Tu sabe pra onde vai a tua vida? | A Psicologia Analítica responde

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Daiana Neri 🌱
🕯️ Participe do Arquétipos Anônimos, nossas oficinas ocorrem aos sábados, 20h30, com objetivo de pr...
Video Transcript:
Com sinceridade, qual tu acha que é o destino da tua vida? Pensa para onde ela caminha, em direção a que vai, aonde vai chegar. E eu não digo a morte, porque esse é o destino fim inevitável para todos os seres humanos.
Provietados, nosso assunto hoje é sobre destino na psicologia analítica. Pois veja bem, tem aquela frase famosa de Jung que um monte de gente coloca no status e fica compartilhando. Até você se tornar consciente, o inconsciente vai dirigir a sua vida e você vai chamar isso de destino?
E dentro de várias discussões que existem na psicologia analítica, sempre retorna aquela pergunta: O destino é místico? É inevitável? Eu não posso ter ação diante do que vai me acontecer?
E quando eu abordo esse tema, algumas pessoas chegam e falam coisas do tipo: "Ah, se eu tenho um destino, então eu não vou estudar para um concurso, eu não vou fazer nada, porque já tá determinado. " E nesse vídeo a gente vai criar o mapa do destino de cada um de vocês. Quer dizer, entender para onde é que a tua vida tá indo no final das contas.
Porém, a primeira coisa importante é entender que destino para não é aquilo que acontece com a gente. Por exemplo, o que eu vou fazer amanhã, no ano que vem ou daqui a 10 anos. Isso não é o destino em si.
O destino é aquilo que a gente [Música] repete. Vamos pegar um exemplo bem prático. Uma pessoa todos os dias fica enrolando um novelo de lã.
Enrola, enrola sem parar. ele enrola e fica naquele movimento dia após dia, repetindo que que vai acontecer, qual o destino desse sujeito? Naturalmente a gente tá pensando num destino que vai desenvolver um uma dor crônica, uma disfunção, um desgaste articulatório, o que for.
Esse é um destino proveniente de uma repetição contínua. E essas repetições acontecem no nível psíquico também. E o mais interessante é que a gente consegue dividir elas em três categorias.
Primeiro, o padrão que nos persegue. Só que me escuta bem, eu preciso que tu olhe isso com muita atenção. Escuta de modo ativo, porque cada uma dessas coisas pode ser absolutamente aplicada à tua vida, ao teu destino.
Eu até falei na oficina do Arquétipo Anôos que era sobre destino, que eu adorei o nome O mapa do destino. A gente vai fazer um livro sobre isso, tenho certeza, vai ficar incrível. Mas continuando, nesse primeiro ponto, a gente tem a repetição.
Mas a repetição do quê? De um padrão. Naturalmente a gente tá falando aí de neurose.
E um que traz um caso de um paciente que sempre perdia tudo quando se aproximava do sucesso, sucesso financeiro, sucesso na vida dele no geral. E a grande problemática que ele enfrentava era essa. E aí eu te pergunto, será que é uma questão ambiental?
Tendo em vista que esse sujeito sempre chega a eminência de pegar o fruto que ele deseja, mas na hora cai tudo, sabe? E esse paciente, toda vez que alcançava algum tipo de sucesso profissional ou reconhecimento, acidentalmente acabava arruinando tudo, brigas, decisões impulsivas ou até mesmo adoecimento. Enquanto a análise se seguia, Yung acabou descobrindo um padrão de autossabotagem relacionado ao pai.
O pai desse paciente era um homem extremamente rígido e que desprezava de maneira assim absurda o sucesso financeiro, o reconhecimento e todas essas vaidades, assim que ele denominava. O sujeito, sem querer, começou a persistir um certo padrão de lealdade ao pai. Quer dizer, então, que a gente tá sempre sujeito às coisas que se foram?
Não, mas a gente tá entendendo vida, jornada como unos mundos, uma coisa unificada, que a gente olha para trás, pro presente e pro futuro. Não como uma mera arbitrariedade que vai acontecendo sem parar, supondo, ah, eh, do nada vai cair uma uma bacia de dinheiro na minha frente ou eu vou pro espaço, eu vou conseguir mudar toda a minha vida subitamente, não. Quando a gente fica nessas fantasias, a gente foge de compreender a nossa responsabilidade diante da existência e que sim, existe uma jornada que leva a um ponto.
