[Música] Olá, boa noite! Sejam todos bem-vindos. Hoje, a gente vai fazer uma live muito especial. A gente vai ter um encontro muito especial que eu vou conversar com o professor Marcelo Andrade, que, para muitos de vocês, eu sei que dispensa apresentações, porque eu já estive lá no podcast Caravelas e ele tem feito um trabalho excepcional de levar pessoas que realmente têm algo de interessante a dizer. Então, volta e meia, eu pego os cortes do podcast Caravela; sempre tem alguém interessante lá e não é por acaso que o canal dele tem crescido muito no YouTube,
porque ele tem feito um trabalho sério, um trabalho honesto, um trabalho educacional muito importante que agora, além da sua plataforma de cursos, que muitos de vocês conhecem, será coroado com a publicação de dois livros extraordinários sobre os quais ele vai falar para vocês hoje, que estão em pré-venda, mas que não vão durar muito. Então, você tem a última chance de acompanhar essa live e entender por que você não pode deixar de levar para casa os dois livros sobre os quais nós vamos conversar. Então, já vou trazê-lo para cá. Boa noite, Marcelo! Muito obrigada por estar
aqui, prazer te receber. Essas edições estão simplesmente lindíssimas. Parabéns! De quem é o projeto editorial, o projeto gráfico? Quem bolou? Eu sou CPI da área da curadoria, a escolha dos textos eu não entendo nada de editoração, aí eu fui lá, que fez, e tá muito bonito. Então, essa parte de editoração eu não entendo nada, eu achei muito legal. Não, mas ficou muito bom! A introdução que você escreveu para esse aqui está excelente! Eu tenho algumas perguntas sobre ela. Aqui é uma introdução de uma outra pessoa, mas esse livro... eu fiquei muito feliz assim. Eu não
sabia, né? Quando você me falava: "Ah, eu vou publicar uns livros sobre a Revolução Francesa", eu tô meio off esse semestre, não tava acompanhando. Quando eu vi que era o livro do Daniel, eu fiquei muito feliz, porque esse é um livro muito importante para qualquer professor de História Moderna, Filosofia Moderna, porque justamente ele compila toda aquela atividade intelectual anterior à Revolução Francesa que não necessariamente é tão discutida da perspectiva que ele discute aqui. E é um clássico! Então, parabéns por ter trazido em língua portuguesa esse clássico da história das ideias, da história do pensamento. Esse
autor é importantíssimo, mesmo! E, sem professores como você, o público às vezes não consegue ter a medida e chegar à referência correta. E daí vem a minha primeira pergunta: bom, primeiro lugar, pessoal, o link para você adquirir o combo tá na descrição. Mas o meu objetivo aqui é fazer com que o professor Marcelo nos explique a importância desse livro. Eu vou começar com a primeira pergunta, que é a seguinte: a estratégia... você publica um combo e aqui a gente tem os intelectuais, toda a atividade intelectual, os mais conhecidos e também alguns panfletos menos conhecidos, e
aqui os fatos históricos, né? Na Revolução Sanguinária do Louis Madelan, a gente tem documentos, reconstituição histórica, os fatos... O que foi, de fato, a Revolução Francesa? E na escola, você é professor de História, né? Inclusive a sua no ensino básico, você sabe como é a romantização da Revolução Francesa. Então, eu queria que, em primeiro lugar, você falasse assim, desde quando você tem a ideia de trazer à tona um combo que permita a gente ter noção dessa revolução que moldou o universo que vivemos, como você diz. Ah, talvez, assim, não sei qual foi o seu objetivo:
ajudar os professores de História, dar mais cultura geral para as pessoas, ou simplesmente... gente, colocar em circulação um combo que ajude as pessoas a terem uma visão de conjunto. Fale por esses dois livros. Então, a ideia da editora surgiu esse ano, né? Eu nunca tinha lidado com... eu sou escritor também, né? Agora vou publicar o meu 10º livro, mas eu sou... em relação à editoração, escolha de capa, contratar tradutor, eu não sei nada. Então, a gente fez parceria com quem entende para, então, lançar uma editora visando publicar livros aqui no Brasil, inéditos ou que sejam
esquecidos, né? A gente tem algum acervo de alguns livros aqui que já foram publicados no Brasil, mas estão esquecidos, né? A gente tem que começar com algum... Olha, então a gente resolveu começar com a Revolução Francesa, porque ela realmente foi a principal revolução da história, a meu ver. Aquela que o Heráclito comparou com o dilúvio, né? O que o dilúvio fez no plano material, a revolução fez no plano moral e político. Então, a gente ia começar com ela. Não tinha outra opção a não ser começar com um estudo dessa revolução. Então isso aí ficou claro:
tem que ser Revolução Francesa, aí pronto, tudo bem. Aí nós vamos lançar... quantos livros? Um do 3? CCO, né? Não dá para lançar muitos. Aí resolvemos... Então, acho que um par seria bom; um par de livros seria bom, com abordagens diferentes, né? Então, a gente optou pelo Mignet, que é o mais conhecido, que é um clássico. Esse livro todo mundo que estuda o período deve ler, quem não conhece deve ler, porque ele é importantíssimo. E depois escolhemos um que tratasse do processo revolucionário, que é o Madelan. Então, um tratará das ideias que geraram a revolução,
que é o Mignet, e o outro vai tratar do processo revolucionário, que é o Madelan. Então, achamos que era um casamento perfeito, uma dupla muito boa, né? Outros objetivos aí da gente... Combater a visão marxista e liberal também, né? O Adam Smith também defendia que a causa das coisas era a causa econômica. Então, quando professores dessas linhas liberais e marxistas ficam falando que tudo tem causa econômica — o cara virou esquina, é causa econômica; fez guerra, é causa econômica — e justamente é o Monê que combate essa visão, né? Porque, então, ao ele mostrar como
determinados autores, como Voltaire e Montesquieu, de Derrida, ele mostra como esses autores influenciaram o pensamento daquelas pessoas. E foram justamente as ideias que foram a principal causa da Revolução Francesa, não a causa econômica. Ele deixa muito claro isso. Então, esse é um livro que faz o enfrentamento dessa visão equivocada, aí, marxista e liberal, né? Você sabe que você me lembrou, justamente assim, até os mais alguns hermeneutas refinados sempre tiram da cartola a história do inverno, da falta de grãos, e as pessoas ficaram... quer dizer, a agitação dos jornalistas em Paris não teve nada a ver
com aquilo, não teve nada, né? É o que eles... as conversas que eles faziam nos clubes, nos cafés, nos salões e tal, não tinham importância; só o frio, a crise econômica e tal. Você sabe melhor que eu, porque você estuda bastante o iluminismo. Você sabe que o Diderot e o Derrida combinavam discussões ridículas nos cafés para mostrar o ponto de vista deles. Então, um fazia o papel de católico com ideias ruins e estava lá de propósito para perder; o outro, com ideias iluministas supostamente magníficas, ganhava a discussão. E aí todo mundo via: “ó, o iluminista
