correm juntos pro túmulo de Jesus. Na hora de levantar o paralítico, eles eram próximos. Eu imagino a angústia de João, que foi testemunha ocular, vendo Pedro negar Jesus da forma como fez, quando ele o tempo todo agiu de forma diferente. Agora, Jesus o chama à conversa em separado. Deus nunca vai expor algumas questões nossas na frente do grupo. Ele está tratando com Jesus a parte, mas João
está acompanhando de longe, deixando a conversa ser privada. Mas eu acho que ele quer ser o primeiro a saber o que vai acontecer. É por isso que Pedro, quando vê, pergunta sobre João. Agora imagina Pedro voltando pro lugar onde estão os outros discípulos na praia, que estavam pescando. Imagina Pedro voltando meio cabisbaixo, chutando areia pelo caminho, e quando ele chega, os outros perguntam: "E aí? O que tá no time?" "Ah, tô. Ele me falou: siga-me de novo. Ele me manteve dentro." Mas Pedro, cadê a empolgação? "Foi o que ele falou. Outra coisa tá me perturbando
aqui. Ele falou que não adiantou nada eu fugir da morte porque é só uma questão de tempo. Ele falou da maneira como eu vou ter que glorificar a Deus com a morte específica." A turma: "É mesmo, Pedro?" Imagina ele falando: "E vale pra vocês tudo, cambada, porque todo mundo correu." Aí imagina Pedro olhando pra ele: "Só tem um que não vai morrer, cara!" "Não, Pedro. Adivinha quem?" Os caras: "Não, João!" Qual era a lógica de Pedro entender e espalhar o que não foi dito? Ué, Jesus disse para Pedro: "Se eu quero que ele fique até
que eu venha, o que você tem com isso?" Quando Jesus vier, os mortos ressuscitam e o que é que vai acontecer com os vivos que creem nele? Serão transformados! Então, se ficou vivo até que Ele venha, não morre mais. Eles simplesmente aplicaram a lógica em cima de uma doutrina. Agora, a pergunta é: isso é diferente do que Jesus falou em Marcos 9:1? "Alguns dos que aqui estão não verão a morte sem que primeiro vejam ter chegado com o poder o reino de Deus." Onde é que o reino de Deus chegará? Na plena expressão do seu
poder, com o retorno de Cristo. Quando eu era adolescente, um dia eu tava com meu pai. Não me lembro o que estávamos fazendo juntos, mas estava com ele no carro e ele aproveitou o trajeto de onde estávamos para fazer uma visita a uma pessoa, alguém que tinha solicitado. Gente, honestamente, eu era só um adolescente, mas nem toda a minha vida de pastor eu conheci uma criatura tão doida, maluca, como aquele C que nós fomos visitar. Doido de pedra! Entre outras coisas absurdas que eu vi ele falar, ele defendia para meu pai que o apóstolo João
estava vivo até hoje. E eu, na minha cabeça de adolescente, já imaginava aquele velhinho, curvado, cabelo e barba enormes, arrastando no chão, as unhas grandes. Porque ele dizia: "Jesus falou: 'Se eu quero que ele fique até que eu venha.'" Meu pai dizia para ele: "Mas tá escrito que Ele não disse que não morreria." "Mas Jesus não voltou, então não morreu ainda, né?" E ele queria defender que João tá escondido em algum lugar. E eu ficava pensando: que viagem! Quando nós saímos de carro, meu pai falou: "E aí, o que você achou?" Falei: "Doido da conversa."