E é por isso que nesse indivíduo o padrão de fracasso não era azar, por mais que ele quisesse acreditar que sim, por mais que ele pudesse justificar que tinha motivo para cada um desses fracassos, mas no final das contas é um padrão repetitivo proveniente lá da infância. E daí prezado, é claro que eu vou querer que tu anote aí, que tu pense ativamente em circunstâncias ou certos padrões comportamentais ou psíquicos, padrões de problemas que acontecem na tua vida de maneira bem repetitiva, coisas que tu repete que te geram prejuízo, mesmo que tu consiga justificar que tem uma razão para isso. O ego sempre acha uma justificativa para as nossas ações mais questionáveis.
O segundo caso é o destino pelo complexo. Mas veja bem, agora a gente tem um caso de Sabina, outra paciente avaliada por Iung, que tinha uma repetição muito contínua de amor destrutivo. Ela acabou se tornando psicanalista, mas nesse processo de análise ela tinha uma relação muito ambígua com os homens que de algum modo ficavam encenando o desejo dela de morte e de salvação.
essa dualidade extrema de relações extremamente intensas que prejudicavam naturalmente o equilíbrio de uma vida sustentável. A gente tem na Sabina um complexo erótico tanático, muito relacionado a essa dualidade entre salvação e destruição, essas polaridades irreconciliáveis ali para ela naquele momento. E ela teve uma infância extremamente violenta e com erotismo marcado por muito sofrimento, que posteriormente se tornou o padrão de escolha dela no amor, na vida adulta.
Agora, ela não era mais refém literalmente daquilo, mas se fez refém de um complexo. Se antes a gente tem a ideia de um padrão neurótico que gera proteção pro sujeito, pro seu equilíbrio psíquico, agora a gente tem um padrão de complexo. Veja bem, o complexo sempre tem como raiz e origem o arquétipo.
Daí eu sempre acabo me estressando porque nos comentários aparece alguém falando: "Uh, esses arquétipos são coisas místicas? " Sim, aparecem pessoas falando isso e eu fico presados. O arquétipo tem uma construção firme na filosofia.
Ele começa lá em Platão, vai sendo desenvolvido. Especificamente na psicologia analítica, a gente encontra uma tradição cantiana muito forte, o arquétipo enquanto forma a priori ou apriorística, uma forma vazia em si que pode ser preenchida com diferentes conteúdos. O que é uma forma?
É uma ideia. Eu tenho, por exemplo, a ideia de um pai e de uma mãe. Não necessariamente o meu pai ou o teu pai ou a minha mãe ou a tua mãe, mas a gente tem a ideia desse conceito vazio em si, que pode ser preenchido de diferentes formas.
Desse modo, a gente tem várias formas psíquicas que organizam o nosso processamento. E o complexo acontece quando esse arquétipo é preenchido e aglutina, ou seja, chama para perto de si inúmeros conteúdos, experiências de vida. Vamos supor, a Sabina, ela tem um certo arquétipo ali relacionado a eros, relacionado ao afeto, amor e em torno dele uma série de experiências negativas, experiências de dor que vão se estendendo e se tornando cada vez maiores, de maneira que ela vai se tornando cada vez mais inconsciente até chegar um polo bem distante que ativa todos os outros, como a ideia do senso comum de gatilho.
E o que aconteceu com a Sabina foi isso. sem perceber, ela mantinha um padrão de relacionamentos que tinha relação com todas as experiências anteriores dela. Isso é muito comum em relações de violência e de poder, em que uma pessoa sofre violência firme na infância.
E esse conceito central de amor, esse arquétipo relacionado ao amor, é construído a partir da violência, com várias experiências violentas. Então, a um gatilho de violência ou uma pessoa violenta ou até passiva leva justamente essa ideia de amor equivocada. E de novo, isso leva a um destino.
Depressão, ansiedade, problemas, até mesmo a morte. Você tem um destino porque há um padrão disfuncional que vai levar a um fim determinado. São várias possibilidades, mas o que se espera de uma pessoa que sempre se coloca numa relação disfuncional dessas?
A gente não espera que simplesmente do dia paraa noite apareça uma salvação repentina, não, porque é um complexo que precisa ser observado. E agora vocês vão anotar de novo padrões de relacionamento que vocês tiveram. Quem já teve um relacionamento não necessariamente amoroso, pode ser um relacionamento de amizade.
Que tipo de pessoa eu costumo trazer para perto de mim ou se aproxima de mim? Isso denota um tipo de padrão. Naturalmente há um tipo de destino.
Uma pessoa que sempre arruma amigos muito violentos encranqueiros e que cometem muitas infrações, uma hora ou outra vai acabar se metendo numa situação que não é tão agradável. É um azar? Não, não é um azar.
A gente tá percebendo esse destino como uma repetição de padrões psíquicos. Vamos lá. Vocês t que anotar.
Tô falando sério. Vocês têm que anotar isso porque é para organizar o mapa da psique de vocês. Anota rápido porque a gente já vai pro terceiro ponto.