venceu a discussão”. Era tudo uma farsa, uma encenação. Era uma encenação! E também as cartas que eles escreviam, né? Porque, como as cartas eram lidas, não eram documentos privados, eram documentos para rodar na mão. Era praticamente a coluna de fofoca da época, as cartas, né? Eles também disseminavam, pelas supostas cartas privativas, justamente essas ideias, porque na carta você faz a figura da intimidade e da sinceridade. Ninguém acha que você está sendo ator numa carta, né? Tanto que, quando eu estudei o Diderot — que eu fiz, eu traduzi a biografia do Diderot, esse aí eu conheço
bem —, quando eu estudei o Diderot eu, para pegar assim a principal, eu tinha que ler as cartas, né? Porque ele é malandro assim, mas nas cartas você encontra todo esse jogo de cena que ele fez no romance "A Religião", que também é um enorme jogo de cena cruel para enganar um cara bonzinho. Então, assim, esses jogos que você citou eram constantes, né? Mesmo porque eles subvertem a ideia platônica do impacto da arte sobre a mentalidade. Eles entendem, né? O Platão critica a poesia porque vai deformar a alma. Aí o que eles fazem? Eles querem
realmente reformar a alma com aquela literatura iluminista, né? Então, o fato do Monê colocar o acento nisso aí também eu acho que é um cuidado filosófico que os marxistas não têm como ter. Porque os marxistas eles viraram as costas à metafísica e à relação e de que forma que a alma é o motor das nossas ações, né? Então, acho que é muito restrito. E o Marx é o herdeiro do iluminismo, né? Kant, iluminista, e Marx, herdeiro do iluminismo. Liberalismo por Kant e marxismo do outro lado. Que bom que o Monê não está nem de um
lado nem do outro, muito Marx, né? Mas Kant também, né? Então, o Rousseau tem muitas... O Engels comentava sobre o Rousseau também, desses daí. O que eu acho pior, não sei se você vai concordar: para mim, o Rousseau teve mais... Ah, para mim também, com certeza. Teve mais impacto na história do pensamento. Ele influenciou diretamente o Robespierre, o Napoleão, que depois vai influenciar o Marx, né? Claramente, muitas das coisas do Marx vêm dele. E outros, né? Até se repercute até hoje, né? E Rousseau com uma variação do mito do bom selvagem, a teoria da vontade
geral, que deu base para o totalitarismo, né? Sim, sim. Então, para mim, foi o pior desses autores. Pode falar. Não, não, não. Você está perfeito. E assim, o Rousseau... Eu não sei, só um parênteses, né? Para confirmar o que você está dizendo: a coisa mais imbecil de tudo que eu li do Rousseau — a mais chata — é "A Nova Eloísa". Mas a coisa mais imbecil que eu li do Rousseau foi um dos escritos de "Vélisse". Então, quando o cara chega na "Vélisse", continua sendo idiota. Você tem a medida de quem ele é, né? E
é no "Réve d'un promeneur solitaire" que ele diz assim: "Ai, nossa! Ai que horror! Chegar à maturidade e perceber que já não podemos viver a vida com sabedoria". Foi a coisa mais imbecil que eu li na minha vida! Só podia ter vindo do Rousseau! Como é que alguém que chega à sabedoria... tudo que a pessoa consegue... você vê que ele não chegou! Ele acha que... ele chama... como é que... tudo que a pessoa consegue fazer é lamentar que ela não tem uma vida para viver? Quer dizer, ele não entendeu nada, entendeu? Ele não entendeu nada!
Professor, e ele abandonou os filhos, né? Quer dizer, e ainda escreve um livro de pedagogia que é o "Emílio", acho que é o livro mais chato que eu li na vida. "A Nova Eloísa" é pior! Aquele era um tipo assim... horroroso, Rousseau, né? E esses outros... Eram todos, como você gosta muito de usar... eu já assisti suas aulas aí do iluminismo, eram panfletários. Era gente que, se vivessem hoje no século XX, eles seriam comunistas e estariam fazendo agitações. Nas redes sociais e em tudo quanto é lugar, eles eram agitadores. Eles são os herdeiros do... eles
são. Eu vejo os iluministas, né, como uma... uma... os herdeiros do que o Sócrates significou em Atenas, mas muito degradados, porque o Isócrates tinha um refinamento tal; ele era um sofista, né? Era um retórico fino. Os iluministas são meio eristas, né, da lamber... eu não sei, eu estudei muita enciclopédia, né? E se você ler hoje em dia, eu tenho dificuldade. Quando eu era mais moço, aguentava mais; hoje em dia, eu tenho muita dificuldade de trabalhar com o discurso de abertura da enciclopédia, o discurso preliminar, porque é uma contradição atrás da outra. Eu falo: como é
que um matemático se contradiz? Eu falei: ah, porque ele sabe que isso é uma contradição. Ele está fazendo propaganda descaradamente, e é um nível de propaganda, Marcelo, que me lembra, sei lá, as matérias da Veja, propagandísticas, sabe? Que lembra da época da Veja, que cada hora estava de um lado, e era aquele texto panfletário que você torcia... saía tinta, mas não saía substância nenhuma. Então, me lembra muito isso, né? Esse é o perfil deles. É verdade, é isso mesmo. Se a gente for ver o que essa turma toda pensava, é de uma pobreza impressionante, né?
Ou eram deístas ou materialistas, porque, aliás, na prática, dá na mesma, hum... E aí, então, eles eram muito povo; era só bom de agitação, né? É, infelizmente, também tiveram contato com a maçonaria. A maçonaria também ajudou bastante a disseminar as ideias, né? A partir da... a maçonaria se organizou bastante lá naquela época e ajudou a disseminar bastante as ideias. O Voltaire acabou entrando no último ano, né? No ano que ele morreu, na maçonaria, né? O Voltaire só fazia o que era bom para ele. Voltaire, o cara malandro, né? Malandro! E na mesma loja do Benjamin
Franklin, né? Cara de pau, criticava superstição e, no final da vida, era adorado como um semideus, que as pessoas queriam apenas tocar na roupa dele. O busto... ele já em vida já tinha busto homenageando ele, né? As pessoas ficavam em volta das estátuas dele lá, quer dizer, um tipo assim, horroroso, né? E defendia, de um lado, a liberdade de expressão e, de outro, atacava a Igreja Católica. Estudou com jesuítas e ficou atacando jesuítas, quer dizer, um fulano de muita, muita má-fé, né? Impressionante. E, além disso, o Voltaire é um dos primeiros grandes, assim, desse período
que é tão próximo do qual nós somos herdeiros. Ele é aquele típico promotor de idolatria, né? Então, ele promovia um culto à imagem dele; ele realmente promovia esse culto à própria imagem. E, tá aí, promover culto à própria imagem é promover... Então, na verdade, o que ele tinha ali era uma atitude, eh, eh, pior assim do que seu idólatra; ele promovia o negócio, né? E aquela estátua dele, eh, eh, velha e decrépita também... até ali você percebe que a vaidade do Voltaire ficou incomodada, né? Então, eu... para falar a verdade, acho que, assim, a Diderot,