Ele falou: "Qual a explicação que você daria para isso?" Porque eu fiquei bem quietinho. Meu pai era o pastor, mas ele mesmo não quis levar a discussão longe, né? Eu percebi que era por ver alguma limitação na pessoa. Meu pai gostava de provar um argumento, mas ele olha para mim e diz: "Que argumento você usaria?" Eu falei: "Pai, a promessa de Jesus é: se eu quero que ele fique até que eu venha." A gente pensa na linha cronológica, mas quando João tá na ilha de Patmos, ele assiste, camarote VIP, de forma antecipada, por revelação, todo
o retorno do Senhor. Basicamente, a palavra de Jesus se cumpriu na ilha de Patmos e é por isso que nós sabemos que João morreu depois, mas não morreria antes disso. E essa tentativa de colocar João num caldeirão de óleo fervente é antes do tempo. João não pode morrer antes disso, mas o que o leva, quando todos os outros apóstolos estão sendo martirizados, a se conservar vivo? Particularmente, eu acredito que é Marcos 8:35: "Quando todo mundo tentou salvar a vida, Deus disse: vão perder." Quando João, diferente dos demais, disse: "Eu perco," o Senhor olhou e disse:
"Salvou." Porque, basicamente, eu e você precisamos entender que isso não se aplica só a essa questão de morte literal, mas quando nós falamos dos processos de Deus, é impressionante. A tendência que nós temos de lutar contra isso, o instinto de sobrevivência, parece que é ativado dentro de nós, e nós não queremos morrer para nós mesmos. Não queremos abrir mão de muita coisa, e é por isso que a gente acaba vivendo, né, um evangelho confuso. Quando a gente, né, olha nossas crenças, declarações e comportamento, às vezes o evangelho soa um tanto quanto esquizofrênico. Eu quero te
dizer o seguinte: algo que eu e você precisamos compreender é que Deus nunca quis sabotar nossa alegria e realização. Quando eu era garoto, a sensação que eu tinha sobre meus pais, pai e mãe, os dois no mesmo time como aliados, era que eram criaturas que existiam para sabotar a felicidade de nós, os filhos, porque tudo que a gente queria fazer não podia, né? Fica em cima, marcação, pegação no pé, implicância. É o jeito que a criança olha. Mas quando Israel, meu filho, nasceu, eu ainda estava ali dentro da maternidade, olhando para ele e desesperado para
sair correndo e pegar um telefone, né? Ou escrever uma carta, ainda era comum fazer isso na época, e eu queria pedir perdão para os meus pais de tudo, porque naquele momento eu entendi que tudo aquilo que para mim era implicância, pegação no pé, tentativa de sabotar a alegria, não era isso. Nada como você ter a outra perspectiva. Eu, naquele momento, com o instinto paterno aceso, amando aquela criança, me sentindo na responsabilidade de protegê-la, eu consigo perceber que meus pais nunca quiseram sabotar minha alegria; pelo contrário, justamente porque estavam interessados nela, queriam me proteger de muitas
coisas. Por que eu estou dizendo isso? Quando começamos a nos relacionar com Deus, a gente tem esse modo infantil. O início da vida cristã parece estar cheio de proibição: "não pode isso, não pode aquilo, não pode isso, não pode aquilo; tem que morrer", parece que Deus escolheu alguns de nós para arrasar nossa vida e não para dar o que a Bíblia chama de plenitude, alegria. Porque nós estamos olhando pela perspectiva errada. Você olha, por exemplo, para Abraão: Deus simplesmente chega para Abraão e diz: "Toma o seu filho, seu único filho, o filho a quem você
ama, e oferece em sacrifício." Às vezes, eu lia isso e dizia para Deus: "Precisa dificultar a vida do velhinho?" Tem que lembrar que é o único filho, o filho que ama. Pedir o filho já é difícil para qualquer pai, mas ainda parece que o Senhor provoca o assunto dessa forma. Abraão, a Bíblia diz, levanta no mesmo dia, alta madrugada: "tipo, não vou nem esperar. Toma o menino e vamos obedecer a Deus, vamos entregar." Quando ele levanta o cutelo, o anjo do Senhor brada dos céus: "Não faça isso!" Eu gosto de ler a Bíblia trocando de