O terceiro ponto de [Música] destino. É óbvio que é o meu favorito, é o que eu mais gosto, é o que mais nos entusiasma a falar sobre e não, eu não vou romantizar, mas sim estou romantizando, que é a vocação. Como um exemplo bem tendencioso yungiano, vamos trazer o próprio Jung.
Ele escreveu o seguinte: "Eu sabia que se me submetesse, destruiria o que de mais profundo havia em mim". Na autobiografia, Jung relata isso com relação à ruptura com Freud. Imagina que apesar de estar ali com Freud, de est trabalhando junto com ele e do reconhecimento que Freud já tinha como uma escola, ele sentia uma necessidade de ruptur, que aquilo tava esmagando partes muito importantes da vida psicológica dele.
Por isso, ele precisava buscar outro caminho, ainda que esse caminho colocasse ele numa situação mais difícil, mais penosa, mais longa. E aí a gente pode pegar vários exemplos de artistas, por exemplo, que abandonam absolutamente tudo ou pessoas com uma certa vocação que deixam tudo aquilo que era mais certo em prol de um ideal maior, em prol de uma coisa que era mais coerente e mais íntegra com relação à sua própria vida psíquica. E a gente vai percebendo esses desconfortos com os nossos sonhos, nossas fantasias, nossos desejos que surgem subitamente à mente.
Uma pessoa pode até forçar, tá num campo de estudo que não gosta, tá num trabalho que não gosta ou até num relacionamento que não gosta, mas ela vai sentir os efeitos psíquicos disso. Ela vai entrar em angústia, em sofrimento e muitas vezes vai deslocar para outro lugar. Isto é, ela pode ter um problema muito grande com o trabalho que ela escolheu e jogar para cima do parceiro romântico a culpa pela sua vida psicológica.
Enfim, ela pode encontrar um bod expiatório para dizer o por que ela tá tão infeliz, mas no final das contas ela tá só terceirizando a responsabilidade que ela tem diante da própria vida. E é por isso que o destino não é só uma fatalidade que acontece subitamente, ele é um padrão repetitivo que vai nos acontecendo de maneira estruturada. E não é só uma estrutura interna, tá presados?
A gente tá considerando até mesmo neuroses coletivas, porque elas influenciam diretamente na individualidade do sujeito. Da mesma forma, a gente não tá dando absolutamente toda a carta pro externo. Afinal de contas, a psicologia analítica é interacionista.
A gente tá considerando influências internas e externas relacionadas entre si como repetição. Então, tu pode ficar extremamente perturbado agora pensando, então esse é o meu destino observando ã paixões que tu tem que foram escondidas, abandonadas e que ainda geram aquela sensação de desejo subjacente, ou certos padrões nos relacionamentos, no trabalho, na vida, autossabotagens no geral ou até mesmo padrões de violência com o outro. Pense em todo tipo de padrão.
Eu sei que vocês são muito criativos. É inevitável, não tem opção. Eu tenho que ser assim.
Não, não, presados, jamais. Não é esse objetivo. Por isso que a gente volta aquela frase do Jung para finalmente entender ela para além do status do WhatsApp.
Veja só, até tu te tornares consciente sobre o teu inconsciente, ele vai dirigir a tua vida e tu vai chamar ele de destino. O destino não é simplesmente um ponto fixo que não se pode mudar. Na verdade, ele é uma série de conteúdos muito bem estruturados que nos levam àquele ponto em específico.
E o primeiro passo para desfazer complexos é reconhecer que eles existem, é observar os seus padrões. Bem, prezados, eu espero que vocês tenham anotado aí o mapa do destino de vocês como ponto de reflexão e de pensamento. Se possível, escrevam sobre isso.
Escrevam a que ponto vocês acreditam que a vida de vocês vai com essas características aí. Lembrando, elas não são um determinismo, mas um ponto para se tornar consciente sobre isso. E é por isso que eu falo, você pode não ir por A e ir por B e chegar no mesmo lugar.
Que que isso quer dizer? Uma pessoa pode acabar com um relacionamento disfuncional e arrumar outro relacionamento disfuncional e acabar tão mal quanto lá na frente. Isso quer dizer que o problema não é a pessoa com quem tu tá se relacionando ou o trabalho em questão.
Muitas vezes é a nossa disposição na direção dessas mesmas coisas. E de novo, isso não anula os fatores externos coletivos que também exercem força sobre isso. Neuroses coletivas, complexos coletivos que se envolvem e se relacionam diretamente com quem a gente é e vai ser.
Enfim, prezados, foi um prazer conversar com você sobre destino. Eu espero que de algum modo isso te ajude a encontrar a ti mesmo de uma maneira mais autêntica e menos complexada. M.
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