em termos de qualidade, a confusão do Diderot na "Velice" eu acho até interessante. Interessante pra gente ver a confusão a que o Iluminismo leva uma alma, porque o Diderot se percebe ali no "Sobrinho de Ramot" que é como se ele estivesse diante de um espelho sem querer confessar que ele tem vergonha do que ele é, mas confessando sem falar. Então, eu acho que esse caráter problemático do Sobrinho de Ramot torna essa sátira brilhante para se entender o homem rachado que é o herdeiro do nominalismo, entende? Então, eu acho que se a gente aproveitar a literatura
iluminista desse ponto de vista funciona, porque é como você pegar, assim, a expressão de um... de um lista na literatura, é a pessoa confessando a desgraça que ela é. Você consegue estudar objetivamente, entendeu? O resultado de uma alma degradada desse ponto de vista. Eu ainda estudo os iluministas, estudo assim, mas você entende de outro ponto de vista. Agora, não, não pode dar... não tem como você, ah, ter respeito intelectual, entende? Do ponto de vista filosófico, porque é muito pobre mesmo, como você disse, né? Os homens do século 1, que eles copiam, têm consistência, apesar de
todos os problemas que eu menciono no meu curso "Iluminismo e Revolução Francesa". Eu pego toda a filosofia do século 1 que é a moldura dessa do 18, que está no livro do Mornet. Por isso, deixa eu só falar, antes de te fazer mais uma pergunta, pessoal: vocês que são meus alunos, o Marcelo Andrade fez a gentileza de criar um cupom de 30% de desconto para vocês levarem esse combo para casa, tá? Eu vou terminando essa live e vou enviar esse combo pro nosso grupo do Telegram. Não comprem por esse link, tem um especial para vocês,
porque todos vocês que assistiram ao curso "Iluminismo e Revolução Francesa" precisam ler esse livro, que é continuação direta daquele curso. Bom, outra coisa, Marcelo, que eu queria te perguntar: assim, você mostra na introdução ao livro do Madlan, ah, que você realmente é crítico diante do pensamento moderno, você se coloca... você tem uma postura claramente crítica. Eu queria que você desse as três razões principais pelas quais você é um crítico do pensamento moderno. Bom, nossa, TR é complicado, sei que você tem 50... eu sei que você tem 50, mas as três mais fortes, se você quiser,
com as três mais fortes, colocar subitens, fica à vontade. Quanto à gente... você é bem dessa área, mas eu sou mais ligado à história e ao direito, né? Mas quando você estuda filosofia, a gente vê que, depois de São Tomás de Aquino... Nós vemos só numa ladeira abaixo, né? Nunca se criou nada de sólido e, dessa daí, eu tenho o meu vilão preferido, que é o Occam. Ah, mas temos comum, porque o que a gente vê tudo é Occam requentado. O empirismo é um Occam requentado; o Iluminismo tem muito do Occam. O Engels comenta, né,
dizendo que eles, na, ele e o Otto urar, o materialismo, né? Então, o próprio Engels se considera um herdeiro do ocamismo, né, e dessa visão nominalista. Então, o que a gente vê é uma ladeira abaixo. Além desse ramo, eu também gosto muito de estudar coisas ligadas à gnose, principalmente à cabala, e a gente vê muita influência da cabala em vários pensadores. Por exemplo, Hegel, né? Hegel tem uma autora chamada Alessander Magi que comenta lá das influências esotéricas e do re que realmente é impressionante. Então, ele secou o pensamento de Hegel e colocou lá na causa
que o Hegel tem fontes herméticas, fontes da cabala, da astrologia, etc., né? Como o Renascimento é que trouxe tudo isso pra Europa, né? Temos hermetismo, astrologia, alquimia, cabala, todo esse esoterismo aí, né? Todo esse esoterismo sujo aí. E aí, o século XVII começa a racionalizar, né? O XVII começa a racionalizar e tem um monte de nome lá que não era Jacob, John e o João, influência na política lá da Inglaterra. O Comenos, né, que fez a reforma de ensino, era ligado... Nossa, esse é um vilão para mim também. Não curto Comenos, eu não curto Comenos.
Estudei bastante esse desgraçado, continua. E aí, então, nós vemos toda uma sorte de sujeiras que culminaram na nossa filosofia do século XX. Eu acho que muito do nosso mundo aqui é, lógico, consequência do pensamento filosófico e consequência da ação, né? Principalmente da escola de Frankfurt, né, e suas ramificações e pensadores correlatos, como Foucault. Foucault tem muito do pensamento da turma da escola de Frankfurt, né? Mesmo os que eles chamam... outros que tenham destacado, no fundo, é muito parecido com o que eles defendiam. Então, quais os principais pontos? Você falou que o pensamento moderno é antimetafísico,
é um combate a Aristóteles, às quatro causas de Aristóteles, principalmente a causa final. Então, um ódio à metafísica, um ódio à religião católica... não tem pensador, depois de uma data até hoje, que não tenha um profundo ódio da Igreja Católica, né? Então, olha, o primeiro ponto é ódio da Igreja Católica, ódio da metafísica e um desejo inconsciente ou consciente de destruir a civilização cristã. Então, nós vemos um trabalho de destruição que todos os filósofos fizeram e que os iluministas têm muita culpa, né? Muita, e muita culpa. Ou seja, é um quadro de rebelião em múltiplos
aspectos: rebelião contra a inteligência, rebelião contra a harmonia, rebelião contra... veja, contra o Criador, né? De maneira muito... contra a beleza, né? Contra beleza, contra beleza, uma rebelião. Certo que Platão compreendeu. A filosofia moderna fica lutando contra essa tríade magnífica, né, que os gregos compreenderam e que foi muito bem desenvolvida na Idade Média, né? Sim. Então, não tem outra forma de eu pensar toda essa história da filosofia pós-São Tomás, né, no intuito de combater... né? De combater o Iluminismo, combater Occam, combater o pensamento do século XIX, Hegel e Marx, principalmente, que são os que eu
estudei mais, né? Combater a escola de Frankfurt, etc. Então, a história... eu vejo a história da filosofia como um campo a ser combatido, né? É engraçado você falar isso porque, na prática, né, a gente observa que os modernos, né, dão pra frente, voltam para Protágoras, eles regridem. Então, é uma antifilosofia, né? Então, não é que você combate a filosofia, você combate a antifilosofia porque o São Tomás foi quem resolveu todos os problemas, foi quem finalmente produziu a síntese entre o que tem de mais importante em Platão, a metafísica platônica e aristotélica. Você tem ali alguns
problemas que, acho que só São Tomás resolve. Depois de São Tomás, já Aquino, em termos de metafísica, não tem nada que foi... me parece, tá? Porque é tudo muito mitigado. Você tem reducionismos em graus distintos, né? Você tem autores mais ou menos reducionistas. Os empiristas produzem um reducionismo absurdo; os racionalistas produzem um reducionismo aparentemente, a princípio, menos pior, mas também é um reducionismo pesado. Então, e eu não sei se você já leu um livro do Peter G. R. F. T. que chama "The Platonic Tradition". É maravilhoso, um livro de 100 páginas, Marcelo, é lindo. Ele