lugar com os personagens, me imaginando como seria eu. Eu, acho que, nervoso, naquela tensão do momento, já gritaria de volta: "Se decide, quer ou não quer o menino?" Eu imagino o anjo do Senhor falando de volta: "Nunca quis o menino; queria a sua disposição de entregá-lo, queria a sua disposição de me manter em primeiro lugar, e já que eu tenho o que eu preciso, não quero ver você sofrendo nem perdendo nada. Toma de volta o menino, e, de lambuja, eu vou lhe dar uma descendência numerosa." Deus nunca quis sabotar nenhum de nós! Toda entrega é
uma preparação para que a gente viva tudo que Ele tem, sem que a gente perca o próprio Deus na perspectiva do relacionamento debaixo das bênçãos Dele. O profeta Jeremias é usado por Deus para mandar a mensagem clara: "Eu é que sei os pensamentos que tenho a respeito de vós; são planos de bem e não de mal, para vos dar um futuro e uma esperança." Mesmo quando Ele está dizendo: "Tem que morrer para si, tem que viver entrega, tem que viver quebrantamento", vai viver, por bem ou por mal, Ele não está tentando sabotar minha e a
sua alegria; Ele está tentando nos transicionar para um lugar de maturidade, onde nós vamos experimentar a verdadeira alegria. Isso tem algo que eu aprendi ao longo dos anos: foi quem tenta salvar, vai perder; quem se dispõe a perder, vai salvar. Eu fico olhando para os cristãos de hoje, tentando entender como que nós migramos de uma primeira geração tão apaixonada, de gente que encarava o martírio sem negar Jesus, para crentes hoje que, por qualquer coisa, estão olhando para Deus e resmungando, não brincando mais, virando as costas para Deus, desistindo da fé. Como que nós podemos chegar
a um lugar onde você vê igrejas como a da Macedônia, que não foram convocadas, mas estão implorando para ajudar? Hoje em dia, você convoca os cristãos e eles fingem que não é com eles. Porque nós temos um problema na nossa entrega, e o problema da nossa entrega tem muito a ver com a percepção que nós temos do que está por trás da entrega. A gente precisa relembrar um pouco da história, como o evangelho começou a ser vivido há mais de 2000 anos atrás. Em agosto de 2003, eu e K estávamos pregando na Europa pela primeira
vez, na Itália, e conseguimos, um dia, tínhamos que sair da cidade do interior e passar por Roma. A pastora Rosel, nossa amiga lá de longa data, falou: “Olha, se vocês estiverem dispostos a encarar a correria, eu quero dar um tour básico em Roma.” Um dos primeiros lugares onde ela nos levou foi a Praça de Espanha, conhecida por ter sido um dos vários lugares onde Nero decidiu iluminar as ruas de Roma incendiando cristãos. A história conta que esses cristãos estavam amarrados, aguardando a morte, o momento de serem incendiados, mas permaneciam cantando e louvando a Deus. Enquanto
a maioria de nós, hoje, que perdeu o emprego, quebrou o carro, que faltou isso, aquilo, está dizendo: "Deus não me ama, eu também não amo." De volta, esses camaradas estavam aguardando a morte. Naquele momento, meus filhos eram pequenos, eram crianças. Eu fiquei pensando: não teria nenhuma dificuldade de morrer, de partir, pensando na certeza de salvação. Mas eu fiquei pensando na fé que eu teria que ter naquele momento, se eu partisse, deixando filhos pequenos, sem saber o que seria da continuidade da vida deles. Qual era o nível de confiança que essa turma tinha que ter em
Deus? A história diz que eles permaneciam cantando, e quando atavam o fogo à lenha e a chama subia, chegava no corpo e era impossível continuar cantando, porque eles começavam a se contorcer e a gritar de dor. A tradição diz que o que estava amarrado no lugar mais próximo continuava o cântico onde o primeiro havia interrompido pelos gritos. Esse era o espetáculo que Roma assistia: gente que permanecia adorando o Senhor até o fim. Eu fui no Coliseu aquele dia, pela primeira vez. É impossível não chorar naquele lugar, imaginando crentes se ajoelhando, famílias inteiras esperando serem despedaçadas