faz o seguinte: ele fala da grande ideia platônica, que é a metafísica. Aí ele fala das principais contribuições. O capítulo de São Tomás é maravilhoso porque ele é o grande, né, metafísico, o maior metafísico que existiu, né? E aí, depois, ele começa a falar, e assim, e a revolta contra o que ele chama de tradução platônica, para falar da tradição metafísica, que ele começa de Occam e coloca no meio até o tipo de degradação expressa pelo terrorismo islâmico. Por quê? Porque ele diz, né, isso é algo que a gente tem estudos, né? De fato, a
teologia voluntarista entra no Islã no século IX, né? E aqui no ocidente, ela começa a vingar no XIV com Lutero, ela se espalha, mas no islamismo veio antes, né? E você vê o que... que fim levou. Acabou com a civilização, né? É exatamente, né? E esse é um ponto grave. A Revolução Francesa tem vários pontos graves, né? Um deles é o terror, porque o terror foi usado como medida política, né? Uhum. É terror por uso político. Os comunistas se aproveitaram dessa metodologia. Tenha assim uma revolução sem sangue comunista que não tenha lá um viés do
terror jacobino do Robespierre, né? Robespierre que usou esse terror como arma política, né? E os comunistas acabaram dando uma escala nunca antes imaginada na história da humanidade, né? Então, você diga: não pode falar? Não é isso que eu queria saber. Quais são os paralelos que você acha que os professores de história deveriam estabelecer entre a Revolução Francesa e os desdobramentos da Revolução Russa? Porque a Revolução Russa tem um caráter burocrático de início e depois o terror vai se instalando, né? Os golpes de estado, os golpes de estado desses regimes totalitários tinham um caráter, uma aparência
burocrática, né? No terror do Robespierre era bom. Até tinha essa tentativa de racionalização, mas eu tenho a impressão — posso estar errada, se me corrigir — que no caso do comunismo, eles levaram assim, no nazismo sobretudo, eles levaram a requintes de crueldade essa racionalização do método, que é pura brutalidade. Eu acho que, como é que você acha que os professores deveriam explicar esse paralelo assim? Qual a maneira correta de apresentar isso? Então eu acho que deveriam começar com o Renascimento. Na realidade, que o Renascimento, toda aquela revolta introduziu o vírus do igualitarismo em certos campos,
né? Por exemplo, com Lutero, introduziu o visto do igualitarismo na religião, né? Então, livre exame da Bíblia, subjetivismo, e tal, uma fragmentação que é religião antropocêntrica, né? Antropocêntrica. Então, sai do campo teocêntrico pro campo antropocêntrico, começa o vírus do igualitarismo. Tanto é que gente ligada a Lutero defendia igualitarismo, como Thomas Mun, mesmo outro radical lá, renascentista, Campanela também. Na Inglaterra, os levelers também defendiam igualitarismo. Sim, eu ia... Eu estudei bastante a Revolução Inglesa. Uma das minhas próximas perguntas é o paralelo depois com a Revolução dos calvinistas, dos puritanos, né? Na verdade, ingleses. Então, eu começaria
com o estudo, na realidade, do nascimento do protestantismo, visões com determinadas ideias já causaram consequências, né? Lógico, a coisa vai sendo requentada também na Revolução Francesa. Inclusive, o autor, acho que é o Dolson, comenta, né? Ele dá o nome de Iluminismo como a segunda revolução protestante. Muito bom, a segunda revolução protestante. Eu achei muito bem pensado, que teve aquele primeiro surto de ódio contra a Igreja, que gerou efeitos negativos: a Guerra dos Camponeses na Alemanha, mais de quase 300.000 mortes. A Guerra dos Trinta Anos, que também é um efeito disso, milhões de mortos, uma das
guerras mais sanguinolentas da história. E ele dá o nome de segunda revolução protestante. Então, não tem como pensar a Revolução Francesa se não estudar o Renascimento e o Protestantismo. A Revolução Francesa, ela avançou em teses subjetivistas de ódio à tradição. Isso é importante. Ódio à tradição católica. Vai falar, os renascentistas gostavam da tradição, uma tradição ligada ao gnosticismo. A tradição da "prisca", né? Que eles falavam "prisca teologia" ou "prisca filosofia". Tudo quanto mais antigo era, melhor! Mas era uma revolta contra a tradição católica. E os iluministas da Revolução Francesa tinham um profundo ódio contra as
tradições também, né? Então, eles reforçaram esse ódio contra as tradições, reforçaram o igualitarismo, e aí avançaram no igualitarismo político. Não mais teria uma classe de nobres que seriam os responsáveis para conduzir o povo, né, politicamente. Então, introduziram aí o vírus na política, introduzir contra a tradição, reforçar o que vale à vontade do Estado. Quem manda no Estado? Aí disso vai nascer o positivismo jurídico no século X, que já estava bem elaborado, é exatamente que já estava germinado lá atrás. Sim, contratualismo é o exagero do contratualismo. Então, a Revolução Francesa preparou o terror, né, que nós
já comentamos. Preparou a cama para uma nova revolução, para dar um passo a mais no processo de ódio contra a civilização católica. Então, se já se tinha feito o igualitarismo no plano religioso, o igualitarismo no plano político teria que vir no igualitarismo no plano material, reforçando os princípios, né? Força do Estado, o terror que a Revolução introduziu, né? E aí a Revolução Francesa tinha também os comunistas lá, tinha o Babeuf e Eber que defendiam. Sim, toda essa... Eles defendiam o igualitarismo econômico, lá, que depois não passou, o processo não avançou. Mas então tudo isso gerou
a Revolução Russa, filha da Revolução Francesa e filha do liberalismo. Liberalismo não é oposto ao Marxismo, liberalismo é pai do Marxismo. Essa que é a verdade. Mas, mas, Marcelo, você não vê que... Eu vejo, o liberalismo tem um tratado do Guilherme de Ockham chamado "Breviário sobre o Principado Tirânico", esse livrinho do Ockham que é celebrado pelas universidades. Uau, Ockham, ou Okan, né? É um livrinho que é muito estudado no Brasil, tá? Porque até é difícil a gente achar Ockham bem traduzido. Eu me viro, entendeu, para dar minhas aulas, porque o meu curso de História Moderna
vai de Ockham a Kant, o anual de História Moderna. E esse curso que eu faço que é o Iluminismo e Revolução Francesa, ele vai da navalha de Ockham à lâmina da guilhotina, né? Porque, justamente, para mim, o negócio é esse, entendeu? A gente... a unidade, né? É a mesma unidade, né? Então, é uma grande síntese desse meu curso anual de História Moderna. Mas é bem palatável, né? Agora, você não acha que... Quando eu vejo, o liberalismo, para mim, o liberalismo é extração direta... É a teoria política do nominalismo. Também eu vejo ali o mesmo: o
Locke. O Locke, para mim, é o filósofo mais chato de todos os tempos. Ele não tem originalidade nenhuma; ele pega as teses políticas do Ockham e coloca numa roupagem mais aristocrática, mas era adorado pelos iluministas. O Voltaire disse que ele foi o maior filósofo da história! Imagina! É claro que Voltaire entendeu ele. Qual o único filósofo que o Voltaire conseguiu entender? O cara entendia Leibniz! Não, não entendia Leibniz! Foi um gênio. Goste ou não, eu sei que tem componentes dignos, tem problemas, mas Leibniz foi um gênio. É assim: a maneira como ele chega ao cálculo,
as contribuições científicas da estrutura da lógica proposicional, tem coisas ali muito interessantes, né? Agora, é um homem que, digamos assim, você admira quando você lê. Fala: "Puxa, ele estava tentando!" Agora, o Locke… Meu Deus do céu! Você dorme aí. Eu falei: o maior filósofo? Todos? Voltaire é um cara que é o cara mais chato que eu já li na minha vida. Acho que o Voltaire entendeu, né? Porque ele não entendia nada. Olha, ler as cartas, as cartas filosóficas lá do Voltaire… as da Inglaterra… talvez há muito tempo atrás, quando não lembro mais nada. Eu li
o livro mais referência que eu me lembro, que é "Cândido", que é a sátira do Leibniz. Mas fui lendo as cartas da Inglaterra, Marcelo, que percebi que o Voltaire não lia nada. Ele ia para os salões na Inglaterra tomar chazinho. Aí ele ficou ouvindo de orelhada ali os aristocratas conversando e depois escreveu o livro dele. Entendeu? E eu peguei isso porque eu estava estudando. Eu tive que estudar esses ingleses todos chatos, né? Eu falei: "Meu Deus, nem leu esses caras! Que cara picareta!" Mas voltando ao ponto que eu queria, eu queria que você explorasse um
pouco mais para o pessoal a relação entre os levelers, diggers, hunters, né? Todos aqueles radicais do período da Guerra Civil inglesa e a Revolução Francesa. Porque eu descobri, na minha pesquisa, que o William Pet, que era um cara daqueles círculos, foi celebrado na Enciclopédia porque ele foi um cara que pensou em planejamento urbano com base em estatística. Mas, na verdade, é porque ele era daquele círculo, ah, daquele círculo puritano. Entendeu? Eu comecei a perceber que realmente tem uma continuidade direta até na questão de promover os nomes que eram de lá. Mas eu queria que você
falasse um pouco para o pessoal também dessa relação entre eles. Então, eu não sou um grande estudioso da história da Inglaterra desse período, que eu tenho uma certa antipatia, mas tudo bem. Qual é a visão que eu tenho? Infelizmente, o pensamento lá na Inglaterra se corrompeu cedo, né? Ocan era da Inglaterra, né? O Duns Scot, lá do norte. Mais para frente vai ter Adam Smith, que é horrível. Não, Hume, pelo amor de Deus! Péssimo! Só parentes, sabe como que eu falo para os meus alunos quando eu vou estudar Hume? Eles são seminaristas. Eu falo: "Ó,
todo mundo agora põe a camisa de força e começa a amarrar a manga, porque a gente vai ter que ir até o final com esse negócio." Aquilo é loucura, né, Marcelo? A filosofia do Hume é uma loucura, total! Então, quando o humanismo, né, o Renascimento chegou lá na Inglaterra, a Inglaterra já estava com uma longa decadência filosófica. Todo pensamento ruim só pega se o ambiente está decadente; senão, não pega. Sim, não tem jeito. A coisa não é: "Não tem um céu azul e, de repente, aparece uma tempestade." Não, tempestade pressupõe nuvens cinzentas e carregadas, né?
Senão, não dá! Então, o ambiente lá na Inglaterra já estava com essas nuvens carregadas, contaminado por toda sorte de pensamento. Então, lá foi um terreno fértil para o protestantismo. Mas a gente tem que pegar lá uma figura que já citei, mas que é pouco divulgada, que é o John Dee, né? Que era ligado à Rosa Cruz e teve muita influência na corte da Elizabeth. A influência dela diz que, na hora da morte, ela… como é que era a história? Ela queria viver para sempre, né? E ela pediu, fez o último esforço para o John Dee
para tentar fazer ela viver para sempre no leito de morte. Eu não lembro mais os detalhes, mas teve isso. Ele acompanhou ela até a morte. E não sei se ele prometeu para ela a vida eterna na Terra ou ela que o quis na magia, não sei qual dos dois. Agora, ao contrário do que às vezes é divulgado na Inglaterra, que é associado muito ao pensamento empírico e ao racionalismo, lá teve muita influência da gnose, do esoterismo, que teve como marco o John Dee. Mas depois, não só ele. Outro autor que você estuda muito que é
o Francis Bacon também era ligado a isso. Ele racionaliza a alquimia. Para mim, o Francis Bacon racionalizou a alquimia. A ideia de tecnologia parte da racionalização da alquimia, que é o conceito de magia natural. Mas isso mesmo Ross, que é o entusiasta dos modernos, admite. Qualquer estudioso honesto, seja entusiasta ou não dos modernos, quem vai fundo, a Aids, o Ross… eles falam: "Ó, eles estão querendo racionalizar, mas o que eles racionalizam é esse negócio aqui escuro." Entendeu? Então não dá para você… eles admitem. E o Paulo Ross é muito criticado pelos marxistas porque ele diz
que até as tabelas que o Bacon chama de filosofia experimental são distrações retóricas. Então, ele faz um trabalho doido ali para falar do método experimental, né? Sim, e ele foi discípulo do John, mas volta aí, essa figura que ia ser uma figura importantíssima. Então, é porque na corrente do pensamento a gente vê claramente essa linha mais gnóstica ou essa linha racionalista. O autor pode ter os dois ao mesmo tempo ou só um, se cruzando e andando na história. E lá na Inglaterra, essas duas linhas acabaram andando, né? Dessa linha mais... O Newton, por exemplo, fez
um grande trabalho na física, mas ele era ligado à alquimia, obsessão com calcular o fim do mundo, obsessão com Apocalipse, né? Milenarista, né? O Bacon,iano milenarista da Academia de Ciências da Inglaterra era ligado a essas pessoas. Então, o ambiente lá da Inglaterra, com um veio esotérico, um veio gnóstico e um veio racionalista, quando esses dois se juntam, dá curto-circuito, né? E aí provocou essas revoluções inglesas, né? Ou, pelo menos, ajudou a provocar e ajudou também a fomentar grupos radicais, porque toda vez que você joga essas ideias no meio, sempre vai ter alguém mais radical para
defender um ponto de vista. Mais para frente, aí que nasceram, por exemplo, os Quakers. Os Quakers, eles tremiam, ah, o Espírito Santo. Eles tinham que dançar freneticamente para o Espírito Santo baixar neles. Fizeram colonização da Pennsylvania, né? O pessoal acha que essa coisa dos neopentecostais saiu do zero. O pessoal não tem noção dos pais deles lá atrás que já eram bem pirados, né? Porque o protestantismo, ele foi... O Lutero, melhor, né? Ele foi uma junção do pensamento diocesano com o misticismo alemão, principalmente. Justamente, então, o protestantismo tem esses dois veios. Ele tem o veio mais