pelas feras e erguiam suas mãos adorando a Deus até o último instante. Como nós podemos decair de uma igreja de discípulos com esse nível de entrega? Há um evangelho tão banalizado como hoje em dia, onde parece que Deus só é importante para dar tudo que a gente quer, e se Ele não mimar a gente, a gente ativa o modo mulher de Jó: "amaldiçoe seu Deus e morra." A gente precisa re aprender entrega, e nós precisamos entender que, por trás da entrega, nunca existe perda. O livro de Hebreus fala de alguns que não aceitaram o seu
livramento. Quando está falando de gente que foi liberta da morte porque exerceu fé em Deus, fala de alguns que não quiseram o seu livramento, não aceitaram. Poderiam ter aplicado fé para aquilo, mas disseram: "nós não vamos." A Bíblia diz que, porque visavam uma superior ressurreição, todos os mártires, todos aqueles que morreram por amor a Cristo por ocasião da ressurreição terão um nível de glória diferenciado, porque é impossível viver entrega e Deus tratar isso com prejuízo. Quem está entendendo diga Amém. Diferente da maior parte do mundo, nós vivemos a liberdade do evangelho, onde podemos professar nossa
fé sem nenhum perigo. Estamos vivendo o início de uma perseguição que é institucional, que é ideológica, mas nem se compara a lugares do mundo onde nossos irmãos estão literalmente derramando o sangue por causa da fé. E ainda assim, sem que a gente seja exposto a esse nível de hostilidade, parece que nos menores testes, a gente não demonstra o entendimento do que é doar-se a Deus, mais do que doar qualquer coisa. Deus espera uma entrega completa, mas algo que eu e você não podemos deixar de ter em mente é que, quando nos dispomos a perder e
dizemos "vamos doar", Deus está dizendo: "na minha perspectiva, você vai estar no lucro." Mas quando a gente fica lutando para proteger: "não quero, não quero, não quero", a conta acaba sempre ficando mais dolorosa, porque ou você se lança sobre a pedra e se faz em pedaços, ou a pedra vem atrás de você e vai te reduzir a pó. Mas, porque nos ama e quer nos levar a um lugar de profundo desprendimento do resto, para que haja uma profunda conexão com Ele, Deus tem uma proposta incondicional. Não dá para ser discípulo e não encarar a cruz.
A minha proposta a você, nesse dia de hoje, é que você possa não apenas repensar, mas renovar a sua disposição de entrega de vida para com o Senhor Jesus. Feche seus olhos por um instante. Meu Deus, eu oro por cada um dos meus irmãos e irmãs nesse lugar, por aqueles que nos acompanham via internet, pela transmissão, por aqueles que terão contato com essa palavra gravada. Eu oro que esse seja um momento não apenas de reflexão, mas de iluminação do alto. Nós pedimos que o Senhor revele a dimensão do nosso compromisso, porque, muitas vezes, à semelhança
de Pedro, podemos estar nos enganando. E sabemos que a única intenção do Senhor diz por isso não é nos colocar debaixo de culpa ou condenação, mas nos dar a oportunidade de fortalecer o compromisso como o Senhor fez com Pedro. Nós somos gratos porque vivemos dentro de um contexto e estrutura onde temos a liberdade. Temos, como Paulo escreveu a Timóteo, vida mansa e tranquila. Nenhum de nós precisa sequer se preocupar se, nesse momento, terá que morrer por causa da fé. Mas, ainda assim, Senhor, a fragilidade do nosso compromisso não condiz com o nível da Sua entrega,
muito menos da Sua expectativa. E nós Te pedimos que os nossos olhos se abram, que o Senhor, por meio da Tua palavra e da ação do Teu espírito, nos dê a perspectiva correta, o entendimento correto. Nós queremos viver a plenitude do que o Senhor tem. Isso significa não pular, ó Deus, os processos necessários. Semana passada falamos de processos que conduzem à maturidade, mas também queremos aqueles que conduzem ao compromisso e à intimidade. Estende a Tua mão sobre cada um de nós, não apenas para nos orientar, mas para seguir tratando conosco, para que possamos viver a
plenitude do que o Senhor tem. Nós Oramos em nome de Jesus. Em nome de Jesus. Se você crê e concorda, diga Amém. Se você recebe essa palavra, diga eu recebo, em nome de Jesus.