racionalista e tem o veio mais esotérico. Então, em determinados locais ou momentos, vai prevalecer um veio mais racionalista; em outro local ou em outro tempo, foi o veio mais... mais do misticismo alemão. Então, os neopentecostais, os Quakers, é dessa linha mais esotérica. O pessoal lá é mais focado no Sol Escritura, ver a origem da palavra, se vem do grego, do aramaico e tal, que não tem essa visão neopentecostal mais da linha nominalista. Então, nós vemos que o protestantismo também trilha esses dois caminhos, né? Então, o ambiente na Inglaterra já estava completamente turvado ali naquele século,
propício para as revoluções inglesas, porque o pensamento teológico e o pensamento político é que vão gerar efeitos na política e não o contrário, como as pessoas dizem, né? Determinados pensamentos é que vão criar modelos políticos, né? Essa é a tese que nós defendemos e, por isso, que eu publiquei o livro do Monê, porque é justamente isso que ele está falando com outras palavras. E lá na Inglaterra, isso misturando John, depois outro místico, um monte de gente doida lá, com uma linha esotérica. É lógico que isso vai dar uma reviravolta, né? Então, claro, aí mata o
rei, depois fazem uma monarquia constitucional, que é a primeira na história daquela forma, e que, lógico, influenciou a Revolução Francesa, inclusive, durante os trabalhos do processo revolucionário, estava defendendo o modelo inglês. Sim, a monarquia. Mesmo todos os fisiocratas, todos, né? Marcelo defendiam o modelo inglês, né? Turgot, eu tenho uma certa desconfiança que muitos eram republicanos de armário. Eles eram críticos republicanos e não podiam falar: “Ó, sou republicano”, porque senão ficaria uma coisa muito pesada, muito contra, medo de perseguição, medo de perder espaço. Eu tenho... não consegui provar nada, é só uma suspeita minha e muito
que esses daí que defendiam monarquia constitucional, no fundo, eram cripto-republicanos, né? Bom, mas essa é outra história. Então, essas ideias da... porque, na verdade, as revoluções inglesas anteciparam em 100 anos a Revolução Francesa, né? Essa que é a verdade. Só não teve um impacto mundial tão grande porque não era a França, né? A França que era o grande centro, a maior potência econômica do mundo, mas o grande centro irradiador de cultura do mundo. Então, uma revolução tem um alcance mundial como foi a de 1789. Só podia ser na França, né? Não tinha outro país para
causar. Esses efeitos, assim como se a gente for imaginar uma revolução mundial, vai ter que vir dos Estados Unidos, porque é o maior mundo, o centro irradiador da cultura e tal. Então, é lógico que tinha que ser a França, né? E é impressionante como essas ideias na época, não tinha internet, telefone... como as ideias circulavam rápido, né? Era impressionante, porque, olha, sai da Itália, depois já chega rápido na Alemanha, depois já vai para a Inglaterra, da Inglaterra volta para o continente com uma coisa meio requentada. Um caso clássico da Inglaterra para o continente foi o
Pombal, né? O Pombal, sim, incrível diplomata lá na Inglaterra, volta para... foi iniciado na maçonaria na Inglaterra, já volta para Portugal com espírito iluminista, persegue os jesuítas, que eram os únicos que faziam frente aos iluministas. Se não tivessem os jesuítas, não tinha revolução francesa; os jesuítas eram a última muralha da cristandade, uhum. Então, o processo contra os jesuítas começa em Portugal, passa para a Espanha, depois para a França, depois exausta, até que a ordem é suspensa pelo Papa. Então, nós vemos que é tudo um plano, né? Aí já está na cara que é um plano,
né? E como as ideias circulam rapidamente, como a execução do plano avança. É impressionante como aquele século XVIII, eh, a maçonaria e os que trabalharam aliados com... Ela já conseguiam fazer uma rede, é bem ágil, né? Com executando, né, um plano, né, impressionante. Você já chegou a tomar conhecimento do Office of Address do Herli? Que é o Herli. Ele é justamente essa figura. Ele tinha um escritório da correspondência; ele era uma central da distribuição das ideias e das cartas, né? Então, ele era tipo a central da informação. Ou seja, a central estratégica, né? E o
Herli foi fundamental para a articulação realmente de todos os grupos divergentes. Porque se o que tem no protestantismo mais é briga, então ali no Office of Address, como eles eram todos, como é que eles se articularam? Eles eram todos baconianos, né? Então, eles tinham esse ponto em comum; os igualitaristas e os baconianos se entendiam, e o Herli foi um grande promotor daquelas ideias para o continente também. Então, isso que você está falando é como as ideias circulavam, tal. Quando a gente começa a estudar a parte concreta, você vê que havia essas figuras, essas pessoas, né,
que eram as grandes referências que iam passando essas informações e formando as pessoas, e facilitando o acesso daqueles que divulgavam as ideias nos círculos, inclusive em termos de participação de negócios. Ah, todo tipo de negócio, que os Estados Unidos eram colônia, então vários tinham ações em empreendimentos, né? Então, quando a gente começa a estudar concretamente, a gente vê que é isso mesmo. Assim, isso tudo que você está descrevendo tem as pessoas que realmente trabalhavam. Agora, eu queria fazer duas perguntas articuladas para você. Primeiro, o Padre Paulo Ricardo tem um curso que eu acho muito bom,
assim, muito legal mesmo, que é sobre Lutero. É um curso antigo, e ele defende ao longo do curso que Lutero foi o primeiro ideólogo, né? Ele fala que Lutero é o primeiro ideólogo, e eu falo: bom, se ele é o primeiro ideólogo, ele é uma espécie de pai das religiões civis, o que pode parecer um paradoxo. Mas eu acabo, eu vou derivar essa conclusão dessa tese. Essa tese me obriga a dizer que ele acaba sendo um pai das religiões civis, né? E aí você fez a articulação entre a Reforma Protestante; você falou: "Ah, a Revolução
Francesa é uma segunda reforma protestante." E a gente vive na era das religiões civis. Então, eu queria que você amarrasse tudo isso. Porque com esses livros aqui, qual a impressão que eu tenho? Que com esse combo que a Caravela está publicando, você dá a oportunidade das pessoas entenderem um pouco melhor onde é que elas estão, onde é que elas caíram. Assim, aqueles que estão no mar, né? Quem está dentro da arca, fica de soslaio olhado, segurando ali dentro. Mas quem está ali nos destroços, entendeu. Pelo menos a pessoa consegue entender uma mar remoto em que
ela está envolvida. Então, eu queria que você articulasse esses pontos. Você concorda com o Padre Paulo Ricardo que Lutero tenha sido o primeiro ideólogo? E você concorda com a minha conclusão, a partir dessa tese, que ele pode ser visto como uma espécie de pai das religiões civis, ou pelo menos promotor do tipo de sentimento atrelado às religiões civis que marcam nossa época? E você acha realmente que nosso laço principal com a Revolução Francesa é esse clima de religiões civis que eu, pelo menos, vejo por toda parte? Pode ser loucura minha, não sei. Então, interessante. Quanto
ao ideólogo, eu tendo a não concordar, mas aí é outra história. Agora, essa ideia do Lutero estar ligada à religião civil é bem interessante. Por quê? Porque Lutero quis... ele não era, pelo contrário, ele foi um dos criadores do nacionalismo alemão, né? Uhum! O impacto na cultura alemã e no que a gente chamaria de nacionalismo, o termo não poderia ser aplicado naquela época, mas o embrião do nacionalismo alemão está no Lutero. Quem reconhece isso é até William Shirer, que escreveu "A Ascensão e Queda do Terceiro Reich." Nós temos três figuras, lá naquela época de Lutero,
um pouco antes e um pouco depois, que são a tríplice figura odiosa que deu base para o absolutismo: foi o próprio Lutero, Maquiavel e Calvino. Então, o Lutero, ao atacar a Igreja Católica, era a instituição do topo. Ele vai, primeiro numa fase indireta, depois numa fase direta. Claro, ele vai dar força para o segundo que está na pirâmide, né? Que é os nobres. Vai dar força, pois ele vai apoiar os príncipes contra os camponeses. Então, de fato, na prática, ele sustentou, né, que os príncipes deveriam ter o poder. Ele sustentou o Estado absolutista, ele sustentou
o embrião do totalitarismo, né? Então, nós vemos isso claramente. Ora, se a religião não responde mais a Roma, né? No caso, quem está de fora sempre vai ter a referência, é Roma, Portugal, Espanha, Alemanha, vai ter a referência que não é da sua nação. Dando uma ideia de universalidade para a Igreja Católica; ela é uma das notas, justamente, ser universal. A partir do momento que Lutero favorece o poder do príncipe e favorece uma religião cristã nacional, sem excluir do próprio indivíduo as interpretações particulares, o próximo passo, óbvio, seria a religião civil. Claro! Porque é o
Estado que está mandando. Então, no fundo, o Estado vai tolerar aquela religião enquanto for interessante para ele, ou vai criar uma nova, ou vai perseguir, vai fazer uma mistura dos dois, né? Aí, o próximo passo. Vai ser com Rousseau, né, que é o grande teórico, o mentor realmente da própria religião civil. E aí chega nos Estados Unidos. Estados Unidos é a religião civil, né? A primeira nação formalmente quase uma religião civil é os Estados Unidos, né? Então sim, acho verdadeira essa visão que o Lutero é o pai da religião civil, né? Eu acho que tem
toda a lógica fazer seguir esse raciocínio. Sim, certo, é uma impressão que eu tenho, né? Porque o Lutero eu vejo ele muito como… ele teve um papel, independentemente do que ele buscasse. O Lutero eu tenho que trabalhar no… não tem como falar de filosofia moderna sem falar de Lutero, né? E eu sempre, todo ano, releio alguma coisa, né? E não, não tem como não perceber: o Lutero foi um agente político fundamental. Se ele queria isso ou não, é outra história, mas ele foi. Concretamente, as ações dele modificaram o equilíbrio político da Europa. Tudo bem que
a coisa já estava estremecida, mas ele foi lá e martelou, entendeu? Foi lá e jogou tudo pro… você já leu "Conversas à mesa do Lutero"? Ah, nossa, esse livro é estranho, né? É muito pesado, né? Só trechos… eu achei meio… ele tem… a gente tem ele em português, achei meio pesado esse livrinho. Não é meio, é bastante, não é? Me faz um pouco mal. Eu tenho um problema, Marcelo, muito grave, que é eu tenho um amor muito grande pela excelência, né? E aí, quando eu começo a perceber que um autor extrai do autor o que
eu poderia para compreender alguma coisa, e aí começa a vir xorume, xorume, xorume. Eu, por isso, que Marx e Hegel, eu sou fraca dos dois, porque desde o início que eu tentei ler, é só xorume. Via xorume ali, então eu não tive a disciplina necessária que, felizmente, você teve para poder falar deles para as pessoas, né? De compreendê-los, ainda mesmo sentindo cheiro, né? Muito chorume. Aí eu fico, eu vou deixando. E Lutero aconteceu isso, né? Mas eu tento, eu me esforço, tá? Eu me esforço. Eu preciso conhecê-lo melhor, mas cada vez que eu... mesa em
chofre puro, já vou avisando. É, então, mas cada vez que eu conheço um pouco mais de Lutero, eu me impressiono ainda mais negativamente, porque eu vejo ele como um agente político e eu falo: "Meu Deus do céu, quantas pessoas o admiram por estarem enganadas e como os professores de história falam erroneamente sobre o que foi a Reforma na escola, né, para as crianças?" Enfim, bom, eu tenho uma última pergunta, se você me permitir. Deixa eu ver se eu tenho... eu tenho tempo ainda, tenho mais 10 minutos com você, tá? Eu quero, eu quero saber o
que você... eu quero sua avaliação de Kant, porque aqui o Mornet vai falar dos intelectuais da Revolução Francesa que geraram aquele caldo para, depois, a guilhotina correr solta. Mas o Kant foi o cara que, antes do terror se instaurar, ele saiu, foi correndo até a estação, quebrou a rotininha dele para aplaudir a revolução, porque ele tinha o quadrinho do Rousseau na parede, né? E o Kant, ele é uma figura central aí na história do pensamento moderno, e depois, quando vem o terror, ele… Ai, puxa vida, nossa, que coisa! Como se não fosse uma consequência da
própria revolução, o terror, né? Então, eu queria que você fizesse uma avaliação de Kant, porque ele é uma figura controversa, né? Ele é uma referência para os liberais, né? Então, eu estudei Kant na faculdade sob o ângulo do direito, né? Porque sim, o direito tem, pelo menos eu interpreto, como o direito moderno com três pilares, né? Kant, Hegel e… depois, aí só da área do direito, né? O Kelsen, né? Ah, não conhecido? Também conhecido, mas é mais conhecido para quem vai estudar só direito. Então, essa tríade aí, Kant, Hegel e Kelsen, né, que são os
pais… essa tríplice aí que foi os pais do direito moderno, do positivismo e tal. Então, quando eu olhei que naquela época estava estudando na faculdade, já defendia São Tomás e o direito natural. Então, eu sempre vi o Kant como opositor, como aquele que ajudou a corromper o direito. Aquele que tinha uns textos complicados aí… um amigo meu interpretou como sendo complicado de propósito, né? Acho bem interessante essa interpretação, porque às vezes você vê: "Ah, o autor é muito difícil de entender." Às vezes, as pessoas escrevem para não serem entendidas mesmo, como se tivesse que ter
uma chave hermética para decifrar. É uma técnica que o Hegel utilizou muito e outros. Essas chaves herméticas aí, elas são feitas de propósito. Então, o Kant eu sempre olhei como um autor a ser combatido. Hum... Depois eu li as críticas do padre Leonel Franca sobre ele, que eu achei esplêndidas. O padre Leonel Franca demoliu o Kant, reduziu ele a pó. É impressionante a capacidade do padre Leonel Franca. Cined balde também atacou bastante. Ele tem bons ataques contra ele. Então, quando eu vejo o Kant, para mim, é aquele autor que é para ser combatido mesmo. Hum...
E você acha que ele é a expressão… eu vejo ele como a expressão da modernidade, mas sobretudo do Iluminismo, porque ele também tem aquele textinho dele: "O que é Iluminismo?" É um panfletinho, panfletinho fantasiado de filosófico, entendeu? Os textos filosóficos… tá, tá, tá. Bom, são filosóficos, é uma filosofia ruim, mas ainda há ali, né? Mas "O que é Iluminismo?" é um panfleto, praticamente dizendo… ah... eh... não. Com você, é você. É autossuficiente se você for racional, vai firme e não peça ajuda. Não estenda a mão para Deus, porque isso não é importante. A impressão que
eu tenho é essa, entende? Você acha que ele dá para a gente ver como um ícone do que foi a Revolução Francesa? Sim e não. Primeiro porque ele é um autor, embora do erro, muito mais profundo que os outros. Ninguém estudou com o Wolf, né? O Wolf não tinha como. Então, é um autor muito mais profundo. E você vê que Voltaire se intitulava o filósofo e tal. Barro fica muito diferente. Tem até alguns estudiosos, agora me fugiu o nome de quem, que coloca Kant à parte da turma por causa do impacto diferente que ele teria
causado, e pelo modo como ele aborda as coisas, diferente desses outros iluministas, né? Então, em parte sim, em parte não, né? Depende do ângulo que a gente olhe, né? O ângulo da profundidade do que ele acrescentou, do impacto que ele gerou no mundo do direito. Ele está meio por fora. Agora, se você for ver, aqui, ele próprio, relacionado com essa turma, se dizia o Iluminista indiretamente e tal, então ele fazia parte da corrente iluminista. Aí depende muito do ângulo. Mas ele também... Você não acha que ele exprime bem o nominalismo típico da... Ah, bom, agora
você está falando na coisa filosófica. Acho que ele tem um traço gnóstico, né? Por exemplo, de não compreender a realidade. Então, o homem só compreende os fenômenos, né? Daí que ele vai influenciar toda a turma da fenomenologia, né? Então, aí você só compreende os fenômenos, você não consegue compreender a realidade em si mesmo. Olha, isso é o que a gnose sempre defendeu: que tem um mundo oculto que a gente não tem acesso e que a gente só consegue compreender a aparência. Só mudou a frase, só mudou, em vez de usar uma palavra A, ele usou
uma palavra B, né? Então, eu vejo nessa base do pensamento do Kant o que a gnose sempre defendeu há mil séculos atrás, de ter essa dualidade, uma realidade oculta que ele deu um nome diferente, que os gnósticos deram, ou menos, e a realidade aparente que ele deu o nome de fenômenos, né? Então, claramente é gnose. Quem estuda gnose fala: "Esse homem aqui está defendendo a tese clássica da gnose." Marcelo, sabe o que eu achei engraçado? É que uma das questões de prova que eu já fiz para meus alunos foi justamente o seguinte: "Explique como o
gnosticismo se manifesta em três filósofos." Eu acho que, na época, eu pedi o Descartes e o Espinoza. Eu não lembro se eu pedi o Kant, mas agora que você me falou, eu tenho que começar a pedir o Kant nessa minha perguntinha do último bimestre. É o Kant que vai encaixar bem, viu? Vai encaixar perfeitamente. Como é que eu... Olha, só que o Kant tem tanta coisa para falar, né? Mas essa eu gostei. Eu gostei. Bom, Marcelo, queria te agradecer muito, né? Agradecer também por você agora ter esse trabalho de editor, né? Porque você tem uma
vasta erudição. Você é importante. Seu trabalho de curadoria é fundamental para que as pessoas ampliem suas perspectivas a respeito dos assuntos mais importantes. Tá aqui, pessoal! Esse é o combo, tá? Não tem muito, né? Está vendendo rápido esse negócio, né? Quantos combos a gente tem ainda? Daqui a pouco acaba. Está acabando rápido, tá, pessoal? Mas a gente não está falando isso para aquele negócio de "ai, marketing de emergência." Não, não é isso mesmo. É porque, é o seguinte: isso aqui, você fez tiragem limitada. Como é que é? Fizemos tiragem limitada. Vamos reavaliar para tentar trazer
mais, mas por enquanto é o que tem. É esse, né? Tá, então é isso, pessoal. Porque é complicado, é um projeto editorial muito bem feito, muito legal assim. A letra, eu achei legal, o tamanho da fonte, né? E amo esse do Mornet. É um livro que todo mundo, algum dia na vida, vai ter que ler, tá? Ele é muito importante. Vocês que gostam dos meus vídeos vão adorar. Porque isso aqui é um livro de história das ideias, né? História das ideias é o campo que eu mais adoro. É o que mais me influenciou. E vocês
gostam do tipo de vídeo que eu faço: isso aqui é 500.000 vezes melhor. Fiquem tranquilos, mas aqui vocês vão gostar desse estilo porque ele tem uma capacidade de articular os cenários concretos e espirituais diante de vocês, tá? Isso que os historiadores das ideias fazem. Então, são muito legais. Como está na descrição, queria recomendar muito também a plataforma de cursos do professor Marcelo Andrade. Até o João Aigen, que é colunista da Esmeril. Eu adoro o João, sou muito fã dele, acho ele fantástico. Ele é um dos professores da plataforma. Mas os cursos do professor Marcelo Andrade
de história podem ajudar você, professor de história, a se tornar um professor melhor, tá? O trabalho que ele faz é um trabalho de formação de professores. Também não é só para o público em geral, é um trabalho de formação de professores, né? Marcelo, eu acho assim: professor de história meio deficiente, claro. Mas podem aproveitar, né? Eu agradeço muito seu convite e dou parabéns pelo seu conteúdo também. Aquelas suas aulas que você fez sobre iluminismo, inclusive uma pessoa te entrevistando é meio chará, né, Marcelo? Você fez uma conversa assim, mais ou menos como nós estamos tendo
agora. Gostei muito do conteúdo que você... Fala sobre Iluminismo. Você está de parabéns! Também gostei muito do conteúdo do Francis Bacon que você comentou. Muito bem do Nova Atlântida. É impressionante aquele trabalho dele! Esse é um trabalho que todo mundo deveria ler. Do Francis Bacon, muita coisa da modernidade está lá. Impressionante! Ele é o autor do projeto moderno, ele é o arquiteto do projeto moderno. Agora, Marcelo, eu vou traduzir um dos textos do Bacon que nunca foram traduzidos para o português. Ah, que é um texto que ele mistura — já tem aquele sabor milenarista que
a gente vai ver na revolta dos protestantes, lá dos puritanos. Todos têm aquele sabor e tem o projeto moderno desenhado, que é um dos primeiros que ele escreveu antes da Insta Magna, antes do Novo Órgano. E a gente só tem esse texto em latim. E aí, eu, quando estudei o Francis Bacon no mestrado, eu estava boa no latim, então eu li ele em latim. E ficou, né, que esse latim científico, graças a Deus, eu não esqueci! Mas você sabe que o meu maior aproveitamento de ter estudado o latim, por causa de um autor que escreve
nesse latim do século XVII, foi que hoje eu acompanho o São Tomás na Suma. E, quando a gente vê o São Tomás no latim, às vezes, é muito mais claro, porque a tradução da Loyola tem uns... Eu adoro, por causa do aparato crítico e por causa do texto latino, mas o São Tomás em latim é de uma clareza tão impecável que eu não me sinto culpada por não gostar de Heidegger. Quero que se saiba que gosto de filósofos claros. Mesmo! Não gosto de filósofos obscuros. Acho que o cara que tem caridade com o próximo vai
tentar ser o mais claro possível, e o Santo aí é um exemplo disso, né? Enfim, mas aí eu vou traduzir esse escrito, ele deve sair ano que vem, tá? É um trabalho que eu vou fazer nessas férias. E aí eu vou até te mandar quando sair, porque não tem... Obrigado, Arura, do projeto moderno. Mas é isso, pessoal! Sigam o professor Marcelo Andrade, que ainda não segue. Siga! Coloquei a página dele porque você vai ver tudo que ele faz ali, além do canal do YouTube e da rede Instagram. Sigam ali nas redes que vocês sempre vão
encontrar conteúdo bom, gente interessante e formação, tá? É um educador que nós temos! É isso, muito obrigada a todos que ficaram. Obrigado a todos aqui até agora. Tá bom, boa noite! Obrigada de novo, Marcelo!